Capítulo 65

10 0 0
                                    

— Está com fome? Preciso saber já que você não vai embora tão cedo.

Não respondi. Estava tão sem reação para aquele momento. Não queria voltar para Rischelf já que o planeta Terra é meu lar atual.

Balançou a cabeça para os lados e deu uma risadinha. Saiu da sala e fechou a porta de ferro, que parecera ter muitas trancas já que fez barulhos semelhantes a trancas. Eu acho que ele se esqueceu que só posso voar e me teletransportar, não quebrar, derreter ou desintegrar algo.

O comunicador não estava na minha orelha. Não o avistei em local algum dentro daquela sala. O sol ainda batia nos meus olhos, nem conseguia olhar para lados ou qualquer lugar.

Ele entrou na sala novamente. Por que voltou? Vá embora! Trouxe contigo um pano. Abriu minha boca a força das mãos, e colocou o pano por final amarrando no meu pescoço.

— Fique quieta, ok? Pai vai comprar um sanduíche pra você.

Vá e não volte.

E ele foi. Saiu da sala me deixando só, esticada presa na parede e "amordaçada". Até que eu estava com fome, e em ouvir a palavra "sanduíche" me deixou mais ainda. Mas do que adiantaria pensar na fome, se o maior problema era ter que voltar a força para Rischelf?

Será que ele não vai voltar mesmo? Se passaram minutos até demais, e eu não sabia o quanto por não olhar em um relógio ou contar.

Estava com a cabeça baixa tentando poupar minha visão daquele sol. Suor que parecia que tinha uma goteira em cima de mim.

Ouvi passos leves. Parecendo ter uma pessoa cautelosa dentro da fábrica. Se era humano ou igual a mim, ou ajudante de Zamalion não me importava. Minha cabeça dizia para ficar calada, mas meu coração sabia que poderia ser uma chance única. Por isso, com todo esforço e com as palavras presa a aquele pano, tentei gritar, dizer. Mas saíram abafadas, que com certeza quem estivesse atrás daquela porta não escutou.

Estava cansada. O sono do cansaço chegou, e forte. Implorei por socorro nos meus pensamentos: Por favor, me ajudem! Estou rodeada de Saizol, não consigo sair daqui. Eu imploro para quem esteja atrás dessa porta! Minha mente era fechada, pedindo ajuda pra eu mesma. Gritei abafado novamente. Consegui ver um facho de luz vermelho no chão passando por baixo da porta, mas sem continuação a seu caminho para dentro da sala. Um laser de uma arma? Pedi "socorro" pela última vez já cansada demais. Não aguentei, acabei dormindo.

Não sabia por quanto tempo tinha dormido. Mas fui acordada com um barulho de chutes na porta. Um barulho tão alto, que mesmo sendo repetido pequenas vezes me causou uma dor de cabeça. Abri os olhos devagar e olhei para a porta. Um último barulho alto demais, foi da porta caindo no chão próximo a mim. O que pude ver foi poeira tomando conta do local por segundos, e logo revelando os lasers, mas com homens junto a eles. Apontaram para meu rosto, abaixei a cabeça e fechei um dos olhos.

— Vítima encontrada. Repito: vítima encontrada. Dayana Jokley, agente Only estava presa a uma sala.

— Licença. - A voz do Garry junto a empurrões entre os homens que me encontraram. Ele entrou na sala e correu até mim. — Meu Deus!

Tentou quebrar o que segurava meus braços, mas nem sua força de treinos diários ajudou. Os homens, na porta vigiando para ver se Zamalion não voltava.

Garry tirou o pano da minha boca. E toda suada, até com suor escorrendo a baixo dos olhos dando impressão de serem lágrimas, falei:

— Ele quer me levar pra Rischelf. - Minha respiração acelerada. — Ele vai voltar.

IDENTIDADE ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora