Epílogo

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  Seu corpo parou de mexer, eu não sentia mais as batidas de seu coração. Seus olhos, fechados, como uma vez que lhe vi dormindo no campo aberto. Você não está apenas dormindo agora.

 As palmas cessaram, um minuto de silêncio a seu respeito. Nos salvou, uma agente ótima e capacitada de cumprir todas as missões, até a última, que realmente fora a última coisa em sua vida.

 Vimos retirarem seu corpo, com cuidado. Todos da cidade ficaram gratos com suas ações, e agora, você era famosa. A mídia falava apenas de você, da Dayana ser a Only, da Only ser a Dayana. A filha carismática dos cientistas Jokley. Bem, eu segurava as lágrimas por mais difícil que estava. Michelle e Ruan informaram a todos na área 51, mas os jornais de diversas emissoras já haviam feito. Seguimos tristes, como qualquer perda de um agente. Mas você fora alguém tão extraordinária a ponto de nos fazer uma falta maior.

 Chegamos a área 51, todos sentidos e com poucas palavras, as necessárias. A área 51 estava quieta, apenas com ruídos, mas sem falas. Não sei se o motivo é o luto ou a falta das conversas e altas gargalhadas da Only. Segui e abri a porta até meu quarto. Me joguei na cama e notei que a frase, a maldita frase que eu havia dito que temos que lidar com a perda de alguém, me fez sentir um hipócrita. Tudo que eu queria era chorar, gritar. Perdi minha família (separação) e uma grande amiga em tão pouco tempo. Descanse, Dayana. Saia da minha cabeça! Saia! 

*Grito*

***

Um ano depois
Área 51 - Garry

— Bom dia! Aonde vai? - Indagou Cleide, nova na área 51. Muitos funcionários foram substituídos ou saíram.

— Hoje completa um ano das piores perdas... - Garry pegou seu casaco de veludo e suas luvas, se preparando para sair e encarar um frio de – 2° graus Celsius.

— Sinto muito. Não cheguei a conhecê-lá, parece que perdi a chance de fazer amizade com uma grande pessoa.

— Pelo menos se livrou de uma grande dor. Mas sim, é verdade.

Cerrei os lábios e a olhei, dizendo um "tchau" com a expressão. Fui até a garagem e me acomodei no banco de um Duster, dando a partida e seguindo a trilha que jamais pensei que seguiria para visitar a essa pessoa. Liguei o rádio e coloquei em uma estação de música clássica.

Estacionei. Descer do carro era tão difícil, por conta do frio, do local que estava. Ah, minhas pernas congelavam. Apanhei o buquê de rosas.

Segui no caminho de paralelepípedos, a lápide já podia ser vista. Quantas flores, talvez fossem dos civis que a agradeciam imensamente por tudo, até hoje, um ano depois. A lápide era especial, com um corpo esculpido de pedra junto a uma capa nas costas, com a mão erguida ao céu. Mário faz questão de visitá-la duas vezes por mês. Ele realmente a considerava uma filha.

Me ajoelhei, coloquei o buquê sob os diversos outros buquês.

— Sei que você prefere Tulipas, mas essas rosas estão tão lindas. E resolvi diferenciar. Sabe, não cheguei a pensar em flores para lhe presentear de aniversário, apesar que dissera que nunca ganhou uma florzinha se quer retirada do chão. E eu, não fiz essa pequena bondade que certamente te faria feliz. - Olhei em volta e avistei apenas neblina, algumas flores estavam duras de gelo. — Hoje está frio, não está? Gosto muito de você pra mim sair nesse frio... - Olhei para cima e não acreditei que começaria a chorar.

Meu celular vibrou no bolso esquerdo do casaco. O peguei e olhei, uma mensagem de Cleide avisando que precisava da minha estrutura para ordens de invasão. Sorri de lado entristecido.

— Preciso ir... Até, Only.

Me levantei, virei de costas e rodei o pescoço, tendo bem pouca visão das flores. Lembrando mais uma vez que neste dia, completara um ano, sussurrei:

— Sinto sua falta.

IDENTIDADE ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora