Capítulo 52

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Só conseguia ouvir bem as vozes e o barulho. Se eu olhasse para as pessoas, seria capaz de ver um cavalo flutuando de tão fora do normal que minha cabeça estava.

Mas apesar de tudo. Apesar da minha barriga estar implorando para eu não beber mais, fui teimosa e continuei. Pedi mais uma dose, sabendo que já estava mal o suficiente. E mais uma coisa: sem dinheiro.

— Tem certeza que deseja mais uma dose?

Tentando conversar com o verdadeiro entre três barman que eu enxergava. Com a minha voz saindo pesada, como se ralasse pela garganta pra sair. Mas foi.

— Se eu - minha cabeça pesou, — pedi pra dar mais uma dose, eu quero mais uma! Você chama isso de bebida forte? - falei rindo, sabendo que a bebida era fortíssima mas tentando ser mais forte que a bebida. — Eu nem tô louca! Ah, isso vai me dar uma dor de... - Coloquei a cabeça no balcão.

Senti alguém cutucando as minhas costas. Quando olhei, Garry estava lá. Sentado na banqueta ao lado me encarando com uma cara “feia”, de “não acredito.”

Minha dose chegou. Quando ia pegar, as mãos de Garry seguraram a minha como uma barreira. Sacudi até ele solta-la e peguei o copo. Levei para mais perto de mim, protegendo de qualquer um tentar pegá-la.

— Dayana, eu não acredito.

— Você, fica quieto. - Virei o copo. — Mais uma garçom. - Comecei a rir sem motivo.

— Você está mal. Não vai beber mais nada! - Balançou os dedos para o garçom, — não traga mais nada além da conta!

— Se eu não vou beber, eu vou é embora. - Me levantei segurando no balcão. Minhas pernas ficaram fracas, ou eu me senti como se não tivesse e quase caí no chão. Quase porque Garry me segurou pelos braços. — Me solta! - Me fez sentar na banqueta de novo.

— Dayana, preste atenção. Você não está bem.

— Eu tô, eu tô Only. EU TÔ BEM! - Gritei.

A conta chegou. Garry arregalou os olhos ao ver o preço e me olhou como “vou descontar do seu salário”. Pagou e me segurou pelo braço. Fomos pra fora.

— Eu já disse pra me soltar! - Bati os braço na cintura e logo apoiando no carro.

— Você não devia ter bebido. Eu sei que brigamos, mas isso não é a melhor forma de esquecer algo ou desabafar.

Entendi poucas palavras. Mas mesmo assim, dei risada e me aproximei dele. Levei meu dedo até seu pescoço, e fiz ele subir, subir, até seu nariz. Ele estava sério. Mas deu risada quando apertei seu nariz.

— Pare com isso! Agora é sério, vamos embora.

O olhei como um cachorro olha o dono com o rosto torto, atenta. Meus sentidos se desligaram. Fui até seu rosto e o beijei. MEU DEUS! O QUE... Ah não. Me afastei na hora dando passos pra trás.

— Des-desculpa, desculpa! Eu, eu perdi a no-noção.

Ele não respondeu. Apenas abriu o carro e entrou. E eu também. Na maior dificuldade para não cair, me apoiando no carro, fui até a porta do banco passageiro e entrei. Coloquei o cinto, abri a janela e nem o olhei. Estava tão constrangida por isso. Estava com raiva do que minha “consciência” me fez passar.

Isso foi novo pra mim. Mas não queria pensar nisso, arg. Agora, só me restava voltar pra área 51 e tentar dormir, com a consequência que irei passar por beber tanto.

IDENTIDADE ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora