Sem nenhuma palavra
Pare e olhe. O que disse da última vez? Não consigo te escutar. Sinto paredes no lugar.
Meus olhos encobertos de poeira se perdem no nevoeiro trazendo a mim a incerteza do seu olhar.
Meu ouvido perdido em um zumbido como ondas do mar se quebrando uma nas outras parecendo gritos ecoando.
Estou perdida. Meus sentidos me abandonaram. Estou sem medo.
Minha boca seca almejando por algo que lhe falta, estou sem palavras.
Preciso sentir meus pés no chão, mas parece que estou voando. Meu coração tão pouco aquecido agora bate como um beija-flor esperando um sopro de vida.
Minhas esperanças são tudo que resta, sinto lágrimas imaginárias lavando a poeira para fora do meu corpo.
Meus dedos flutuam sem gravidade, minha mente viaja sem destino, meu corpo me leva ao desconhecido.
Braços se moldando a realidade. Estou voltando. Volto de onde parei, estou em frente ao mundo que deixei.
Eu percebo todo o sofrimento. Vejo todas as mentiras. Procuro inúmeras desculpas.
Encontro-me em frente a um espelho, olhando meu reflexo entendo quem sou, o que fiz, as marcas que deixei, o futuro que terei.
Mas no final fico sem nenhuma palavra.
Mais um textinho pequeno e antigo, 2014
Espero que tenham gostado (e não só desse capítulo, mas como todos os outros, obrigada!)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas de um eu lírico (Palavras de uma Poetisa)
PoetryCrônicas e pequenos textos líricos. Para os amantes das palavras e das poesias. Espero que gostem