[2] O DILEMA DOS ATRASOS CONSTANTES

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EMPODERAMENTO:

"É o poder que você descobre em si quando começa uma luta, seja ela qual for, contra uma maioria opressora. Empoderar-se é tomar consciência da sua opressão e perceber que você não precisa baixar a cabeça para ela (nem para ninguém)".

 Empoderar-se é tomar consciência da sua opressão e perceber que você não precisa baixar a cabeça para ela (nem para ninguém)"

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Eu sempre me considerei uma princesa, conhecia todas as falas dos filmes da Disney e sonhava com o meu "para sempre". Talvez isso fosse fruto da minha criação já que meus pais tiveram apenas eu e meu irmão, sempre enfatizando os estereótipos de gênero em nós. Talvez seja um eco do meu nome, ou até mesmo do meu signo, sempre estar idealizando um amor assim, como nos contos de fada, achando tão lindo e romântico.

Fico pensando nisso enquanto retoco meu batom vermelho na frente do grande espelho de corpo inteiro do meu quarto. E percebo como o local pode comprovar o meu amor pela realeza, parecia ser cenário de filme, uma parte de um palácio, com direito a lustre de cristal e uma cama em ferro rose in golden.

É o meu reino.

Termino de passar o batom e abro um sorriso, virando de lado para apreciar o meu look, um vestido com estilo ciganinha, mostrando meus ombros, com estampa floral no tom azul escuro. Sigo para a sapateira e mordo meu lábio, tentando decidir qual sapato usar e que combinasse com minha roupa. Opto por um saltinho preto, bem clássico. E me sento na poltrona, os calçando e pensando que eu podia ser Cinderela, sonhando que um príncipe os colocava em meus pés.

Mas eu era a Bela.

Levanto-me e olho novamente no espelho, meu cabelo castanho avermelhado está solto, chegando ao meio das minhas costas, um véu liso. Analiso minha imagem, não sou como as princesas de contos de fadas - elas são sempre magras de rosto fino. Meu corpo tem formas grandes e curvilíneas. Mas isso não significa que não gostava da imagem refletida no espelho. Aprendi a gostar. Nosso corpo é um abrigo, uma casa, viver nele o odiando só nos prejudica.

Já não subia em uma balança há anos. Para que eu iria fazer isso? Os números ali só servem para assustar quem os vê e fazer com que as mentes fiquem neuróticas. Nossa beleza não pode ser medida ou pesada. Apenas apreciada.

Mas se teve algo que eu ouvi muito desde pequena, foram comentários negativos sobre isso.

Feche a boca.

Faça exercícios.

Entre nesse tamanho 36.

Mainha gosta muito de repetir estes e outros, mas o mais clássico comentário dito por ela é:

Seu rosto é tão lindo, Bella, se você emagrecesse...

Meus ouvidos sangravam toda vez que ouvia isso.

Sou gorda sim e estava cada vez mais me amando por isso. Tenho curvas, tenho dobras, tenho peso. Mas já não me forçava mais a caber nos padrões impostos por essa sociedade extremamente machista. Não me encaixo na forma que ditam como perfeita, mas aprendi que ninguém consegue caber nela. São medidas inalcançáveis e que custam muito alto.

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