[9] O DILEMA DOS PRIMEIROS ENCONTROS

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Micromachismo:

 Mostra a violência na vida cotidiana, tão sutil que pode passar despercebida, refletindo e perpetuando atitudes machistas. Como, por exemplo, quando dizem que uma mulher não pode transar no primeiro encontro, ou quando o garçom coloca a bebida mais forte (ou a comida maior) na frente do homem e, ainda, a ideia de que a conta tem que ser sempre paga pelo homem.

 Como, por exemplo, quando dizem que uma mulher não pode transar no primeiro encontro, ou quando o garçom coloca a bebida mais forte (ou a comida maior) na frente do homem e, ainda, a ideia de que a conta tem que ser sempre paga pelo homem

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O bar que Bruno marca de me encontrar é tão longe e estranho que, por um momento, eu tenho vontade de voltar para casa. Mas então lembro que não sou do tipo que se assusta com facilidade, e é melhor um bar desses, com copos sujos e cerveja barata gelada, do que um bar chique do bairro caro da cidade.

Ele já está sentado na mesa, com uma camisa polo e sapatênis, o que me faz franzir o cenho antes de atravessar a rua e encontrá-lo. Mas, antes que eu decida, ele me vê e aí já é tarde demais para fazer a egípcia, dar o cano e me refugiar na minha Netflix, vendo Lúcifer que, pelo menos, sabe se vestir além de camisas com cavalos de emblema.

— Ei. – Ele dá um meio sorriso, que faz seus olhos diminuírem ainda mais. Bruno está com os cabelos compridos soltos hoje, nada de coque samurai, o que o faz ficar ainda mais bonito. Ele já está com uma garrafa de cerveja sobre a mesa. – Espero que não se importe por eu ter pedido.

— Sem problema. – Sorrio, e ele me dá um beijo no rosto.

Ele tem cheiro de menta com loção de barbear. É um cheiro agradável, que também emana do hálito dele. Seus olhos estão quase escuros, com a pouca iluminação, e isso o faz ficar ainda mais branco do que já é.

— Eu vou te falar uma coisa... – Ele se inclina na mesa para colocar cerveja no meu copo. – Estava esperando a chance que poderia ter para te chamar para sair. Mas a gente nunca se encontra nos rolês que vou.

— Eu não me lembro de você.

Ele me dá um sorriso e eu bebo um gole longo de cerveja. Está uma temperatura agradável em Ponte Belo hoje. O vento, também, não está tão forte, embora esteja numa velocidade suficiente para bagunçar o cabelo. O prendo num coque um pouco armado e Bruno e eu ficamos naqueles minutos constrangedores quando você sai a primeira vez com alguém, em que você não sabe bem o que falar e está cedo demais para chamar o outro pra sua cama.

— Você já veio nesse bar?

— Na verdade, estava pensando que era uma cilada você me chamar para um bar tão longe. – Dou de ombros. – O típico maluco-psicopata-pronto-para-matar-a-feminazi.

Ele ri, daquele jeito que parece que o som fica preso na garganta, a meio caminho de sair. Seus olhos se fecham, formando ruguinhas em volta, e a sua pele fica mais rosada do que o normal.

— E mesmo assim você veio? Não sei se aplaudo sua coragem ou se te acho idiota.

— É o que costumo dizer a mim mesma todos os dias. – Bebo minha cerveja.

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