Kartini e Isabella são mulheres bem diferentes.
Se Kartini era negra, militante e feminista ativista, Isabella era uma princesinha, sonhando com seu conto de fadas e vivendo um amor com um verdadeiro príncipe encantado. Kartini gostava de Marx, rap...
O termo Gordofobia significa "aversão a pessoas gordas". Nada mais é do que um tipo de preconceito. É difícil compreender porque uma característica física pode virar alvo de repugnância por parte de algumas pessoas, entretanto, o termo gordofobia nunca esteve tão presente na sociedade brasileira como nos últimos anos.
Nota das autoras: o capítulo pode trazer gatilhos psicológicos sobre bulimia, depressão e suicídio.
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Eu devo estar sonhando.
Definitivamente isso tudo é um pesadelo.
Mas Pedro xingando e puxando os cabelos na minha frente, e a dor na minha cabeça, me fazem perceber que por mais horrível que seja essa é a realidade.
— Precisamos ir ao hospital – Jullie fala ao meu lado.
— Não, precisamos ir à delegacia, elas foram presas por minha culpa – respondo. – Pedro, você pode nos dar uma carona?
— É melhor você seguir o conselho da sua amiga e ir pro hospital, vou tentar tirar as meninas da prisão.
— Você sabe muito bem que o meu pai é sócio do Olavo nas empresas de advocacia, Pedro. São eles que tiram seu pai do emaranhado de problemas e pelo que sei, o Olavo não está na cidade, então só nos resta meu pai, se tem alguém que pode tirar as meninas dessa confusão é ele.
Ele me encara e puxa o cabelo avermelhado mais uma vez, provavelmente até o fim do dia estará careca.
— Tudo bem – ele sussurra.
— Bella, pelo amor de Deus, vamos para o hospital, você liga para o seu pai de lá...
— Jullie, para! Eu estou bem, devo ter tido uma queda de pressão, só isso.
— Você está fazendo tudo de novo, Isabella, se não parar agora vai acabar no hospital da pior forma possível.
— CHEGA! – grito. – É melhor você ir para sua casa, depois conversamos.
Vou até Pedro e o puxo, sem olhar para trás. Não conseguiria lidar com a Jullie no momento, mesmo sabendo que ela está certa. Entramos no carro e o caminho é percorrido de forma silenciosa, fecho os olhos e a imagem de Henrique beijando Kartini volta na minha mente. O que mais dói era ter visto a forma carinhosa que ele havia feito aquilo, sem vergonha ou culpa, como se quisesse mostrar a todos que aquela garota era dele.
Quantas vezes ele tinha feito isso comigo?
Nossas saídas eram sempre solitárias, nunca havíamos ido à praça.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas as enxugo rápido, já que o carro havia parado em frente a delegacia. Pego meu celular na bolsa e disco o número do meu pai, ele atende no segundo toque.