RELAÇÕES RACIAIS
Questões enraizadas na vida social de indivíduos, grupos e classes sociais. As desigualdades sociais frequentemente se manifestam nos estereótipos e nas intolerâncias, polarizadas em torno de etnias, assim outras diversidades sociais como as de gênero e religiosas, por exemplo, muitas vezes de maneira concomitante.
Quando eu era criança, matemática foi o terror da minha vida. Eu entendia as fórmulas quando a professora explicava, mas era só ficar sozinha, com os exercícios, que meu cérebro virava geleia e eu me esquecia até o jeito certo de segurar o lápis. Meu cérebro estava uma geleia naquele instante, embora não estivesse diante de um exercício de matemática. Eu tentava compreender o que acontecia na minha frente, com Bruno (Henrique?) meio desesperado, Isabella desmaiada no meio da praça, Vênus tentando animá-la (se é que pode-se chamar os tapas na cara da coitada como tentativa de animação), a amiga da Isabella socando Henrique (Bruno?) e Pedro com a testa franzida e parecendo mais confuso do que eu. O que não é um parâmetro difícil de ser batido.
— Eu vou matar você, Henrique! Juro que vou! – a garota dizia em tom histérico.
Eu me agacho ao lado de Vênus, decidindo que a coisa mais importante daquele momento é fazer Isabella voltar à consciência. Um pequeno grupo se formava a nossa volta, mas, embora os minutos passassem, nada parecia tirar a garota do torpor em que ela estava. Estico o vestido dela para baixo, percebendo que a queda mostrou mais do que a dignidade merecia, e tento ser útil.
Mesmo com um cérebro de geleia.
— Ei, Bella, você num tá esperando que eu te beije pra tu acordar, né, criatura? – Vênus reclama, quando a garota parece resmungar e abrir os olhos por um mísero segundo, antes de fechar de novo. – Meu namorado tá aqui do lado. Ele não quer ver uma cena dessa.
— Como você consegue fazer piada? – resmungo, ajudando Isabella a se sentar.
— O que mais você quer que eu faça?
Isabella resmunga de novo quando percebe que sou eu quen tento ampará-la, me afastando.
— Me deixa. Eu estou ótima.
— Claro, se ótima no seu dicionário significar "atropelada por um caminhão", talvez eu possa concordar.
— E o que isso te importa, garota? Você estava beijando meu namorado. Você me odeia. Já não fez o suficiente?
Pisco atordoada, as partes do meu cérebro se reunindo lentamente outra vez. A amiga de Isabella me afasta e ocupa meu lugar. Pedro parece ter decidido que o melhor a ser feito era tirar Bruno Henrique (!!!!) da praça, enquanto tenta dispersar os curiosos.
Era uma coisa boa ele tirar o garoto dali, quando meu cérebro voltasse ao estado normal sólido, provavelmente, eu partiria para agressão.
— Pronto, pessoal, pareceu um terremoto, mas era só uma gorda caindo – um engraçadinho resolveu fazer uma piada ao meu lado.
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Despadronizadas
ChickLitKartini e Isabella são mulheres bem diferentes. Se Kartini era negra, militante e feminista ativista, Isabella era uma princesinha, sonhando com seu conto de fadas e vivendo um amor com um verdadeiro príncipe encantado. Kartini gostava de Marx, rap...