Kartini e Isabella são mulheres bem diferentes.
Se Kartini era negra, militante e feminista ativista, Isabella era uma princesinha, sonhando com seu conto de fadas e vivendo um amor com um verdadeiro príncipe encantado. Kartini gostava de Marx, rap...
Sexismo: atitude de discriminação fundamentada no sexo. O sexismo também age ao se estipular um comportamento padrão esperado para homens e mulheres. É igualmente sexismo quando se representa um homem sempre perto de máquinas pesadas, que goste de carros, que tenha modos rudes, e etc. O mesmo comportamento quando tem os gêneros invertidos também gera estranhamento.
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Quando um dia começa ruim, é certeza de que vai terminar com você dançando para um demônio enquanto é queimada por tortura de prazer, que não tem a ver com seu próprio prazer. Esse é o resumo das coisas que aconteceram comigo até agora. E, considerando que ainda falta muitas horas para o fim do dia, a tendência não me parece nada boa.
Chuto a porta da sala do C.A., dando um murro logo depois. Ela geme, porque é uma sala velha que, mesmo decorada, parece que vai desabar a qualquer momento – o que traduz bastante como todos lidam e dão importância para um coletivo de estudante com um lado social mais forte.
— Kartini! – Vênus grita.
— Agora não – digo, me jogando no sofá esburacado (e duro) do canto da sala.
— Só não destrua a sala, tudo bem? – Ela arqueia a sobrancelha para mim.
Bufo, porque essa é a única coisa a ser feita, e fecho os olhos. Aos poucos, os outros membros da chapa chegam, que fica pequena e sufocante demais para cinco pessoas. Vênus continua na porta, mas Nívea (a garota que propôs, idiotamente, um abaixo-assinado para resolver um problema que não podemos resolver) se joga ao meu lado, me forçando a tirar as pernas de cima do sofá. Continuo deitada.
Toda reunião com o resto do curso termina do mesmo jeito. As pessoas não conseguem compreender até que ponto um Centro Acadêmico pode agir – e no fato de que não temos a menor jurisdição com qualquer coisa que é terceirizada dentro da faculdade. Nem a própria faculdade tem, pelo amor de todas as deusas! Então, porque metade da chapa é covarde e não sabe dizer "não" para qualquer reivindicação sem sentido, alguma maluca propõe um abaixo-assinado que não vai dar em nada.
Desde quando revoluções são feitas com um pedaço de papel, para começo de conversa?
— A gente não tinha escolha – Nívea começa e eu bufo outra vez.
— Eles só precisam achar que a gente está fazendo alguma coisa, Kartini, isso não é crime.
Eu respiro fundo e me sento, encarando Sam, o único XY da nossa diretoria. É por isso que não sou a maior fã de homens, penso, não importa a orientação deles ou o que eles tentam fazer para desconstruir, o Y é um marco eterno de estupidez. Samuel é o maior exemplar disso.
— Sabe que é por isso que o Brasil tá desse jeito? Porque a gente tem essa mania idiota de achar que um político precisa apenas mostrar que está fazendo alguma coisa, independente do meio que ele usa para fazer a porcaria. – Crispo os lábios, sem conseguir me controlar. – Rouba, mas faz. Não é?
