Seu Sorriso

Capítulo IX

- Deve sim! Sou Felipe Moura presidente dessa empresa. Não tivemos a chance de sermos apresentados.

Ele estende sua grande mão para mim e fico a encarando por um minuto inteiro. Merda, merda! Engulo seco. Vou ser demitida! Me imagino num canal de youtube dando dicas para donas de casa para economizar no supermercado, ou usar a física ao seu favor na hora de fever uma água mais rápido para economizar gás. Todo escritório para nos observar até a mosca que estava sobrevoando a sala.
- Não vai apertar minha mão? Senhor Felipe me pergunta e ergue uma de suas sobrancelhas.
- Eu... hum... errr...- Aperto fracamente sua mão grossa, firme e sinto alguns calos.
- Eu sinto muito eu não... quer dizer.... sin...me desculp... eu não sabia que o senhor...
- Para de tentar se desculpar, eu já esqueci. Dei um jeito na minha lavei cara de ressaca. O que falar comigo?
- Bem.. eu gosta... gostaria de... de... de...
- Você tem gagueira?
- Não... eu não...
Me encho de coragem e digo.
- Gostaria ir até sua sala para eu lhe apresentar os setores da empresa.
- Precisa ser agora?Primeiro vou beber o meu café com conhaque que me negaram. Daqui a meia hora você passa em minha sala para fazermos o tour. Ele fala com tanta ironia que tenho vontade de manda-lo ir pastar.
- Tenho uma sugestão. -Ele se inclina um pouco e posso sentir o seu perfume.
-Pode falar.
- Já que estamos no ramo de econômia podia me contar o quanto economiza na conta de luz, já que não passa as suas camisas... Ele fica ereto novamente.
- Onde posso encontraum ferro de passar?
- Na copa com a dona Maria.
- Certo. Nos vemos daqui 20 minutos.
Ele passa por mim e saio praticamente voando para o banheiro coloco as pastas na pia mesmo. Não me importo. Jogo um pouco de água no rosto, olho o meu reflexo no espelho estou pálida. A porta abre, é Megan tem um sorriso debochado no rosto, ela se põe em frente ao espelho ao meu lado com um gloss vermelho quenga na mão e começa a passar na sua boca com botox. ( Ela jura de pé junto que é natural, mas me lembro que não é , tenho uma foto de nós duas juntas quando entramos na empresa, seu lábio era apenas um traço fino, mas tenho que admitir que ficou bem natural)
- Não sabe quem o novo presidente da empresa, queridinha? Só tem dois neurônios.
- Eu pelo menos tenho dois neurônios! E você que não tem nenhum? Foram fritos nesse teu cabelo oleoso! Abro um falso sorriso.Ela para de passar o batom e me encara muito ofendida.
- Sebosa! Nem sei porque se ofendeu, cabelo dela é um espelho.
Saio do banheiro. Me dirijo a sala do chefe.
Respiro fundo.
- Oi Carmen. Bom dia!
- Oi Isabella. Bom dia. Que gafe hein flor. Carmem é a secretária mais antiga da empresa é de confiança. Ela me lembra as antigas chacretes, olhando bem na sua juventude ela foi muito bonita. Rola um boato na firma que ela era amante do sr Ricardo. Esse babado eu deixo para outra hora.
- Que mico carmen! Nem fala estou mortificada. Justo o filho do patrão.
- Tecnicamente ele é o seu patrão.
-Como a senhora ficou sabendo!?
Fico espantada. O papelão que cometi foi há dez minutos atrás.
- Ah menina, foi pessoal da mídia da empresa. Conspira num tom de fofoca.
Suspiro desanimada.
-Pois é. Não nos damos bem de cara.Gostomais do senhor Renato.
- Olha minha flor, não desanima. Tenho uma revista de engenharia com uma mini biografia do senhor Felipe eu te empresto. E só para te adiantar, ele foi muito educado ao se reportar a mim, mas estava com cara de poucos amigos. Entrou na sala xingando uns nomes bem feios.
- Sério? Eu ficaria muito grata se me emprestasse a revista . Dou pulos de alegria internamente.
- Devo a senhora uma caixa de bombom.
- Meio armago?
- Meio amargo. Repito. -Pode ligar para o senhor Felipe dizer que estou aqui?
- Sim só instante. Ela faz uma rápida ligação.
- Pode entrar, Isabella. Boa sorte. Ela tem um olhar de piedade.
- Obrigada. Sussurro. Lanço um olhar suplicante de" por favor me salva." Sinto meu coração acelerar a medida que me aproximo da sala. Bato na porta e abro.

****
" Tasty" " sweet" " Delicious" " Divine!"
- Que chocolate maldito!
- Senhor Felipe!? Senhor Felipe!? Senhor Felipe!? Falo um pouco mais alto do que pretendia.
- Ahhhhh!!! Ele grita e quase cai da cadeira.
- O que deseja senhorita Isabela? Não sabe bater na porta?
- Eu bati. Não ouviu o toc toc?
- Não! Me fita com irritação.
- Foi o senhor que me autorizou a entrar.
Ele me observa como não se lembrasse.
- Claro. O que lhe trás aqui? Diz por fim.
- A nossa conversa, lembra?
- Sim, sobre minha blusa amassada?
- Não, mas vejo que resolveu o problema. Quero lhe apresentar a empresa. Ele vê a revista que tenho nas mãos.
- Está lendo a revista de fofocas?
Se aproxima e toma das minhas mãos a revista e a lê.
- Interessante, realmente você é uma Maria fofoqueira!Tentando saber mais sobre mim senhorita Isabela depois da gafe que cometeu? Essa mini biografia sobre mim é ótima. Conta todo meu trajeto até ano passado, se você quiser podemos marcar um horário a parte e posso te contar mais sobre mim particularmente.
Pego a revista de volta.
- Não quero obrigada. O senhor vai comigo ou não?
- Sim, sim, claro. Senta um pouquinho, enquanto termino a minha partida " Tasty"
- Não temos tempo pra isso. "Soda crush"
- Senta aí e fica quietinha. " Sweet"
Contrariada me sento na cadeira de couro marrom, cruzo as pernas e as balanço impaciente. Ele volta a sua atenção para a tela do computador. Durante cinco minutos fico ouvindo sons da troca dos doces e mais tastys e divines.
- Perdi!!está satisfeita?
- Tenho culpa? Pergunto indiferente.
- Tem sim senhora !Você me atrapalhou. Estou na fase 1302.
-Quer um prêmio ?
- O que disse?
- Podemos ir? Me corrijo.
- Vamos. Senhoritas primeiro. Abre a porta para eu passe na sua frente fazendo uma reverência exagerada.
- Obrigada.
- Carmem por favor anote os todos recados e diga que mais tarde eu retorno
- Sim senhor.
Aperto o elevador para os andares de baixo. A porta se abre.
- Damas primeiro.
- Vamos parar com a formalidade?
- Foi a senhorita que começou.
- Eu já pedi desculpas, tá legal?
- E eu já aceitei. Outra pessoa podia me mostrar a empresa.
- Seu pai pediu que eu lhe auxiliar em tudo. Explicar sobre economia e o funcionamento da firma.
- Claramente, para eu não fugir. Ele passa a mão nos cabelos nervoso. Não sabia que quando eu assumisse a empresa da família ganharia uma babá de brinde.
- Não Sou babá, senhor Felipe,sou Coo.
- Sei o que é um Coo, meu braço direito. Parece ser bem chato.
- Ser engenheiro civil parece ser mais. Ele abre a boca como se fosse responder.