Capítulo XVI

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- A tia Helena também, não é tia? - Felipe fala enquanto se levanta, com o rosto muito vermelho.

- Claro que não! Vou ficar com você meu amor até melhorar!

- Já estou melhor!

- Me ajuda a levantar? - diz manhosa.

Ele a segura pelo antebraço, abre a porta e põe para fora.

- Mande lembranças ao meu tio. Não precisa vim até a empresa para saber do meu pai, tia! Pode ligar para o celular dele quando lhe vontade. Tenha um bom dia. - fecha a porta com raiva.

Ele bufa e parece se esquecer mim. Continuo segurando o pen drive com a minha mão no peito, tentando absorver o que aconteceu aqui, ele passa a mão pelos cabelos desengranhodos, enche um copo com conhaque, nossos olhos se encontram, ele deixa a bebida na mesinha e vem até mim.

- Isabella, escuta... essa minha tia, que na verdade nem é minha tia, é mulher do meu, tio irmão do pai... Então essa desajustada me persegue.

Aparentemente ele me parece perturbado, e é claro que eu não acredito nele.

- Entendo, fui eu que a deixei entrar.

- Ah então foi você que deixou a louca entrar.

- Foi o que acabei de dizer... o senhor está melhor?

- Agora que ela já foi, sim. Nunca em hipótese nenhuma deixe que ela entre no meu escritório quando eu estiver, por favor.

Ele meio que implora.

- Está bem.Vou saindo.

-Esqueceu mais alguma coisa?

- Não. Tchau tenha um bom fim de noite.

Fecho a porta segurando o riso. Caramba ele não perdoa nem a tia.

- Oi querida, o Felipe já melhorou?- Helena me pergunta se levantando ficando em minha frente.

- Ah sim, está ótimo.

-Vou entrar para vê-lo

- Não! - grito, rapidamente me recomponho e coloco um tom de voz mais ameno. -quer dizer, a senhora acha que aquela calça caqui do Felipe combinou com a blusa azul social?
Ela me olha confusa, eu insisto com o olhar.

- Pra mim o Felipe é lindo com qualquer roupa, até pelado.

Que visão do inferno. -penso.

- Querida, me dê licença eu preciso conversar com o Lipinho.

- Vamos conversar mais um pouco, Helena... O que a senhora pensa da preservação da Mata Atlântica e das iguanas da Malaia?- cruzo meus braços como se fossemos melhores amigas.

- Existe iguana na Malaia? - ela me pergunta.

Um suor frio escorrer pelo meu rosto, a secretaria do Felipe me olha como quem diz." Não tinha coisa pior pra dizer não?"

-Minha querida, isso não me importa agora, eu quero ver o Felipe.

Felipe coloca a cabeça pra fora da porta, eu viro a mulher rapidamente para ela não a veja. Faço um sinal com os olhos para que volte para sala, ele fecha a porta de fininho.

- Olha Helena, eu preciso da sua opinião para minha pesquisa de biologia.

- Você não tem doutorado em economia? Qual o teu problema com a Mata Atlântica?

Ai meu Deus, qual desculpa eu invento agora?

- Bem... eu tenho um projeto filantrópico para salvar tartarugas do Congo e agreguei a Mata Atlântica com as iguanas... E.... bem... eu... eu...- pirragueio.

Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora