Capítulo XIII

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Entramos no mesmo elevador, o que me deixa com muita raiva. Por que ele não desce os 35 andares de escadas? Vai! Saí daqui! Ordeno telepaticamente. Xô! Ele se vira para o espelho ajeita cabelo. Cruzo os braços no peito. O silêncio está insuportável, trigésimo andar.
Vai elevadorzinho, desce mais rápido por favor! Vai! Só nesse trajeto a porta do elevador abriu umas 7 vezes em andares diferentes, 7 pessoas devem ter desistido de "pegar" o elevador. Sinto o olhar do Felipe em cima de mim olho de relance, ele desvia. Bundão! Xingo mentamente. Finalmente chegamos no estacionamento do prédio a porta se abre, foram os trinta e cinco andares mais silenciosos e demorados da minha vida!
-Damas primeiro.
É aí que me lembro que meu carro ainda está preso. Pobre Chapolin! Com a chave do carro nas mãos eu digo.
- Humm... eu esqueci meu casaco.
- Ele está pendurado no seu antebraço.- ele aponta como se eu fosse uma idiota.
-É verdade! -dou um sorriso sem graça.
Ele está segurando a porta do elevador pra mim, enquanto eu penso numa desculpa. E por que raios a eu estou revirando minha mente pra despistar O estagiário?
- vou buscar uns docinhos que deixei em cima da minha mesa. Ele solta a porta do elevador, ficamos nos olhando, a porta se fecha.

Aperto para o térreo, chego em frente a do prédio espelhado.
Aguardo pacientemente um táxi passar.
- Oi Wanderson!
Wanderson é guarda da ronda da empresa negro, alto, e os olhos cor de mel com sorriso branquinho, branquinho, super gente fina.
- Oi senhorita Isabella!
- Viu algum táxi por aí?
- Ainda não, vou chamar um para você!
- Oi Isabella!
- Oi Megan, se divertiu?
O caldo de piranha, ops, a Megan se coloca entre nós.
- Estava me divertindo até o Felipe ir falar com você e depois sumir.
- Estávamos conversando sobre trabalho.
- Trabalho... sei... todo mundo viu a discussão.
Um calor sobe para minhas bochechas.
- Por que você ficou vermelha de repente? Ela me pergunta.
- Está calor.
- Você é esquisita, está fazendo 11° de temperatura.Viu o Felipe por aí?
- Sim, já foi embora.
Graças aos céus! Acrescento mentalmente.
-Oi Megan! -os olhos do Wanderson brilham quando ele a comprimenta.
- Oi.-Ela diz secamente.
-Você está muito bonita, Megan.- Wanderson comenta.
- Ah obrigada. Já que o Felipe não está aqui eu vou embora.
- Quer uma carona? - Wanderson pergunta.
- Naquela sua charanga velha e horrenda? Nunca meu amor, prefiro morrer andando a pé! Tchau pra vocês.Ah Isabella, para de se meter no meu caminho. O Felipe é meu!
- Acho que você bebeu além da conta, está vendo coisas onde não tem.
Ela nos deixa, fazendo barulho com os saltos pela rua.
- O que ela quis dizer com: " O Felipe é meu."
- Deixa pra lá, Wanderson. Você realmente gosta dela não é?_ pergunto com carinho.
- Está cara não é?
-Seus olhos brilham quando a vê. - ele suspira alto.- Acho que vou além de gostar. Ela não se mistura com pobre.
-Ela deveria misturar com você. Sério, é um ótimo rapaz. Daqui um tempo ela enxerga. - ele me oferece um sorriso tristonho, sorrio de volta.
- Vou até a portaria, pedir um táxi para a senhoria. Tem medo de ficar aqui sozinha?
- Não pode ir, não tem perigo. Obrigada.
Um carro preto passa a toda velocidade próximo a calçada jogando água, me molhando toda.
Babaca! Xingo. O carro anda mais alguns metros, dá ré para na minha frente, abre a janela.
- Me desculpe.
- O senhor fez de propósito!- digo enquanto tiro uma mecha de cabelo molhada do meu rosto.
- Você está sugerindo que fiz por vontade?
- Não estou sugerindo, tenho certeza!
- Não fiz de propósito!Havia um buraco na calçada.
Me aproximo um pouco mais do carro.
- Vindo do senhor só posso ter sido de maldade. Como vou entrar no táxi assim? Ninguém vai querer me levar!
- Já disse que foi sem querer e pedi desculpas.
- Senhor Felipe, sei que fez por querer, pois está com ciúmes de mim com seu pai! _ pronto falei o que estava engasgado, tremo de leve com frio.
Ele solta uma gargalhada sarcástica.
- Ah me poupe né! Não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso! Já que estamos sendo sinceros um com o outro... Preciso confessar algo, você não passa de uma aprendiz de ninfeta querendo abocanhar uma parte da empresa, sua puxa saca! Quer dá o golpe do baú! Pede ao Wanderson para forrar um plástico de supermercado no banco do táxi, porque a carona que você ia ganhar já está se retirando, e as desculpas também. Boa noite! - Seus olhos saltam faíscas.
Ele arranca com o carro com raiva me molhando mais ainda.
- Idiota!!!
Faço uma banana com os braços para o carro que está longe em alta velocidade. Tomara que ganhe uma multa!
- Senhorita Isabella seu táxi chegou. Wanderson diz me olhando de forma estranha, procurando para quem eu havia feito aquele sinal.
-E aí Wanderson? Gosta de dançar Macarena?
Começo a fazer os passinhos clássicos da música cantarolando a canção.
-"...Dale a alegria em seu cuerpo, Macarena Hey ... Macarena!!" -alguém aperta a tecla sap, porque da minha boca só dá pra entender o Macarena.
-Com todo o respeito, senhorita Isabella, quer que eu chame alguém para te acompanhar até em casa?- ele me pergunta com cautela. Já entendi, ele pensa que estou bêbada.
- Eu não estou bêbada Wanderson.- ele abre a porta do táxi pra mim, entro no carro vejo ele trocando algumas palavras com o motorista; pego algumas no ar.
" Teve festa na empresa..."
" bebida" " Ela estava dançando Macarena sozinha na rua."
"Cuida dela." Ele troca Whatsapp. " Me liga se precisar."
Wanderson sempre
tão prestativo...mas prefiro que pense que sou louca, do que mais alguém ver meus desentendimentos com o coração de concreto.
-Se cuida, senhorita Isabella.
-Pode deixar! Obrigada pela preocupação Boa noite! E não estou bêbada!
Fecho a porta do carro.

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