Capítulo IV

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    Não consigo pensar. Toda nossa amizade passa como um filme em minha mente. Me levanto lentamente, parece uma eternidade. Olho para Jú que mantém os olhos arregalados e a boca num perfeito o :0 . Não digo nada apenas envolvo Carol com meus braços e aperto bem forte, ela chora em meu ombro como uma criança desprotegida, choro também. Sinto a sua dor, seu medo e angústia. Juliana sai do transe e vem nos abraçar também ,choramos as três. Todos no restaurante devem está olhando pra gente agora, três meninas abraçadas chorando aos soluços.Não me importo. Ficamos assim por muito tempo, quando finalmente nos soltamos, Henrique que estava olhando tudo de longe, chega mais perto abraça a Carol que tem os olhos vermelhos e inchados e chora mais quando ele a abraça com ternura. Ele se afasta e me beija suave nos lábios.

- Hoje eu não vou estudar, está bem?

- Fica com ela, te ligo mais tarde. - diz com meiguice e beija minha testa. Ele se despede das meninas, joga a mochila nas costas e paga nossa conta da comida intocada.

Decidimos ir até um café da cidade, não pela fome mas pelo conforto que lugar nos trás. Sei que gravidez na adolescência não é fim do mundo. A questão é o pai da criança e o relacionamento conturbado que eles vivem. Pegamos um táxi, nos sentamos no banco de trás do táxi as três, Carol vai no meio, deito minha cabeça em seu ombro.

- Me perdoa. Eu estava errada... -diz com uma voz chorosa.

- Xiiiiiuuuu. Você não precisa falar nada.

Não falamos mais nada durante o percusso. Dividimos silenciosamente o táxi. Entramos no café, sentamos numa mesinha de canto no fundo, onde não há ninguém por perto.

Ficamos em silêncio um bom tempo.

- Como você está? -Jú quebra o gelo.

- Com muito medo. O vestibular é para daqui dois meses, minha notas caíram e corro o risco de ficar reprovada devido as faltas. E estou grávida!

Aperto sua mão

- Quando você descobriu? Pergunto

- Há três meses. Depois da nossa briga.

- Quantos meses?

- Semana que vem faço cinco.

- Já sabe o sexo?

- Não, mas sinto que é um menino e vai se chamar Pedro, Jú.

- E ele como reagiu? Não precisei mencionar o nome do indivíduo.

-Não tão bem como esperava, só tive coragem de contar há duas semanas atrás. Contei pros meus pais, eles vão me apoiar. -Ela desvia o olhar. Eu e Juliana nos entreolhamos rapidamente. Percebo um leve arroxeado antigo em seu antebraço. Ela não precisa dizer mais nada, liguei todos os fatos, há duas semanas atrás foi quando a Carol voltou pra casa dos pais pedindo perdão. Pedro deve ter a sacaneado outra vez.

- Meninas, quero pedir perdão a vocês por ter sido uma vaca egoísta. Não mereciam aquilo. Não escutei vocês, estavam me protegendo e não percebi e agora estou esperando uma criança. Minha vida vai atrasar e vou virar uma vaca gorda. Como eu vou cuidar de uma criança, sendo que sou outra. -diz em meio as lágrimas.

- Está perdoada. Eu estava realmente estava tentando te proteger. Me perdoa por ter me afastado e por ser tão invasiva na sua vida. Sinto sua falta. -digo sem saber se a parte do invasiva é verdade.

- Eu também peço perdão. Como a Isa, disse nos afastamos. Amigo não é aquele que diz vai em frente, mas sim que diz vou junto. -Jú fala com emoção

Mais lágrimas e choro de nossa parte.

- E Pedro?

- Como assim? Ela me pergunta num tom defesa.

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