Tentei desesperadamente recuperar meu fôlego enquanto tossia e respirava fundo agonizando deitada naquele chão impecável que, agora, continha respingos de sangue. Meu pai soltou a seringa no chão e estendeu-me a mão para ajudar-me a levantar mas não disse sequer uma palavra, apenas observava com seu olhar frio e tranquilamente sério.
Seojung me olhava com os olhos vermelhos e soluçando de tanto chorar, juntamente à Yuna.
Ver Rosie complemente desacordada não me amedrontou, meu pai jamais seria capaz de matá-la ou fazer algo que a colocasse numa situação de vida ou morte. Ele amava-a demais para vê-la partir ou permitir que ela fizesse isso, disso eu tinha total certeza.
Ele chamou Robert e pediu para que ele levasse sua amada em segurança para o quarto e tornou a sentar-se em sua poltrona, respirando fundo em seguida.
- Da próxima vez que quiser morrer, faça isso longe de mim, porra. - Esbravejou Yuna passando por mim, batendo seu ombro no meu de propósito e fechando fortemente a porta ao sair.
Kim Seojung era frio e duramente apático para muitas coisas, mas não se continha quando certas coisas em específico aconteciam em nossa família problemática, mesmo tentando se acostumar por sempre nos ocorrer sermos vítimas de violências físicas. Existia algo nele que só existia em minha avó e talvez também na Yuna... Compaixão.
- Estou esperando uma explicação cabível para isso. - Afirmou meu pai pondo seu óculos de leitura e olhando para a tela de seu notebook como se estivesse sozinho ou falando com alguém através de seu companheiro digital.
- Soojin não me influenciou em nada. - Afirmou Seojung com a voz embargada e entre soluços. - Por mais que eu tentasse não me sentir atraído por ambos os sexos, era inevitável...
- Não quis dizer que esperava uma explicação para isso. - Gritou ele autoritário, interrompendo o Seojun fazendo-o fechar os olhos, temendo-o. -Você não foi primeiro e acredito que não será o último bissexual na terra, filho. - Continuou com sua voz mansa, enquanto olhava-nos. - O coração não é uma máquina onde você configura quem amar, você simplesmente ama e não existe uma explicação para isso. Não vejo problemas em você gostar de ambos os sexos e está tudo bem. Quanto à sua mãe não precisa se preocupar, com um pouco de terapia ela irá compreender.
Respirou fundo levantando e indo até seu filho que novamente, chorava. Ele acariciou o rosto molhado de lágrimas de Seojung confortando-o, passando-o segurança, tentando fazê-lo acreditar que sua mãe ficaria bem e então continuou:
- Eu espero que você tenha uma vida longa, feliz e saudável. Viva do jeito que você achar melhor, permita-se amar quem você achar que mereça ser amado. Isso não lhe torna menos homem, isso lhe torna forte para enfrentar o mundo. Independente de tudo, você continua sendo o meu filho e eu te amo imensamente. Jamais tente explicar-se do porquê de você simplesmente amar.
Vê-lo e ouvi-lo consolar o Kim Seojung me deixou emocionada, com o coração aquecido. Me fez ter esperança de que um dia, o mundo se tornaria um lugar melhor e compreensível. Nunca imaginaria que meu pai aceitaria meu irmão do jeito que ele é. Sua imagem durona e indestrutível me passava essa vibe completamente errada sobre ele.
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Legado de Sangue (EM REVISÃO)
General FictionEu sou Kim Soojin e convido-lhe para assistir a herança de meu legado sangrento, frio e doloroso. ☢️ Contém menções e uso de drogas explícitas, violência verbal e física, linguagem inapropiada, torturas, mortes e conteúdo sexual. Vale ressaltar que...