sɪɴɢʟᴇ ᴄᴀᴘᴛᴇʀ

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Na fic eles tem 12 e 14 anos, só pra constar.

No caso o Yifan vai ser o mais velho

Agora, boa leitura sz

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Escondia-se embaixo das cobertas, apertando as mesmas e os olhos também. Tremia, chorava, mal conseguia respirar - tudo aquilo graças a uma tempestade que acontecia.

"Onde você está agora, maldito?"

Disse para si mesmo com a voz trêmula, enquanto deixava que mais lágrimas rolassem. Ele queria apenas que Wu Yifan chegasse logo para socorrê-lo, mas aquele desgraçado ainda deveria estar dormindo, sem preocupações.

Então, ouviu algo chocar-se contra a janela de seu quarto. Mesmo com medo do céu, aproximou-se da mesma e avistou o vizinho, próximo a porta dos fundos, acenando para ele com um sorriso pequeno no rosto.

Sem hesitar, pulou da cama - levando sua chupeta consigo - e correu silenciosamente até o quarto dos pais, certificando se já haviam dormido. Ao encontra-los perfeitamente desacordados, pegou as chaves penduradas na sala e correu para a parte de trás da casa.

Depois de alguns mínimos segundos de espera, Yifan viu a porta abrir-se lentamente e abriu um de seus melhores sorrisos. Avistou Zitao, com os olhos levemente avermelhados, porém com um sorriso triste no rosto, que ele julgou ser por sua causa.

Antes que fizesse algo, sentiu sua cintura ser envolvida pelos braços do menor, junto a cabeça do mesmo sendo escondida em seu peitoral. Sentiu a camiseta molhar-se um pouco perante os soluços do pequeno, mas apenas retribuiu o abraço e permaneceu em silêncio por um momento.

Afastou-o um pouco, e sentiu sua camiseta ser segurada com mais força na tentativa de impedi-lo de ir. Riu fraco, embora estivesse preocupado com o pânico do menor, então disse calmamente.

"Eu não vou embora, Tao. Não precisa ter tanto medo."

Sorriu fraco e deixou um pequeno selar sobre sua testa, e só então o mesmo deixou-o afastar-se e entrar, enquanto "desarmava" o guarda-chuva.

Sem demora, ambos sentaram no sofá, mas não trocaram palavras ainda. Zitao olhava freneticamente para todas as janelas abertas, claramente apreensivo, quando teve sua mão segurada pela do maior.

O loiro puxou-o para perto, acomodando-o sobre seu peito. Impediu-lhe de olhar para os lados, para que pelo menos ele não pudesse ver os relâmpagos quando cortassem o céu, apenas ouvir os estrondosos trovões, já que infelizmente não tinha como impedir isso.

Acariciava distraidamente a parte de cima da mão do pequeno com o polegar, quando sentiu o mesmo se afastar um pouco e secar os olhos, deixando que o ar entrasse em contato com a camiseta molhada de Yifan, causando-lhe arrepios.

"Y-Yifan... Por que os raios existem?"

Disse baixinho, voltando a acomodar-se no peito do maior, que logo sentira a camiseta encharcar-se ainda mais pelas lágrimas, sentindo-se mal por não poder impedi-lo de deixar as mesmas rolarem.

"Eles são pessoas que já se foram, sabia? Eles sempre estão aí, pra fazer com que todos durmam sem pesadelos. Mas as vezes, os pesadelos tentam ataca-las, então elas se transformam em raios visíveis para destruírem os pesadelos."

Contou algo que lembrou ter ouvido de sua avó alguns anos atrás. Claro, sabia ser apenas uma história, mas não conseguira pensar num jeito melhor para explicar sem assustar o pequeno. Zitao o olhou surpreso arqueando uma sobrancelha, e ele temeu que o menor soubesse ser apenas uma história.

"Então quer dizer que eu tenho medo do que me protege?"

Ao ouvir isso, soltou o ar que nem percebia ter prendido, aliviado. Assentiu, olhando pela janela para as gotas d'água que caíam com violência sobre o solo.

"Mas tudo bem ter medo, muitas pessoas tem... Olha, se você dormir, o tempo vai passar mais rápido e logo será de manhã, sem chuva."

Um biquinho fofo formou-se nos lábios graciosos do mais novo, enquanto este voltava a depositar a cabeça sobre o peitoral do outro, virado para o encosto do sofá e dedilhando o local.

"Eu não consigo dormir com o tempo assim."

O mais velho segurou em sua mão novamente, fazendo com que ele o encarasse sorrindo. Era incrível como Zitao podia ser tão inocente e puro com 12 anos, sendo que pessoas mais novas já não são assim atualmente. Zitao era o seu anjinho, que o protegia dos pesadelos todas as noites sem nem mesmo saber.

"Se eu cantar pra você, promete que irá dormir?"

Sorriu encorajador, acariciando as madeixas da cor castanho-claro do mais novo, enquanto o mesmo observava as unhas do loiro, já que uma das mãos do mesmo estava sobre a sua.

"Depende a música..."

"Aquela que é só nossa."

Assim que ouviu isso, Zitao assentiu sorridente. Com a ajuda de Yifan, ajeitou-se mais adequadamente para dormir e buscou pela chupeta que trouxera consigo logo que viu o loiro lá fora. Colocou-a entre os lábios e fechou os olhos, apertando mais o maior contra si.

O outro colocou gentilmente uma das mãos novamente em seus cabelos, fazendo um carinho naquele local, sorrindo por ter aquela criatura tão amável em seus braços. Se ajeitou um pouco mais adequadamente, e começou.

"Gounjeong baji pureunbujeom nabi,
Mosigeum jaranam saengiip beolle;
Songgotbeolle sali namjak maepsibeol,
Eolideunge sali muntuk maepsibeol."

Cantarolou duas vezes seguidas. A voz baixa, e as carícias na nuca do pequeno sem cessar. Não demorou para que o pequeno pegasse no sono.

Aproveitando o momento, Yifan se viu lembrando da infância dos dois. Se conheceram por acaso quando o loiro, com oito anos, encontrou o pequeno de seis observando um inseto.

Ambos se interessavam por aqueles animaizinhos, e isto criou uma relação de amizade entre os dois. A música fora criada pelo Wu há dois anos atrás, quando os dois queriam decorar alguns nomes complicados de insetos.

Os nomes no latim, quando traduzidos originavam frases de encorajamento e autoestima. Só os dois conheciam a música e seu significado, e nunca a cantariam perto de ninguém. A música pertencia a eles, assim como, mesmo tão novos, sabiam que um pertencia ao outro.

Deu-se conta de que também precisava dormir, e que ninguém poderia saber que ele esteve ali. Com um pouco de dificuldade, pegou o mais novo em seus braços e subiu silenciosamente as escadarias. Abriu a porta do quarto, ouvindo-a ranger e despertando um medi de ser descoberto, coisa que não aconteceu.

Colocou o mais novo na cama, e acariciou uma última vez seus cabelos sedosos. Olhou a cena do garoto abraçado a um ursinho de pelúcia branco que segurava um coração que estava em cima da cama, com a chupeta na boca e os olhos fechados de uma maneira linda.

Suspirou sorrindo, feliz por ter a oportunidade de observar aquela cena e saber que a pequena criatura tão adorável pertencia a si. Aproximou-se de seu ouvido e sussurrou um pequeno "eu te amo, meu pequeno", antes de finalmente sair do quarto, descer as escadas, pegar o guarda-chuva e arma-lo, trancando a porta por fora e deixando a chave em meio as plantas da mãe de Zitao, como sempre fazia.

E assim foi para o quintal de trás de sua casa, para entrar sem ser percebido pelos próprios pais, que ainda estavam acordados, na sala, tratando de manter em segredo os encontros que tinham nas noites de tempestade, por medo de não poder mais ver o seu pequeno e não ajuda-lo mais nas suas noites de terror.

No fim, sua vida girava em torno da do vizinho, assim como a dele girava em torno da sua própria.

Dois bobos apaixonados, mesmo tão jovens.

Já ouviu dizer que amores de infância são levados para a vida toda?

astrofobia ↬ kris+tao!¡Onde histórias criam vida. Descubra agora