Está abrindo os olhos, finalmente! – Disse uma voz que Melissa não conseguia identificar de quem era.
Ela abriu lentamente os olhos, e logo notou estar em um ambiente muito claro e iluminado. Seria o céu? Não. Era apenas o hospital da cidade, para onde a garota havia sido mandada após o acidente. Havia um homem ao lado da cama, ajoelhado. Era um de sua cor, sorridente e atlético. Ele lhe parecia estranhamente conhecido, e seus olhos verdes eram também estranhamente familiares. Naquele momento ela imaginou de quem se tratava.
- Consegue me ver? – perguntou ele. A mulher confirmou com a cabeça, ainda sem entender direito o que estava acontecendo.
- Consigo...
- Acho que pensou que eu não a veria mais, não é? Sua mãe ligou para mim, achando que você não iria resistir. Essa seria a minha última oportunidade de vê-la, ou enterrá-la. Só assim para ela se interessar em me encontrar. Bem, aí está você, aqui estamos nós. Consegue me entender, querida?
- Sim, pai.
- É bom ouvir sua voz. È bom vê-la. E é muito engraçado você acordar justamente em um momento onde só eu esteja presente. Fiquei aqui durante essas duas semanas e sabia que iria acordar mais cedo do que o esperado. Você é igual a mim em tudo, não é? Enquanto àquela mulher que você chama de mãe, ela e os outros desceram há pouco, pois estamos na hora do almoço.
- Onde estou? Um hospital?
- Sim. Depois do acidente você foi trazida para cá. Estamos no centro da cidade. Policiais já vieram aqui, e estão apenas aguardando sua melhora para começar o processo todo. Apesar de tudo, antes de qualquer atitude, você deve ser ouvida.
- Como escapei?
- Foi uma sorte. Você foi arremessada para fora do carro antes que ele explodisse, os paramédicos disseram. Mas não é ainda o momento de falar sobre isso. E então, como se sente?
- Estranha...
- Entendo. Não se preocupe. Haverá tempo para esclarecermos tudo, eu estou aqui com você – disse o homem, segurando a mão de Melissa. - Sei que estivemos distantes por todo esse tempo, você não me procurou, achei que não quisesse mais nenhum tipo de contato. Sempre achei que você iria até mim. Aí quando sua mãe ligou, e eu esperei por esse dia, não pensei duas vezes antes de vir encontrá-la.
- Sério? Eu achei que não desse a mínima importância para mim.
- Jamais, querida. É minha única filha. Acha que eu não queria vê-la novamente? Acha que, para um pai como eu, é algo aceitável ficar longe? Não.
Melissa ficou pensativa.
- Bem, querida, eu irei chamar sua mãe, certo? Vou avisar a ela e os outros que você já acordou.
- Ainda não – disse a garota.
- Não?
- Não. Você ainda não me deu um abraço.
- Oh, claro, meu amor...
O homem abraçou-a delicadamente, e pela primeira vez em muito tempo a garota conseguiu sorrir. Permaneceram daquele jeito, até que os outros voltassem. Com a batida, a garota fora lançada para fora do veículo, e no momento ela não sabia ainda, mas estava sem movimentos nas pernas. A batida na cabeça atingiu pontos cruciais que os médicos ainda iriam descobrir melhor quais eram exatamente, quando fizessem mais exames.
- Saiba que, não importa o que tenha feito, ou o que tenha acontecido, eu estou com você.
- Eu acredito, pai.
- Eu te amo, Melissa.
- Melissa? Mas pai... Meu nome é Abigail.
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Banho De Sangue - Um Conto Infernal
Kinh dịMelissa é uma mulher bem sucedida, beirando os trinta anos, que mora sozinha em uma casa não muito longe de seu trabalho: um escritório onde exerce a profissão como designer de interiores. Ela não deixa transparecer, nem mesmo para sua família, ma...