Capítulo 37

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Já havia se passado quinze dias e meu estado continuava estável, a todo tempo o

Daniel permaneceu no hospital aguardando uma oportunidade pra poder me ver, até que ela surgiu:

- Senhor Daniel?

- Eu?

- O senhor pode subir para ver o paciente Bader...

- Sério?

- Sim, mas antes o senhor terá que vestir uma roupa especial para não levar

nenhuma bactéria pra dentro da unidade.

- Tudo bem.

Acompanhando a enfermeira ele ia olhando atento para cada canto daquele longo

corredor. Ao chegar à porta do leito onde eu estava, ele respirou fundo. A enfermeira abriu a porta cuidadosamente. Assim que ele entrou, ela a fechou e nos deixou às sós.

Com lágrimas descendo de seus olhos e uma máscara que cobria seu nariz e boca,

ele foi se aproximando de mim lentamente. Parado ao meu lado esquerdo, com sua mão

quentinha ele tocou na minha gelada.

- Amor... Sou eu, Daniel...

Ao ouvir sua voz e sentir que ele estava do meu lado eu fui feliz. Não tem como

explicar qual foi a sensação, me senti mais leve, só de ouvir meu amor falar comigo.

- Sabe petit, ontem foi entregue a mobília no novo Lar do céu... O lugar ficou lindo,

a Roberta foi conhecer e adorou, está toda feliz... Sua mãe e a Millena foram lá conhecer, nem preciso dizer que elas se apaixonaram pelo Rodrigo, né?... Ontem à tarde meu ex-treinador me ligou marcando uma luta pro mês que vem, eu só disse que aceitaria se você melhorasse, claro que até lá você já vai estar de volta... Torcendo por mim e me apoiando...

Tudo que ele falava eu podia ouvir, mas permanecia calado, sem poder me mover,

emocionado relembrando nossos momentos.

- Petit... Todas as noites eu rezo para que você saia logo desse lugar, volte para

nossa casinha com nossa rotina de sempre. Estou morrendo de saudade de dormir

abraçadinho com você, ganhar seu beijinho de boa noite, de bom dia, petit... Eu sei que

você está me ouvindo, lembra da nossa promessa? Todas as noites que tem lua eu olho para ela e consigo sentir seu cheiro, só falta você comigo... Quando Deus te desenhou... Ele estava namorando... Na beira do mar do amor... Petit, eu te amo!...

No fundo do meu coração eu sentia que não conseguiria mais resistir por muito

tempo, foi quando eu reuni todas as minhas forças, não sei como eu consegui, mas abri

levemente meu olho. Eu queria olhar pela ultima vez o cara que me fez muito feliz em vida.

Ao abrir o olho eu o vi de cabeça baixa, lindo como sempre, um pouco abatido, mas

continuava aquele gatinho que sempre foi, aquele meigo rapaz que me fez apaixonar, o

único cara que amei de verdade em toda minha vida.

Na intenção de sentir seu calor pela última vez eu dei um aperto em sua mão. Não

sei de onde tirei forças, acho que do amor e do laço que nos unia eternamente nesse

sentimento inexplicável. Segurei forte em sua mão por pouco tempo, mas foi o suficiente para registrar em minha memória aquela lembrança, em seguida eu parti.

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