Capítulo 03

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Minha implicância com o Daniel foi se tornando carinho na medida em que ia o conhecendo mais, sei lá o que estava acontecendo, só sei que já não tinha mais raiva dele, somente um carinho especial. Acabei adormecendo dentro da hidromassagem, quando acordei o dia já tinha amanhecido, minha pele estava toda enrugada, fui me enxugar, tomar meu café e ir pra academia que já estava na hora. Depois da academia estava saindo pra trabalhar quando na saída encontrei com uma amiga dos tempos de faculdade.

- Bader...

- Juliana?

- Quanto tempo...

- Tudo bem com você?

- Eu to ótima, e você?

- Eu estou bem. E como anda lá no seu trabalho?

- Ai nem me fala, depois que você saiu de lá aquele lugar nunca mais foi o mesmo.

- Sério?

- É... Ah... Sabe quem andou procurando por você?

- Quem?

- Aquele seu amigo que ia te buscar na faculdade...

- Que amigo?

- Aquele loirinho...

- O Bruno?

- De nome eu não sei...

Pela descrição dela deveria ser o Bruno que estava me procurando, o quê será que

ele queria comigo? Ficamos conversando um pouco até que ela se foi, quando eu ia atravessando a rua escutei um assovio me chamando, era o Daniel:

- Bader... Peraê...

- Fala, Daniel.

- Tá indo pra onde?

- Trabalhar...

- Bom, tô indo pra Perdizes...

- Eu vou pra Pinheiros.

- Quer uma carona?

- Pode ser.

Vínhamos andando pelo quarteirão, pois ele havia estacionado o carro em um estacionamento na rua de trás. Íamos conversando sobre as novas regras da academia, de repente eu senti alguém me empurrando. Bati com tudo no poste. Eram seis caras que já chegaram nos agredindo do nada. Eles jogaram o Daniel no meio da rua e não paravam de agredi-lo. A intenção deles era nos imobilizar, mas eu me debatia na tentativa de escapar deles, porém, ao mesmo tempo eu queria tirar o Daniel dali. Quando um deles ia dar uma garrafada na cabeça do Daniel, não sei o que me deu na hora, consegui escapar dos outros dois que me seguravam e dei uma voadora no cara que ia matando o Daniel. Nisso um dos marginais que estava me segurando veio e me deu um tapa na cara. O tapa foi tão forte que eu cai no meio da rua. O Daniel ficou furioso e partiu pra cima deles.

- Você não vai machucar ele...

- Filho da p...

- Não toca nele... Se vocês querem briga, que briguem comigo, deixem ele em paz.

Corre Bader...

- Eu não vou te deixar aqui sozinho... Socorro... Alguém nos ajude pelo amor de

Deus...

Comecei a gritar por socorro, eles iriam machucar o Daniel se continuassem e bater nele, me joguei na frente dos carros que passavam na rua, mas nenhum parou para nos
ajudar, o Daniel já havia dado aula de jiu-jitsu, foi o que nos ajudou enquanto o carro da policia não chegava. Eu fiquei impressionado com as pessoas que ficaram assistindo tudo sem fazer nada, vendo nós ali pedindo ajuda e ninguém se mexeu para pelo menos chamar a polícia, eu fico indignado com o espírito humanitário de hoje em dia, se fosse eu com certeza ajudaria no que pudesse, mas ficar de braços cruzados vendo esse tipo de cena, é um absurdo, seria o primeiro passo pra acabar com a violência nessa cidade, um ajudar o outro e todos se ajudarem. Fomos para a delegacia registrar a ocorrência, eu fiquei mais indignado ainda com o descaso dos policiais que anotaram o nome do Daniel em uma prancheta e perguntaram se era de nosso interesse registrar uma ocorrência, como se ser agredido por quatro caras em plena luz do dia fosse a coisa mais normal do mundo. Chegamos na delegacia e tivemos que contar toda a história outra vez para o escrivão e para o delegado, não agüentava mais contar a mesma história. Passamos o resto da tarde e o começo da noite registrando B.O e fazendo corpo de delito, eu me senti humilhado, um lixo, tamanho foi o descaso das autoridades.

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