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Depois do banho, me visto com as mesmas roupas e vou em direção ao pequeno espelho na parede da pia. Cara eu tou um caco, os olhos vermelhos e sonolentos. As olheiras profundamente escuras e o cabelo recém molhado. Bufo revirando os olhos.

Se Apollo me visse desse jeito morreria. Levanto os braços na direção do rosto e ligo a torneira molhando minhas mãos, em seguida as passo pelo rosto e tento mudar a expressão de cansaço. Após um longo tempo massageando as têmporas e beliscando minhas bochechas para retornarem a vida. Passo as mãos pelo cabelo e o amarro em um coque frouxo, deixando uma grande franja sobre o olho esquerdo. Antes que eu abra a porta alguém a abre abruptamente e entra no banheiro com uma cara de dor, só de calcinha e sutiã.

Kate.

—... Ruby, desculpa amiga... Mas eu é...— Tenta se desculpar, mas no meio da frase se joga no chão de joelhos e joga a cabeça sobre o vaso. Vomitando tudo o que ingeriu na noite passada.

Me escoro sobre a porta e a observo por um tempo. Até Arthur se aproximar preocupado.

— Falei pra você beber tudo.— Briga com as mãos na cintura olhando feio pra Kate.

Ela respira fundo e revira os olhos.

— Ah,  porra Arthur. Quem vai beber aquele chá dos infernos? Eu é que não, né.

Ele bufa irritado e coça a nuca. Esse coçar na nuca me faz lembrar de Apollo.

— Chá?— Pergunto abrindo um riso.

— Pois é, encontrei alguns aqui perto... Chá de boldo, que te aconselho a beber também...— Diz olhando de mim pra Kate.

Do canto do olho vejo Kate levantar do chão e ir até o espelho limpar a boca e o rosto com a água da pia.

— E eu te aconselho a não beber Ruby, aquele caralho tá horrível... Meu, se você for ou se tiver um pouco de humanidade não bebe. Vai por mim.— Sugere e Arthur me encara sério.

Engulo em seco.

— Bom...— Solto piscando pra Kate e ela ri concordando com a cabeça.

Arthur se irrita e dá um soco na porta.

— Ah, que se foda. Eu tou tentando ajudar...

— Ajudaria se fosse atrás da Pérola.— Esbraveja Kate e ele maneia com a cabeça de um lado pro outro.

— Não sou de correr atrás de mulher não falow? Ela que se controle ou outra vai ocupar o lugar dela.— Solta me olhando de baixo pra cima. Entorto a boca.

Ele tinha que abrir a boca.

— Preciso ir...— Digo passando as mãos pelo bolso da calça, mas infelizmente não encontro o que quero— Cadê meu celular?

Arthur ri com ironia e tira do bolso da calça o objeto metálico, quadrado maior que sua mão.

— Ah, tá aqui... Pensei que não quisesse.— Murmura segurando meu celular perto dos meus olhos.

— Até parece, dizer que uma pessoa não quer celular, é o mesmo que dizer que ela não quer vida. Não dá pra viver sem ele.— Afirmo pegando ele dá sua mão e o balançando em frente ao seu rosto.

Ele dá um meio riso e sai indo pra sala. Volto meu olhar pra Kate.

— Sei que não é da minha conta, mas...

Ela me olha. Nos olhamos.

— Eles brigaram se é o que quer saber... E brigaram por você.

Franzo o cenho.

— Como assim?

Ela respira silenciosamente e dispara:

— Ele te ajudou e te levou pro quarto dele, ele nunca leva nenhuma mulher pro quarto dele, nem ela...—Fala me observando e continua— Mas depois ela pirou, tava bêbada também e disse que você era só uma vagabunda e que ele não prestava, mas ela estava bêbada entende? Não sabia o que estava dizendo ou fazendo...— Engraçado é que na minha cabeça ela sabia perfeitamente— Então ele mandou ela ir embora e não atende as ligações dela.— Após me olhar por um bom tempo ela volta a admirar seu reflexo no espelho.

Abaixo a cabeça e mordo o lábio inferior.

—Hum... Entendo. Espera... Como você sabia, que eu queria saber disso?— Indago curiosa.

Ela ri de lado e me olha.

— Não preciso saber Ruby, tá escrito na tua testa.— Dá ênfase em testa e sai do banheiro.

Bufo cansada. E saio atrás dela. Vamos pra sala e vejo que Arthur já não se encontra mas aqui. Deve ter ido atrás da "cabelo rosa". Bom pra ele.

"Que é isso Ruby? Com ciumes"?— Pergunta meu subconsciente. E faço que não com a cabeça.

— Rola um café?— Pergunta Kate apontando com o queixo pra uma garrafa de café ao lado da televisão. Balanço a cabeça que não e ela assente indo até a mesa da pequena copa e voltando a sala pra colocar um pouco de café em um copo que havia pegado.— Preparada pro fera?— Pergunta enquanto beberica seu café.

Pisco sem entender sua pergunta, até que lembro de quem ela está falando. Apollo.

— Nunca estou preparada Kate. Nunca estou.

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora