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- Quer dizer então que ele agora, oficialmente é teu namorado?

Pergunta Kate sendo estridente como sempre. Por que mesmo tenho que avisá-la sobre isso? Ah, é ela é minha amiga.

- Sim, Kate...- Falo a contragosto e saio do banho.

A tarde toda suportei até quando pude Apollo e sua euforia exagerada, agora preciso suportar Kate? Não me esqueça de te agradecer com um soco Collins, por favor.

Ela solta um grito gutural, após ouvir minha afirmação e é preciso afastar o novo telemóvel que comprei do ouvido.

- Uau, mas me conta como que o "Senhor chefão" aceitou isso?- Sua pergunta sai um pouco fraca, suponho que ela esteja andando em círculos pela casa pelo jeito ofegante.

Essa Kate.

Balanço a cabeça e vou ao closet procurar o que vestir, deixando a toalha caída pelo chão. Minha vida tá uma zona mesmo, não será novidade o quarto tá também.

- Já disse que o "Senhor chefão" tem nome!- Brigo e ela ri baixinho.

- Tá, tá bom. Fala...

Mergulho minha mão em uma das gavetas e opto por ficar apena de calcinha e camiseta cinza até a coxa.

Estou em casa ué.

- Acredite ou não ele gostou.

Reviro os olhos.

Sem hesito ela começa a gargalhar feliz da vida. Meu saco.

- Nossa, eae já dormiu com ele?... Ele transa bem?... De amiga pra amiga...- Faz uma pequena pausa e conclui-: Ele já fez o meia nove com você?

Fico corada. Tenho certeza que virei um tomate.

- Aí, Kate para... Nós só nos beijamos e na maioria das vezes é sem querer.- Comento tentando parecer ofendida.

Me aproximo da cama e me deito. É impossível esquecer que Kate tem a vida sexual bem mais ativa que a minha, e que no final das contas por mais que eu queira negar sei que ela é uma verdadeira expert em se tratando de sexo.

- Hum.- Murmura pensativa.

Lá vem.

- Que foi Kate?

Respira e por fim diz:

- Tá péssimo hein, se querem fingir isso e fingir bem, precisam se aproximar mais um do outro... Sem frescuras e blá, blá, blá.

Fecho as mãos diante de mim e pouso-as no travesseiro.

Só de imaginar estar tão perto daquele sinico, pervertido...

- Só esquece tá... Não quero me aproximar dele, já te disse que não confio nele nenhum pouquinho.- Rosno dando um soco no travesseiro.

- Cê que sabe... Ei, esse celular é de quem?- Intervém mudando de assunto.

- Meu, comprei hoje, eae cê nunca achou o meu antigo por ai?

Tenho falta dele, não por ser materialista, nem nada, mas é que nele eu tinha fotos até de quando mais jovem, criança, da minha primeira luta, primeira medalha, fotos de Apollo e sua jeito ranzinza, imagens dela. Eu tinha até imagens dela? Da Genna, de alguém que não demonstrou amor por mim nem quando criança, do meu primeiro beijo com Levi.... Minha primeira noite fora da casa de Apollo, primeira balada... Tudo, aquele celular era um porto seguro pra mim, onde parte de mim amava relembrar. Queria ouvir pela última vez a gravação que fiz da ligação pra Genna, nela eu ouvia sua voz, seu carinho... Era como se ela me amasse de verdade. Tá bom, sou materialista sim. E rezo mentalmente pra que ela tenha o encontrado.

Por favor.

- Não, não, acho que você perdeu naquela última festa.- Afirma sem muito interesse.

Dou um tapa de leve na testa. Preciso aceitar mais essa ausência.

- É talvez, e você tá se prevenindo?- Interrogo preocupada. Kate é linda e louca, é durona e louca.

Seu sorriso retorna dessa vez com sarcasmo.

- Que é isso agora mamãe? É lógico que não, cê sabe muito bem que eu amo transar sem camisinha.- Se vangloria cheia de si.

Balanço a cabeça. Onde essa loucura toda vai parar?

- Cuidado Kate.- A repreendo fechando forte os olhos.

Lembro muito bem, da última vez que ela engravidou e teve que se sujeitar a fazer um aborto, só por que não lembrava quem poderia ser o pai. E mesmo que soubesse jamais ficaria com o feto, por que ela é a Kate.

Minha louca Kate.

- Ei, relaxa... Arthur tá aqui pra me ajudar.- Diz interrompendo meus pensamentos.

É então que lembro do verme. Tinha esquecido dele. E reflito no que ela acaba de dizer. "Arthur aqui pra me ajudar ". Porra nenhuma, ela nem sabe se ele é irmão dela de verdade.

É por isso que é louca!- Meu subconsciente me avisa arqueando as sobrancelhas pra mim.

- Ah, o verme.- Murmuro com desdém- Pensei que ele tivesse ido embora já daí.

Quero brigar com ela por confiar nele, mas resisto a isso. Kate sempre esteve a procura de sua família, não irei lhe impedir desse pequeno privilégio. Pelo menos é o que ela pensa.

- Nunca, é meu irmão. O amo mais que tudo... Agora Ruby é... Odeio ter que falar sobre isso, mas...

Engulo em seco.

- O que?- Levanto da cama e cruzo as pernas sentada.

Ela faz uma tosse rápida e diz:

- Vi ela ontem, com um cara genuinamente forte, parecia rico também, mas ela não parecia nada feliz.

Ah, não Kate... Por que falar dela justo agora?

- Valeu pela observação...- Dirijo-me a porta e a fecho indo pra cozinha- Preciso almoçar agora...

O corredor, os quartos, a sala, tudo está calmo demais. O diabo costuma mostrar-se nessas horas não?

- Desculpa Ruby, eu não queria falar juro que não,  só achei que você deveria...

Bufo.

- Saber, você tá certa. Obrigada...

Após terminar a ligação vou até Apollo cujo rosto se ilumina ao me ver. O que há por aqui?

- Falta apenas uma pessoa pra cereja do bolo ficar completa.

- Apollo não...

Sons de passos se ecoam pela cozinha.

- Oi amor!- Viro de lado e o vejo atravessar a sala e vim em minha direção, sua máscara impecável soa mais misteriosa que nunca atissando ainda mais minha curiosidade maldita.

Seu olhar fixa-se nos meus como um predador que encontra sua presa e quando se aproxima abraça meus ombros me apertando contra seu peito, como se tivéssemos intimidade para isso.

Calma Ruby, você pode fazer isso. Você consegue. Não pode ser tão difícil assim. Pode fingir gostar disso, fingir que confia nele... Mas e ele confia em mim o bastante pra me dizer sua verdade? Ou precisarei arrancá-la?

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora