64- Eu preciso dele?

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Observo ela ir embora e a vejo entrar no carro como uma criança birrenta.

Ela queria mesmo mudar ou estava apenas querendo se aproximar pra bancar de "boa mãe" como sempre fez?

Afinal qual é a dela?

Com o carro longe, levanto do chão e dou um chute na cadeira a frente.

- Gente... O que houve?- Kate surge descabelada ao lado de um dos dançarinos da boate, já dá pra entender o que esses dois estavam fazendo né?

Finjo não ver ele beijando o canto da boca dela e se afastando.

- Ela... Ela tava aqui Kate... Que Porra, eu... eu...- Murmúro sem forças.

- Calma, Amiga...

- Genna, tava aqui Kate... Ela, tava aqui...- Rosno fechando forte o punho.

Logo ela me puxa pra si e enterro minha cabeça em seu pescoço. Sei que preciso ser firme, mas nada adianta comigo é sempre assim.

De esguelha vejo as pessoas indecisas saírem do pub e o barman me olha feio. Foi mal campeão, dessa vez eu não queria ter feito nada, nada mesmo.

Quando saio do pub continuo a vaguear pela rua. Odeio vê-la, odeio saber dela e de tudo que me faz voltar pra ela.

Não acredito que pude passar aquelas mínimas horas ao seu lado, ela nem merece. Em meio a meus pensamentos alguém me chama:

- Ruby... Ei...

Viro e o vejo ao meu lado.

- Ah, você não. - Resmungo.

Ele arqueia as sobrancelhas.

- Tá, não sou um anjo caído do céu, mas de uma coisa sei, cê não quer voltar pra casa não assim e não hoje.

Volto meu olhar pro seu, ele tem razão, o verme pela primeira vez tem razão e estamos nos observando, seu olhar não é mais o habitual sarcasmo e sim sincero, como se minha dor fosse sua dor. O que chega a ser irônico, vindo dele. Mas tenho que admitir, se tem um lugar que eu não quero de forma alguma retornar é pra casa, pra Apollo.

Estou na estaca zero, ou como diria Apollo: ao fundo do poço. a casa de Kate não me parece mais um refúgio, é como se fosse meu esconderijo, meu começo e fim de tudo que existe de ruim em minha vida.

- Kate... Ela...

Ele cruza os braços.

- Eu diria que ela tem coisas melhores pra fazer com o dançarino. - Ele responde secamente, enquanto entra em seu quarto.

Obrigada Kate, valeu por ser essa amiga tão companheira e prestativa, sua vaca!

Desabo no sofá desgastado ao lado, o chão precisa de uma faxina urgente, mas sei que Kate e ele não se incomodam com os massos de cigarro caídos no chão, muito menos com a televisão quebrada. Levanto a cabeça e começo a chorar, é como se um filme passasse em minhas memórias só agora, ela retornou, por algum motivo retornou, e a pergunta é será que não vê o quanto sofro com seu retorno? O quanto isso me afeta? Ela terá me amado alguma vez?

- Porra!!!!- Grito tirando os sapatos e os jogando contra a parede.

Tudo isso é culpa dela, dela.

- Ruby... Ei, calma... Calma...- Diz em um tom calmo, ele vem até mim com suas mãos me puxando pra sí e abraçando meu corpo.

Em vez de embaraço, sinto um rubor morno subir do pescoço para as faces.

Mas sem me importar me deixo ser abraçada por ele.

Talvez seja disso que preciso, será que preciso?

Passados uns dois ou mais minutos abraçados, estamos nos encarando de novo e dessa vez mais perto, posso sentir seu hálito gelado- uma mistura de cigarro com vodka, de repente sinto minha respiração faltar, engulo em seco e percebo que seus olhos fitam meus lábios em admiração, não sei o que se passou de fato em meu subconsciente só que de relance eu estava o beijando e beijava como se nunca tivesse beijado antes qualquer outra pessoa, nossas línguas dançavam em sintonia, eu podia sentir suas mãos tocarem minha nuca suavimente fazendo um carinho atrás da orelha e seu polegar fazer círculos leves em minhas bochechas, mas espera não era relance, era real, eu estou agora beijando ele e o mesmo me beija também, nos beijamos descontroladamente.

Droga, estamos nos beijando.

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora