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O batom vermelho desliza por meus lábios, suavemente sinto o delineador desenhar meus olhos e iniciando um leve puxar no canto fazendo um olho de gatinho. Pisco e sinto novamente suas mãos retocarem minha maquiagem pela segunda vez, estou cansada. Mas ela insiste em por suas mãos perfeccionistas em meu rosto.

Bufo e ela me olha feio.

— Hum-hum, não faça isso. Você é minha modelo, a melhor modelo.... Uau!— Diz sorrindo e por fim puxa meus braços para que eu me encare no espelho.

Fico ali, parada. Parecendo uma retardada.

— E então mandei ou não mandei bem? — Pergunta Kate me abraçando por trás. Abro um riso sem jeito pra garota linda no espelho e faço que sim.

Por mais maluca seja a idéia de Kate, não vejo mal algum em sair. Mesmo que seja pra encher a cara.

Apollo ia odiar saber disso.

O som automotivo está pelo local onde luzes coloridas passam por todo o salão. Pessoas muitas pessoas gritam e pulam feito loucas e Kate se junta a elas, sempre puxando minha mão. Inspiro e movimento um pouco o quadril dançando no mesmo ritmo que ela. Kate pertence a este lugar, sempre esteve nele. Assim como ela. Ela amava lugares assim.

Genna vivia cheia de glamour e não lembro, nunca em hipótese alguma de a ter visto sem qualquer tipo de maquiagem. Ela amava e ainda ama essa vida. Vida da qual não pertenço, apenas estou por acaso.

— Ei é pra dançar não pensar gata! — Diz alguém atrás de mim. Viro e vejo o mascarado vestindo um jeans surrado, camiseta preta com estampa de âncora e um casual vans preto.

O que ele faz aqui?

Ele ri ao ver minha cara assustada e segura minha mão direita a colocando por cima dos ombros, a esquerda ele segura fazendo nossos corpos colarem um no outro. Tento me afastar mas a multidão e seu corpo não deixam. Enfim me deixo levar, sentindo sua mãos descerem pelo vestido de couro preto médio que Kate me indicou, seus dedos tocam minha costa nua, fazendo arrepios excitantes por meu corpo , ao me movimentar sinto o leve puxar das meias tarrafas pretas em minhas pernas.

Ficamos em silêncio até ele intervir:

— Eae seu cão de guarda não tá aqui?

Bufo e reviro os olhos. Ele tinha que abrir a maldita boca.

— Não fale assim de Apollo.

Ouço seu riso abafado por trás da máscara.

— Ops, foi mal... E então?

— Não, e você já sabe disso.— Respondo a contra gosto.

Ele ri mas uma vez e encosta a cabeça em meu pescoço.

— Sei sim gata e sabe o que sei mais?

Faço que não com a cabeça.

— Que preciso me controlar pra caralho pra não te pegar.— Dispara e consigo sentir seu hálito fresco refrescar até minha alma.

Me afasto um pouco dele até ele voltar a segurar minha mão e prender suas mãos sobre minha cintura. Não sei se sou teimosa ou orgulhosa... Acho que um pouco dos dois.

Ficamos assim até outra música tocar. Uma mistura de eletrônica com trap, gosto de traps me fazem lembrar de rap, hip hop se depender até do jazz. Inspiro fundo e tomando coragem o encaro.

— Tenho uma pergunta.

Ele se remexe sem jeito.

— Então somos dois.— Suspira evitando me olhar.

—Sem essa... Eu falei primeiro.— Brigo e ele assente.

— Tudo bem.

Meneio a cabeça e murmuro:

— Por que anda com essa máscara, você é um foragido da polícia ou....

Ele levanta os braços em rendição.

— Ei, eu pensei que teria dito que era apenas uma pergunta.— Intervém brincalhão.

Reviro os olhos.

— Digamos que tenho várias. Dizer que tenho uma pergunta foi só um pretexto.— Falo olhando Kate piscar os olhos pra mim e voltar a sua dança maluca com alguns garotos.

— Hum... Pois tenho uma proposta.— Balbucia pensativo volto meu olhar pra ele.

— Odeio propostas....

Ele toca meu nariz com o indicador.

— Dessa você vai gostar.— Afirma.

— Duvido.

Arqueio as sobrancelhas a espera do que ele acha "interessante".

— Que tal se cada um fizer uma pergunta? Assim conheço você melhor e você me conhece.—Sugere orgulhoso.

Pisco incrédula.

— Não quero conhecer você... Só tenho dúvidas.— Digo hesitante.

Ele cruza os braços.

— Exatamente, e então aceita?

Entorto a boca e dou de ombros.

— Infelizmente.— Faço que sim com a cabeça.

— Então vamos começar... Mas não aqui.— Fala com ar de nojo na voz.

— Quê?— Fico confusa, mas ele parece bastante determinado.

— Ah, qual é gata... Vem comigo.— Diz puxando minha mão pra fora do local. Se Apollo tivesse aqui, ele me diria pra não confiar em ninguém, principalmente em um garoto que mal conheço.

"A diferença é, Apollo não está aqui. Viva sua vida sem se importar com os outros"!— Me lembra meu subconsciente e assim o faço.

Viro de lado e vejo Kate virando um copo de ice. E apesar de odiar a deixar sozinha percebo que ela não está só, há algumas garotas ao seu redor colegas eu acho e uns garotos que ela conhece. Então saio lado a lado com o mascarado.

Que por algum motivo quer conhecer minha vida.

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora