42- Estranho convite!

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As ruas estavam desertas, o som que se ouvia era apenas o do vento na noite escura e mesmo sozinha não conseguia parar de pensar em Apollo e em seu jeito carinhoso, ele sempre foi como um pai pra mim, sinto até saudade dele... E de seu sorriso brincalhão, de quando me obrigava a dormir depois de eu querer na madrugada fazer meus exercícios de agilidade e flexões sem parar. Ele adorava implicar comigo, de se importar comigo, de me proteger. Com a costa da mão esquerda enxugo minhas lágrimas e após passar em frente a uma pracinha ali perto, decido ficar e me instalo em um dos bancos vazios.

Inspiro fundo e abraço as pernas. O frio está me torturando as poucos e aceito como uma lição.

- Se fosse seu pai te obrigaria agora a voltar pra casa, nem que fosse a tapa.- Murmura alguém se aproximando e com pouca claridade fica difícil reconhecer.

Sem dizer nada o observo até ver sobre a luz fraca, ele tirar seu casaco e deixar a mostra seus bíceps, cobrindo meus ombros que tremiam descaradamente. Levanto o olhar novamente pra ele que mantém seu rosto coberto por aquela estranha máscara.

- Ma-mascarado?- Gaguejo incrédula.

Só pode ser brincadeira.

- Olha Apollo me chama de Collins, então sinta-se autorizada a me chamar também... Se quiser claro.- Diz com voz brincalhona.

Arqueio a sobrancelha pra sua prepotência.

- Máscarado parece bom...- Ele bufa e pergunto:-  E o que faz aqui?

Seu pós suspiro soa reprovador e diz:

- Ora o mesmo que você.- Espera que eu o entenda, mas permaneço confusa.

Ele ri baixinho e cruza as pernas olhando pro céu. Faço o mesmo. Por mais que odeie, sua presença sempre me tranquiliza e me faz querer voltar atrás em minha fulga. Nem deveria ter vindo pra cá, saído de perto dele pareceu simples... Agora? nem sei mais.

- Seu lugar não é aqui!- Dispara com a voz mais grave que o normal.

Engulo em seco e franzo o cenho.

- Meu lugar é onde eu quiser.- Rosno e por dentro sei que ele está certo.

Seu riso abafado faz o silencio se dissipar e em instantes ele já está em pé a me encarar. O observo de volta.

- Estou indo...- Solta como um aviso.

Encolho os ombros.

- O que quer?... Um abraço? pode ir.

Suas mãos se unem e fazem um breve aplauso.

- Já disse que você é um amor de pessoa?

- Tenho uma pergunta...

Ele volta a me examina por um tempo.

- És a questão você sempre tem.-  Cruza os braços sobre o peito e fica ali bem a minha frente a me encarar e mesmo sem olhar seu rosto sinto seu semblante de desinteresse no ar.

Fico em silencio por um tempo até que solto:

- Por que acho que você esta me seguindo? Ele te pagou pra me seguir? quanto ele te deu?...- Ele levanta os braços em rendição e continuo:- Por que meu" anjo da guarda" você com certeza não é... Que droga, responde logo a pergunta.

Abro bem os olhos a espera de sua resposta.

- Qual das?- Intervém.

Bufo e reviro os olhos.

- Sem graça... Responde!

Ele cruza e descruza os braços, iniciando uma leve batida com o indicador na máscara. Pisco irritada e levanto do banco.

- Responde!- Grito fazendo minha voz ecoar por todo o lugar.

-Não sou anjo e tou longe de ser um... Ninguém me pagou pra nada e se quer saber acho que já está mais que na hora de você sair daqui.- Argumenta vindo apressadamente até mim e me puxando pelo braço.

Me afasto dele, mas suas mãos grossas me prendem.

- Ou... o que pensa que ta fazendo...

Ele para de andar e vira pra mim.

- Não tou pensando...- esbraveja por trás da máscara e isso realmente me assombrou. Ele percebe e me solta devagar.- Entende garota... Essa de fugir não é pra você... Sair beber... e sem falar na discussão que levou a briga... uma briga tola na verdade...

Fico em silencio o olhando surtar. Como assim ele sabe sobre a briga? e o que exatamente tá acontecendo com ele?

- Hein? porra cê realmente ta me seguindo? e eu não briguei por besteira... Aquela garota me irritou... o que você sabe sobre mim? não sabe nada. Apenas acha que sabe.- Disparo irritada e ele cruza os braços. Dou meia volta e ando em direção ao banco.

- Sei que você passou por várias dificuldades assim como eu, que não suporta a vida da sua mãe, que Apollo não é apenas o homem que a ama é como um pai pra você... Que se pudesse nesse exato momento você iria embora e que se arrepende por tudo!- Diz num tom que nunca tinha ouvido.

Fico em silencio deixando as lágrimas encharcarem meu rosto e me jogo no chão.  Sua confissão me deixou sem sentido e agora sei que ninguém mais sabe de mim, do que sinto além dele. Quem realmente é esse garoto? Luto contra o desespero, mas já é tarde demais e já estou literalmente desesperada a soluçar. Rapidamente ele está ao meu lado e sem hesitar toca meu rosto com a mão direita, em seguida me puxa pra si.

- Vamos?- Investe levantando do chão e segurando minha mão.

Pisco sem jeito. E sem hesitar e sem saber pra onde aceito saindo dali junto a ele. Posso me arrepender, mas qualquer lugar é melhor do que este. Disso tenho certeza. e por mais estranho que seja algo em seu convite me faz confiar.

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora