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Depois de dobrar a primeira esquina que leva para o pier da cidade vejo a casa de Kate escondida em um dos becos escuros. Paro em frente ao beco e desligo a moto. O local fede a peixe podre e pelo chão vejo garrafas de cerveja vazias. Pego meu capacete e o jogo pelo braço.

Saio rapidamente da moto e ando pelo beco em direção a casa de Kate. Rolo os olhos pelas paredes escuras enquanto ando, até que vejo alguém sair da casa e se escorar na porta. Semicerro os olhos. Tentando reconhecer. Nada. Apenas sei que não é Kate. Me aproximo e a pessoa vira o rosto pra mim como se quisesse me reconhecer também. Nos encaramos.

É um garoto, deve ter mais o menos a minha idade, está de camisa moletom, bermuda jeans rasgada e cabelo bagunçado. Seu jeito brusco de fumar o torna sexy, porém intrigante. Ele sorri ao ver que eu o observo e traga seu cigarro, depois com ignorância o sopra sobre meu rosto com desdém dando uma baforada e gargalha.

Fecho o punho.

Vou te mostrar quem é Ruby seu palhaço!. Penso e me preparo pra encher esse infeliz de soco, mas sou interrompida:

— Oh... Ruby pensei que não viria. — Diz Kate atrás dele.

Ainda encarando o cara escroto falo:

— Oi Kate... Quem é o verme?

Ele sorri de lado e me fita com desdém.

— Esse é meu irmão... Agora parem de se encarar né. Tá ficando chato.— Retruca me fazendo desviar o olhar dele.

Olho pra Kate e mostro um meio riso.

— Prazer gatinha, sou Arthur o tal verme.— Brinca virando pra Kate e beijando sua testa— Se ela não fosse tão rabugenta eu pegava.

Serro os dentes.

— Não posso dizer o mesmo.— Rosno e ele me olha sorrindo.

Ah garoto, eu adoraria tirar essa sua carinha de pivete com socos e pontapés.

Depois de me olhar pisca pra mim e entra em um dos quartos.

Viro rapidamente pra Kate.

— Desde quanto você tem irmão?

Ela ri e joga seus braços sobre meu pescoço. Me dando um grande abraço. Nos abraçamos.

—  O conheci ontem, cê acredita que ele veio me procurar depois de tantos anos, ele é filho do meu pai com outra mulher... Aquele lance de irmão filho de outra mãe, sacou?!?

Fico confusa. Mas entro na pequena casa e sento em um sofá branco rasgado. A sala dispõe de duas cadeiras de madeira já desgastadas, seu sofá inseparável antigo. Um rack de dois compartimentos onde cabe televisão e receptor entre controles. Uma lâmpada de iluminação fraca no centro que pisca as vezes e uma foto dela com a mãe e o pai. Quando criança.

— Ele é um verme você sabia?— Murmuro tirando minha jaqueta e ficando apenas de cropped.

Ela gargalha. Olho pra Kate de baixo pra cima ela está em uma das suas roupas aleatórias, um vestido rosa rodado de alça médio e cabelo preto amarrado em trança. Kate não se parece nem um pouco comigo, somos morenas, mas a estrutura corporal dela é magra. Uma morena linda eu diria.

— Sei disso também Ruby. Mas e você como está? Ah, antes que me diga... Eu quero te mostrar uma coisa não sai dai.— Sugere entrando em seu quarto do lado esquerdo.

Fala como se eu fosse sair correndo. Levanto do sofá e decido pegar o controle do rack ligo a pequena televisão e vejo uma novela local em um dos canais. Odeio novelas, mas por falta de opção decido ficar no mesmo canal.

Ringues do coração♥Onde histórias criam vida. Descubra agora