Um.

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Beatrice.

Mais um dia exaustivo e extremamente frustrante. Após duas aulas de comunicação e uma falta  momento não tenho ideia de como sumiu. E como nada é tão ruim que não possa piorar, todos os meus documentos, apostilas, livros de estudos e o pouco de dinheiro que me restava, estavam dentro da mesma.

Depois de desistir de achar a maldita bolsa e resolver caminhar por pelo menos 30 minutos até o lado de fora do campus universitário. 

Confirmo que a sorte realmente não estava ao meu favor, quando  no momento em que avisto o  ponto de ônibus, consigo ver o ônibus se afastar da parada do campus, tento fazer parada e corro o máximo que posso atrás do ônibus, mas o motorista  apenas acelera e todos dentro riem.

Que vida maldita essa minha!

E Lá se foi a minha única esperança. O próximo ônibus sairia 2 horas mais tarde, o que definitivamente não era uma opção para mim. Penso em pegar um táxi, mas tudo que tinha eram 10 libras. Eu poderia solicitar um uber, mas o telefone estava sem sinal.

 Droga, droga, um milhão de vezes droga!

Eu precisava estar no café onde trabalhava em 30 minutos e eu não poderia me atrasar. Uma falta descontava 50 libras e cada centavo era de extrema importância para mim. Sem pensar duas vezes, aperto o casaco em meu corpo e começo a andar pelas ruas vazias e frias.  Duas ruas depois eu já estava exausta e como tudo sempre pode piorar, pequenas gotas de chuva começavam a cair, me fazendo odiar ainda mais minha maldita existência. Alguém lá em cima só poderia estar muito chateado comigo. 

A chuva ficava a cada segundo mais forte, fazendo com que minha única opção fosse correr para um abrigo, parando ironicamente na calçada de uma das lojas mais caras e bem frequentadas da cidade, onde eu demoraria um bom tempo para pôr os pés. E apenas uma coisa poderia tirar minha atenção de o quão miserável eu me sentia..  A minha frente estava o vestido mais lindo que eu alguma vez já vi. Preto, costa nua, alças finas, um decote modesto, pelo menos dois palmos acima do joelho e justo de uma forma um tanto apelativa. Meus olhos inicialmente brilharam, mas toda a minha euforia foi por água a baixo ao ver os números presentes na etiqueta. Em um cálculo rápido cheguei a conclusão de que deveria trabalhar pelo menos 3 meses sem folga para poder pagar aquele valor. Minha atenção é voltada para duas mulheres saindo da loja. Cabelos bonitos, pele perfeitas, corpos de causar inveja e roupas ainda mais bonitas. Elas definitivamente tinham sem esforços o que eu lutava todo dia - sem êxito - para ter.

E claro, ele estava lá! Mais uma vez o olhar de repulsa, pena e tudo o que alguém que tenha poder aquisitivo esboçava ao olhar para alguém igual a mim. Seja no café, na faculdade ou em qualquer outro lugar, ele sempre está lá. Com um suspiro e um revirar de olhos, sigo meu caminho, andando o mais rápido que podia, enquanto a chuva ainda estava caindo.
Quando finalmente entro no coffe's house dou de cara com Gerard, com uma carranca enorme e pronto para me encher a paciência.

Caminho o mais rápido que consigo para o banheiro e coloco o avental por cima da roupa molhada mesmo, já que meu uniforme se perdeu junto com todas as minhas coisas que estavam na bolsa. Faço um coque e saio do banheiro. Quando chego ao balcão Rose sorri e me entrega o bloco de notas no exato momento em que um cliente adentra no café.

Caminho até a mesa do cliente e dou um suspiro quando o mesmo me observa de cima a baixo.

- Boa tarde. O que o senhor gostaria de pedir?

- Ainda não escolhi. - E volta a sua atenção ao cardápio, sem ao menos se importar com minha presença.
Ainda mais impaciente, bato os pés no chão e cruzo os braços na altura dos peitos.

- Um café preto sem açúcar, por gentileza. - Reviro os olhos e caminho em direção ao balcão para entregar o perdido. E volto até a mesa para atender o próximo cliente.

The prostitute - L.tOnde histórias criam vida. Descubra agora