Três.

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08:59

Eu andava de um lado a outro em frente a casa e estava a ponto de desistir. Eu me arrumei a algumas horas e decidi esperar aqui em frente, ou eu provavelmente desistiria. Minha mãe me olhava como se soubesse que eu estava aprontando algo e meu irmão, Pedro, me enchia de perguntas.

Olho no relógio e ele marca as 9:00, eu iria entrar e desistir, mas uma buzina foi ouvida e eu me virei, encontrando um carro preto com os vidros fechados, os vidros eram completamente escuros e eu cogitei se deveria entrar, mas o que um carro daquelas faria naquela zona  da cidade?  Abri a porta traseira e entrei no carro. Um homem de terno e óculos escuros estava no volante.

- Bom dia. - Eu tentei puxar assunto, mas ele simplesmente ignorou e começou a dirigir. Os vidros estavam fechados e o ar estava ligado, me fazendo ter uma sensação estranha, mas eu tentava a todo custo me distrair. Brincava com minhas unhas, encarava a paisagem que se passava lá fora ou simplesmente me concentrava em não surtar. Depois de um pouco mais  30 minutos ele dobra em uma rua menos movimentada do centro e para o carro.

- Nós chegamos? - Eu questiono.

- Desce do carro. - É a única coisa que ele diz, sua voz é grossa e manda arrepios para todo o meu corpo. Eu estava com medo.

Desço do carro sem questionar e fico parada no meio da rua. O carro acelera e sai de ré e eu estou sozinha. Tudo o que existe dos dois lados são enormes balcões e não á ninguém. Exceto pelos mendigos que passam no fim do beco, mas ninguém parece se importar comigo. Escuto um barulho e em questões de segundos um enorme portão está aberto e um homem vestido também de terno caminha até mim e me puxa pelos ombros, fechando a porta assim que entramos no lugar.

- Bom dia, querida. Me desculpe pela recepção calorosa de meus meninos, eles não sabem brincar. - O homem do dia anterior está em minha frente. - Seja muito bem vinda ao seu futuro lar. - Ele estende os braços e eu olho em volta.

Existem mesas e cadeiras por todo lado, duas paredes estão repletas de bebidas de todos os tipos e em frente a elas existe um enorme balcão, no meio do salão existe um enorme palco,  e algumas mulheres passam pano no chão. Elas me olham com uma cara feia, mas mudam o olhar de direção quando o homem olha pras elas.

- Venha, querida. Vamos conversar mais a vontade. - Ele me guia para o fundo do salão. Passamos pelo tal palco e eu sinto olhares em mim, mas ele me guia pelas escadas acima. Entramos em um enorme corredor e existem inúmeras portas, umas 20 de cada lado. Existe uma no fim do corredor de frente para nós e é até lá que ele me leva. Assim que nós entramos ele fecha a porta e eu observo que é uma espécie de escritório. Existe uma enorme mesa, provavelmente feita de uma madeira bem cara e atrás dela tem uma enorme poltrona, consigo imaginar o quão confortável ela é só de olhar. O homem caminha até ela e sinaliza para que eu me sente em uma cadeira do outro lado da mesa, que não é tão confortável assim.

- Bom.. Vamos ao que interessa. Eu não me apresentei a você. Não é? Meu nome é Bob. - Ele estende a mão e eu a aperto sem graça. - Agora sim. Vamos ao que interessa. Como você pode ver, isso aqui é uma boate. Mas não uma boate qualquer. Nessa boate nós trabalhos com prostitutas. - Eu respiro fundo.- Sim. Prostitutas, não haja como se eu estivesse falando  de uma coisa de outro mundo. Elas estão em todo lugar. Na tv, no rádio, naquelas enormes concursos de beleza e até na igreja. - Ele ri irônico e acende um charuto. - Bom. Acho que você é esperta o suficiente para saber o que você está fazendo aqui e o que eu estou te propondo. Funciona da seguinte maneira. Metade seu, metade meu. - Ele sorri. - Nós não trabalhamos com escravidão, sequestro ou essas coisas que a televisão mostra. Todas estão aqui por livre e espontânea vontade e amor ao dinheiro. O que você me diz? - Ele me olha e solta o fumo pelas narinas.

The prostitute - L.tOnde histórias criam vida. Descubra agora