Sasuke e Sakura - A História Nunca Contada

Capítulo Um

Voltando para Casa

*SASUKE

Caminho devagar pela floresta onde pássaros cantam e cobras deslizam pelo chão a procura de uma presa. A brisa faz cócegas no meu rosto e raios de sol perfuram através das altas copas das árvores, tornando bela a coisa mais comum do mundo. A sensação de paz dura pouco.
Itachi. Sempre Itachi.
Sento-me á beira de um riacho, onde tiro as sandálias e coloco os pés na água e tento acalmar minha mente transbordada de dor. Sim, a dor. Ela é uma companheira antiga. Ficou comigo quando todos se foram. Somente a dor me faz lembrar que ele existiu.
-Desculpe, Sasuke.
Essas foram exatamente suas últimas palavras. Suas últimas palavras antes de seu coração parar de bater. Suas últimas palavras antes de sorrir pela última vez.
Um sorriso que eu matei.
Sua voz ainda é tão ávida na minha mente, seu sorriso me traz uma sensação de paz, mas ao mesmo tempo de saudade e inveja.
Saudade dos tempos que passávamos juntos, dando risadas, escondendo segredos dos nossos pais, brincando e treinando todas as tardes até o sol se por.
E inveja pelo tempo que nos foi negado.
Sei que imaginar não vai ajudar em nada. Mas o que posso fazer? Itachi só vive nas minhas lembranças. Eu tenho que mante-lo vivo em minha mente para nunca esquecer o que ele fez e por tudo que passou. Fico imaginando o que seria de Itachi se o clã Uchiha não tivesse planejado um golpe de estado para tomar o poder de Konoha. Ele continuaria sendo Shinobi? Teria sido instrutor na academia? Teria construído um time? Teria se casado? Tido filhos?
Quem seria Uchiha Itachi?
Meu irmão mais velho ou apenas um obstáculo para ser superado?
O vento traz consigo lembranças que não consigo apagar, e sensações que não consigo entender direito. Percebo que estou me afogando novamente no ódio, no "e se".
Levanto-me, calço minhas sandálias e caminho até a beira da montanha. As folhas dançam conforme o vento muda, trazendo uma sensação de nostalgia ao pensar no amigo que deixei para trás. Meu único amigo. Odeio admitir mas preciso daquele cara. A dependência trás um gosto ruim a minha boca. Mas fazer o que? Aquele cabeça oca simplesmente merece crédito por me trazer para a margem novamente.
Pelo visto vou ter uma bela caminhada pela frente. Finalmente vou voltar para casa.