Capítulo Onze

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De Volta ao Lar


*SASUKE

Os minutos parecem horas.
Quando se fica muito tempo parado você começa a pensar demais, então a sua mente fica cansada, o que é pior que cansaço físico.
Depois de uma semana de fisioterapia contínua já consigo caminhar até fora de casa. Mas só o esforço de descer a escada já me deixa cansado e sem fôlego.
Sakura e eu escolhemos uma casa perto o bastante do hospital, mas longe o bastante da minha antiga casa.
Sakura não me olha nos olhos desde que chegamos. As conversas são sempre muito profissionais, e ela quase nunca está em casa. Passa a maior parte do dia no hospital, e quando chega aqui está cansada demais, ou não quer conversar comigo.
Eu não deveria me importar.
Passei muitos anos sozinho, sem conversar com ninguém, sem ter contato com ninguém, mas com ela é diferente.
Ela não me olha estranho, não fica olhando para os lados procurando uma saída, ou finge que não me vê.
Ela realmente me conhece.
Isso me incomoda um pouco, porque eu não sei se quero que ela veja quem eu realmente sou. Mas, como eu disse, ela não fala mais comigo. Aliás, ela nem queria ficar "cuidando" de mim. Ela fez várias objeções para Kakashi, dizendo que qualquer ninja médico poderia lidar com isso, e que tinha coisas mais importantes para resolver do que bancar a babá.
Admito, aquilo doeu um pouco.
Antes eu era o sol pra ela, tudo se resumia a mim. Mas agora... Ela nem sequer me olha nos olhos. Acho que ela desistiu depois de tantas decepções e patadas. Não que ela esteja errada, eu realmente só machuco as pessoas a minha volta.
Mas...
Mesmo assim, eu gostava de saber que tinha alguém que me amava e que esperava por mim, agora eu sinto apenas arrependimento por não ter dado valor.

- Viajando novamente no mundo da lua, Sasuke? - pergunta Hika.

Hika é meu fisioterapeuta psicopata. Ele mede 1,50 de altura e deve pesar uns 40 kg, tem uma barbicha ridícula e anda com uma confiança surpreendente para um anão. Mas não se deixe enganar pela aparência, ele todo dia me manda fazer um monte de exercícios suicidas, e eu faço, sem reclamar. Hoje ele me fez dar dez voltas ao redor da casa. Estou na minha 6° e já estou quase tendo uma parada cardiorrespiratória.

- Vamos lá, Sasuke! Até a minha avó consegue fazer isso melhor que você. Lembre-se: inspira pelo nariz e expira pela boca. - Hika grita para mim.

Cerro os dentes e continuo. Sério, quando eu me recuperar eu vou dar uns coques nesse cara.
O sol está se pondo e eu consigo identificar a silhueta de Sakura de longe. Ela está caminhando com um cara, e o pior: ela está sorrindo.
Sinto uma sensação quente e borbulhante subindo pelo meu estômago, e por mais que eu tente, não consigo identificar o que é.

Sakura sorri tanto que tem que parar de caminhar para recuperar o fôlego. O cara que está andando com ela é magro, do tipo musculoso, cabelos platinados, e olhos cinzentos.
Não que fosse minha intenção espiar, mas não consigo evitar e me escondo atrás da casa.

Os pombinhos param na porta de entrada, e então Sakura se vira para ele e diz.

- Então, é aqui.

O cara da uma olhada em volta e levanta as sombrancelhas.

- Uau, é uma bela casa.

Pois é, babaca. E é a minha casa.

Sakura sorri pouco a vontade, e da um sorriso de desculpas.

- É temporário, estou aqui em uma missão, mas logo voltarei para casa.

O cara sorri e pega a mão dela.

- Não precisa se explicar, eu entendo. Sabe não deve ser muito legal morar com ele.

O que? Ele sou eu? Quem esse cara pensa que é?
Sakura fica calada e recolhe gentilmente sua mão.

Sasuke e Sakura - A História Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora