Capítulo Dois

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Confissões.

*SAKURA

Odeio refazer curativos.
Sinceramente, você tem todo trabalho para fazer algo bom, bonito e anestésico e as pessoas ainda tentam se matar. E aparecem com um sorriso bobo e um olhar cínico na cara. Se não fosse pela quantidade de pessoas na fila eu daria um soco na cabeça oca de Naruto.

- Quantas vezes será necessárias para você entender que ainda está em recuperação? - reclamo.

Naruto suspira.

- Tem bastante missões na vila ultimamente, está todo mundo muito ocupado e dando tudo de si. Tenho que dar o melhor de mim também.

Olho com dureza para Naruto e amarro a atadura da ferida com mais força que o necessário.

- Ai, Sakura. Não precisa disso tudo. Você também não facilita.

Faço um som parecido com "hufmp"

- Não adianta nada você querer se dedicar a vila se você morrer por infecção. Essa é a terceira vez que você machuca esse braço. Não sei como a Hinata te aguenta.

Seus olhos se iluminam e ele dá um sorriso de orelha a orelha. Isso acontece toda vez que ele ouve o nome dela. Pelo jeito as coisas vão bem em casa.

- Hinata me ama. Tipo me ama mesmo, não é como você que me rejeitou durante anos. - ele diz a última frase com um brilho de divertimento nos olhos azuis.

Dou um sorriso de lado e fico procurando falhas em meu curativos. Como não acho nenhum, dou um suspiro e olho para Naruto.

- Você não gostava de mim. Tinha ciúmes porque eu gostava do... Gostava dele.

Naruto dá uma boa gargalhada, fazendo com que todos olhem em nossa direção. Esse é o crédito por salvar o mundo ninja. Ninguém briga com você por nada. Nem por gritar em um hospital.

- Isso é verdade. Eu acho que tinha tipo uma síndrome de Estocolmo.

Olho fixamente para ele.

- Você sabe o que é a síndrome de Estocolmo?

Naruto faz um muxoxo debochando da minha cara.

- Claro que eu sei... Bom, mas isso não importa. - Paro de arrumar o meu curativo já perfeito, e levanto o olhar. A mudança na voz de Naruto é clara. - Você teve notícias dele?

Olhos para minhas mãos e balanço negativamente a cabeça.

- Ele não me mandou nem uma mensagem, eu... - Minha voz falha e eu pigarreio para afastar as lágrimas que ameaçam rolar. Sakura, você está no trabalho! Controle-se! - Eu acho que deve ter acontecido algo. Ele nunca ficou muito tempo sem dizer onde estava e como estava. Sua última correspondência era um pouco estranha.

Naruto olhava para o outro lado da sala com a testa franzida. Fico grata por ele não ver meu olhos. Naruto tem um dom de ver a dor nos outros. Não é a toa que dizem que os olhos são as janelas da alma.

- O que estava escrito na carta? - ele pergunta ainda com a testa franzida.

- Dizia: "Irei me ausentar por uns tempos." Somente isso. - Respondo imediatamente. Já tinha decorado todas suas cartas para mim, além de guarda-las em uma caixa debaixo da minha cama. Muitas vezes dormia com elas. Não que eu fosse admitir isso pra alguém.

Naruto se levanta derrepente e eu desperto do meu desvaneio.

- Estou indo, vou dar um jeito nisso, Sakura. Não se preucupe.

Ele sai tão rápido que não deu tempo nem de dar os remédios para aliviar a dor. Fico lá olhando, com os remédios em mão e cara de boba enquanto ele corre a procura do homem que eu amo.

Sasuke e Sakura - A História Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora