Capítulo Sete

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Revelações

*SAKURA

Fico imóvel.
Não consigo parar de olhar os olhos cor de petróleo de Sasuke. Ele olha para mim com uma mistura de dor e saudade. Meu coração parece querer escapar do peito com aquele olhar. Tudo que eu queria era acabar com sua dor e sofrimento, mas a única coisa que posso fazer é esperar o antídoto fazer efeito. Enquanto isso Sasuke continuará tendo alucinações.
Por mais que eu queira saber mais sobre seu passado, não posso simplesmente me aproveitar da situação e fazê-lo me contar a história da sua vida. Forço um sorriso e fico tentada a acariciar sua bochecha, mas me contenho, com medo de que ele não aprecie meu toque. Isso fere meu peito. Estar tão perto dele, mas ao mesmo tempo tão longe.

- Sasuke - falo baixinho, tentando encontrar as palavras. - Sou eu, Sakura. Sua mãe não está mais aqui, ela mo...

Sasuke arregala os olhos e respira fundo.

- Mamãe! Mamãe, você tem que salva-lo! Itachi precisa de você. Precisa salva-lo de mim, mamãe! Eu...

Sua voz falha, mas sua expressão é puro desespero e tristeza, como se ele não aceitasse que matou o irmão, e pretende salva-lo. Hesitante eu respondo.

- Está tudo bem, Sasuke. Mamãe está aqui. Itachi está seguro, ele ama você.

Falo isso com uma voz suave, tentando acalma-lo. Ele parece relaxar um pouco, sua expressão se suaviza e ele fecha os olhos.
A ideia de Sasuke me chamar de mamãe é bizarra, e me assusta um pouco. Mas se isso acalmar seu coração, por mim não tem problema.
Ele ainda se sente culpado em relação ao irmão.
Itachi matou seu clã para proteger Sasuke e sua vila, e Sasuke matou Itachi sem saber disso, só depois de ter o matado soube a verdade. Que Itachi amava tanto Sasuke e sua vila que preferiu carregar o ódio de todos a permitir que uma guerra acontecesse.
Ainda não conseguia entender direito o que Sasuke sentia, mas tenho certeza que ele sente falta do irmão.
Como se meus pensamentos fossem uma deixa, Sasuke fala com os olhos fechados.

- Ele não devia me amar. Eu sou mal. Faço mal aos outros ao meu redor.

Meus olhos enchem de lágrimas e dessa vez não me contenho, acaricio seu rosto e tento não soar com a voz embargada.

- Não, querido. Você não é mal, você somente não sabia. Você é uma pessoa boa Sasuke, só não sabe disso ainda.

Sasuke franze as sombrancelhas, ainda de olhos fechados.

- Então porque papai não gosta de mim? - Sasuke pergunta com uma cara um pouco emburrada. Seria fofo se não fosse tão trágico.

Fico sem resposta pra isso. O pai de Sasuke não gostava dele? Como um pai pode não gostar do próprio filho? Kakashi me contou que o pai de Sasuke era exigente de mais. Exigia que seus filhos fossem disciplinados e corajosos. Mas nunca me passou pela cabeça que o pai não gostasse dele. Tento parecer otimista.

- Bom Sasuke... Seu pai gosta bastante de você, ele apenas não demostra... - Arrisco falando isso, porque pra mim é impossível alguém não gostar dos filhos, acho que ele somente era muito reservado como Sasuke. - Seu pai... Ele, bom... Ele se orgulhava bastante de você, disso eu tenho certeza.

Sasuke abre os olhos e seu olhar me pega de surpresa. Fico tão perdida com o olhar que ele me dá que esqueço que ele está lançando esse olhar para a mãe dele, e não para mim. Ele olha para mim, quer dizer para ela( isso é muito confuso!) com tanto amor e adoração que fico pensando que tipo de mulher ela era. Devia ser uma mulher extraordinária.

- Sinto sua falta, mamãe. E do papai também.

De novo, lágrimas vem aos meus olhos, e eu tento não chorar, porque sei que essas palavras não são para mim.

- Nós também sentimos sua falta, Sasuke. Muita mesmo.

Mas quando disse essas palavras, não estava mais interpretando a mãe de Sasuke. Estava sendo eu mesma. Como eu poderia ter tido a idéia de que conseguiria esquecê-lo? Como poderia? Depois de tudo que passamos, de tudo que vivenciamos, as alegrias, as brigas, as tentativas de matar um ao outro, (okay, esqueça essa. Não foi nada legal) e até mesmo as missões bobas juntos. Tudo isso fazia meu peito querer explodir de saudade. Minha garganta embarga só de lembrar que já tentei mata-lo.
Ah, eu o amo.
Deuses, eu o amo tanto.
Meu amor por ele não é somente pela beleza dele, mas sim pela pessoa que é. Me apaixonei pelo seu jeito sinistro de ser, seu jeito de andar, de falar e até como ele era convencido. Mas o tiro decisivo para a minha paixão foi seu sorriso.
Ele não sorria muito, mas quando sorria era como se o sol explodisse dentro de você. Te aquecendo, mas ao mesmo tempo te destruindo.
Com esses pensamentos deve ter passado dez minutos ou duas horas. Não sei ao certo. Tenho a fama de me perder nos pensamentos.
Fico tão distraída olhando para as velas que não percebo que ele estava me fitando.
Realmente, me fitando.
A mim, Sakura. Não a sua mãe.
Não sei por quanto tempo ele está olhando para mim, mas fico tão espantada que abro minha boca em surpresa e coro desviando o olhar. Sasuke se limita a olhar para mim uma última vez antes de dormir.

Sasuke e Sakura - A História Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora