Capitulo I: Esse sou eu?

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Essa história... Sempre fujo e de alguma forma, algo sempre me puxa de volta para cá. Eu realmente já perdi as contas de quantas vezes vim aqui e a reescrevi. Mas acho que enfim chegou o momento em que ela deve chegar a sua conclusão. Vamos começar do início de toda essa bagunça; se essa história é verdadeira ou fictícia? Vou deixar que você querido leitor tire suas conclusões.

Me chamo Elí, tenho 20 anos de idade. Atualmente, moro em uma cidade maravilhosa chamada Recife. Creio que isso remete bastante ao título desse capítulo, mas... Não é esse Elí quem quero apresentar aqui; vou mostrar um que talvez nem a minha própria mãe conheça, fatos que nem eu mesmo recordava. E para isso, temos que voltar um pouquinho no tempo.

Se bem me lembro, era uma densa manhã de Sexta-Feira. Pouco podia-se ver na rua por conta de uma forte neblina que cobria Suzano, um pequeno município na grande cidade de São Paulo. Por incrível que pareça e para o meu completo azar, aquele dia era o fatídico primeiro dia de aula, uma Sexta-Feira. Com toda certeza, a minha amada mamãe não me deixaria faltar o primeiro dia, independentemente de ser uma sexta-feira, o último dia útil da semana! Na cabeça dela, isso devia fazer algum sentido.

Levantei carregando o peso de toda preguiça e sono do mundo nas costas; eu sequer falei com minha mãe naquele momento, fui direto para o banheiro. Água quente! Lembro que aquilo era o que me salvava todas as manhãs, mesmo que por um curto período de tempo; tinha a sensação de estar no melhor lugar do mundo.

Assim como qualquer outra coisa na minha vida, até aquele momento de prazer passava-se rápido demais. Quando tornei a consciência a mim, já estava vestido com o uniforme sentado à mesa, esperando apenas minha mãe vir com leite, a qual ela havia acabado de aquecer, para despejar na tigela à minha frente e acompanhar os cereais. No momento em que ela colocava o leite, algo pude notar mesmo que de relance; sob o rosto de minha mãe, uma expressão pesada pairava. Seus olhos esbugalhados juntamente de suas fundas olheiras desenhavam um olhar exausto e tristonho, mas a única coisa explícita que ela mostrava (sendo forçado ou não) era o seu sorriso, que, independentemente de qualquer coisa, estava ali presente transmitindo o simples e puro sentimento de que tudo daria certo. Mas não sei bem se deu.

Não vou negar que não estava nem um pouco empolgado para a escola; todo o ânimo possível acabou se perdendo dentre as várias outras mudanças que, gostando ou não, tive que fazer ao decorrer da minha pequena vida. Mas lá estava eu, caminhando entre a neblina; com meu casaco preferido, as mãos fixas nos bolsos da calça e o olhar distraído para o chão.

— Filho, se aproxima do portão. Só vou poder vir até aqui, prometo esperar você entrar. - Disse minha mãe enquanto se afastava.
— Claro mãe, obrigado. Tome cuidado na volta! - Com certeza, isso era o sensato de um bom filho se dizer, mas naquele momento minha indiferença naquele local era tão grande que pude apenas lhe responder com o mais frio balançar de cabeça possível. Talvez nem olhado em seus olhos na despedida havia feito.

O sinal enfim havia tocado, indicando que todos aqueles (alunos) à frente do portão já tinham permissão de entrar na escola e procurar informações sobre sua turma. Elí, 12 anos, entrando pela 3ª vez no ano em mais uma 'escola nova'.

O sol de um futuro distanteOnde histórias criam vida. Descubra agora