O aviso na placa era bem claro. ''Não ultrapasse! Aproveite o festival na praia, pois toda a cidade e atrações estarão reunidas lá. Tenha um ótimo festival de outono''.
Seolyn pouco se importava com os avisos, ela só queria tranquilizar a sua mente após a breve discussão que teria tido com Jaewon.
— Imbecil. — Ela murmurou após passar por debaixo da faixa que bloqueava o caminho.
Já que os penhascos estariam interditados durante todo o festival, ninguém a encontraria durante aquela noite. Ela só tinha que subir, encontrar um lugar para se sentar, e relaxar um pouco. Quando o contador alertasse que trinta minutos já teriam se passado, ela só precisaria descer e aproveitar o festival como se nada tivesse acontecido.
Seolyn caminhou por cerca de sete minutos e, ao chegar no topo, ela notou que mais uma pessoa estava presente lá.
Era um menino. Pelo fato dele estar virado de costas para ela, ela não soube identificar quem era. Porém, ela notou que ele não estava bem. Ele tremia, soluçava, e observava o mar de uma forma estranha.
— Você está... — antes que ela pudesse terminar a frase, o garoto se virou. Era Haneul.— Haneul? Ela perguntou confusa e surpresa. — Não era para você estar...
— Oi, Seolyn. — Ele olhou nos olhos da garota, e observou o choque no corpo dela.
— H A N E U L —
Hansol tinha sido arremessado contra o armário do vestiário e, em seguida, sentiu um forte soco em seu estômago.
— Então quer dizer que você se acha bom o suficiente para ser o novo defensor da pátria? — Jinhwan, o antigo capitão do time de futebol, dizia aquelas palavras com fúria enquanto segurava o pescoço de Vernon. — O que você quer, Vernon? Você quer um nobel da paz? Porque se for isso, eu sugiro que você desista. Enquanto eu estiver andando por esses corredores, você não terá o direito de se intrometer ou querer defender alguém. Eu e o time de futebol só estamos nos divertindo, o que tem de errado nisso? — Ele disse dando outro soco em Hansol, só que dessa vez, no rosto. — Se você quiser sobreviver no time de futebol, é bom você se enturmar e parar de nos interromper. Foi a terceira vez só essa semana, e eu estou tão furioso, que eu poderia te matar de tanta porrada que eu quero dar em você. Então, Hansol, se enturme, e não ouse nunca mais nessa sua vida medíocre querer defender aqueles perdedores.
Jinhwan soltou o garoto e, em seguida, se retirou do vestiário, deixando um Hansol ensanguentado e sem forças para trás.
Tudo aquilo teria sido consequência dos momentos em que Hansol defendeu seus colegas de escola, que de alguma forma, estavam sendo importunados pelos jogadores do time de futebol.
Na hora do intervalo, o americano teria sido convocado para comparecer ao vestiário, e foi lá onde toda a agressão aconteceu. Toda a raiva de Jinhwan teria sido descontada encima de Hansol, e tudo isso porque o americano teria defendido três colegas da turma naquela semana.
Hansol sabia que se saísse do time, ele continuaria sendo perseguido. Além disso, ele ilha em que vivia não possuía uma outra escola com ensino médio. Consequentemente, Hansol teria que assistir e aceitar tudo calado, ou então, o pior poderia acontecer com ele.
Embora Jinhwan não tivesse um longo histórico de Bullying por simplesmente fazer tudo longe dos olhos de quem o puniria, Hansol sabia do que ele era capaz caso continuasse no caminho dele.
Naquele dia, Hansol determinou para si mesmo que aguentaria tudo quieto e calado.
Ele nunca mais interromperia as ações de Jinhwan.
— H A N E U L —
Jihoon levou um susto ao ouvir alguém batendo na porta. Ele estava tão concentrado nas partituras que nem tinha percebido a presença de alguém na sala de música.
— Você me assustou.— Ele disse para a pessoa que estava na porta. — Entre.
— Te deram o meu recado?
— Sim, me avisaram. — Ele disse se ajeitando na cadeira. — No que eu posso te ajudar?
— Eu vou ir direto ao ponto porque eu realmente odeio enrolações. — A pessoa disse olhando no fundo dos olhos de Jihoon. — O que você sabe exatamente sobre o Haneul?
Naquele momento, o coração de Jihoon falhou. Ele não estava se sentindo confrontado, apenas assustado. De todas as pessoas, porque logo aquela foi procurá-lo para falar de Haneul. E de onde surgiu aquele ''o que você sabe sobre o Haneul''? Mais alguém além de si e Jisoo sabiam de algo? Ou melhor, da verdade?
— O que você sabe sobre ele? — Jihoon perguntou dando total ênfase ao ''você''. — Eu sei o que todo mundo sabe.
— Não! Você sabe de mais coisas, Jihoon. E se eu te disser que você está certo sobre o que você sabe?
— O que você está querendo dizer? Por acaso você está enlouquecendo?
— Eu ouvi alguma de suas conversas com o Jisoo. Eu não deveria, mas eu ouvi.
— O que você ouviu?
— Eu não sei porque você está querendo esconder algo de mim que eu já sei. Porém, se isso te conforta, você e Jisoo estão certos. Apenas convença o Wonwoo a ler a carta, ela diz exatamente tudo, do início ao fim.
A pessoa nada mais disse, apenas se levantou e saiu da sala.
— H A N E U L —
As vistas de Haneul estavam embaçadas devido as lágrimas. Ele soluçava e, a cada palavra escrita naquele papel, ele sentia uma pontada em seu coração.
Ele sempre ouviu dizer que o coração não era capaz de sentir dor, porém, Haneul sentia. Haneul sentia cada fisgada e contraia o seu corpo quando elas vinham.
— Isso é tão insano. — O garoto repetia para si mesmo. — Falta uma. Só mais uma carta e tudo isso estará acabado, Haneul. Basta concluir esse maldito ciclo.
Haneul determinou a ordem de cada coisa. Ele planejou tudo, do início ao fim. Em apenas um dia, ele montou todo o roteiro das suas últimas horas de vida.
Ele só teria que fazer a última anotação em seu diário, escrever a carta de sua mãe, tomar os remédios que recebeu e, por último, escrever a carta para Wonwoo. A quantidade certa faria efeito em menos de meia hora, então, ele teria que ser ágil.
Ao concluir a carta de sua mãe, pela primeira vez o garoto abriu o frasco com os comprimidos. Ele tremia e chorava ainda mais.
— É só tomar, Haneul. — Dizia para si mesmo
Naquele momento, Haneul sentiu a contagem regressiva.
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HANEUL
أدب الهواةUma declaração mal sucedida causa um grande incidente em uma pequena cidadezinha do interior da Coreia. Enquanto a Polícia, o juiz e todos os outros habitantes da cidade acreditavam que suicídio era a única explicação plausível para a morte daquele...