Mingyu e Wonwoo já estavam em frente a casa do menor. Ambos não trocaram uma palavra sequer após a breve conversa sobre a chuva. Enquanto Mingyu estava com as mãos nos bolsos da calça e com a cabeça baixa, Wonwoo sacudia os ombros e se balançava de um lado para o outro na expectativa do mais novo dizer algo.
Desde a hora em que saíram da escola, Wonwoo notou que Mingyu estava diferente. Ele parecia querer dizer algo.
Eles não eram tão próximos ao ponto de fazerem leituras corporais, porém, Wonwoo sabia quando Mingyu queria dizer ou perguntar algo. Ele sempre se comportava daquele jeito quando queria perguntar ou dizer alguma coisa sobre Haneul.
Ele ficava quieto, de cabeça baixa e com um biquinho fofo.
Wonwoo já estava de saco cheio de toda aquela enrolação, ele queria quebrar aquele silêncio, mas, ao suspirar na tentativa de começar a dizer as primeiras palavras, grossas gotas de chuva começaram a cair do céu.
Mingyu nem teve tempo de raciocinar, pois quando ele ia começar a dizer algo, ele logo sentiu as mãos de Wonwoo o empurrando para dentro do jardim de sua casa em direção a varanda coberta.
— Corre, Mingyu! Nós vamos nos molhar! — O menor dizia exaltado e ainda empurrando o outro para dentro.
— Mas... Foi você quem disse que não teria problema tomar um pouco de chuva. — Mingyu tentou lembrá-lo do que ele havia dito há alguns minutos. — Eu posso correr até em casa se esse for o problema. — Ele disse tentando se desvencilhar dos braços de Wonwoo que não parava de empurrá-lo para a varanda.
— Não! Não pode. Você ficará doente. Corre! — O menor dizia exaltado.
Nessa altura, ambos já estavam de frente para a porta. Tinham passado pelo portão da cerca, pelo jardim, e agora estavam de frente para a porta da casa de Wonwoo.
— Wonwoo, eu vou ficar bem se eu tomar uma garoinha até a minha casa.
Após dizer aquelas palavras, o que antes eram uma garoa, logo, se transformou em uma chuva forte e barulhenta.
— Você acha que consegue chegar até lá? — Wonwoo perguntou retoricamente com um visível tom deboche.
— Ok. Eu acho que vou esperar um pouquinho. — Mingyu fechou a cara, cruzou os braços e, relutante, ele apenas se deu por vencido.
Talvez, passar aquela tarde na casa de Wonwoo não fosse tão terrível, certo?
— H A N E U L —
Se aquele tivesse sido um dia comum como qualquer outro, Hansol estaria saindo da escola junto a Seungkwan. E como qualquer dia comum na vida deles, eles escolheriam no meio do caminho em qual das casas eles passariam a tarde debaixo dos edredons assistindo uma série qualquer.
Porém, aquele não teria sido um dia normal, e motivo todos já sabiam. Supostamente, Seungkwan poderia ter sido escolhido como a nova vítima de Bullying da escola.
Seungkwan era um menino bem inseguro quando o assunto era a sua aparência e imagem. Por alguma intriga do destino, as pessoas decidiram pegar diretamente no ponto fraco do garoto.
O que Vernon não entendia, era de onde surgia tanta coragem e falta de empatia dos seus colegas ao ponto de reproduzirem tudo o que tinha acontecido no ano anterior. O resultado eles já sabiam que eram consequências gravíssimas e irreversíveis, só que mesmo assim, eles pareciam determinados em cometer o mesmo erro mais uma vez.
Eles eram todos inconsequentes.
— De qualquer forma, ninguém nunca se importou. — Sussurrou para si enquanto caminhava lentamente e pensava em Haneul.
Por mais que doesse, aquela era a verdade. Ninguém nunca se importou com Haneul, mesmo depois de sua morte, ninguém ligou ou deu alguma importância para o ocorrido. Todos viveram as suas vidas tranquilamente. Cada família celebrou o natal e o ano novo e, agora, cada família estava vivendo tranquilamente aqueles três meses após a morte de Haneul.
Literalmente, Haneul havia sido esquecido. Ninguém, exceto uma pequena parcela dos envolvidos, eram capazes de se lembrar daquele menino e da sua existência. Era como se Haneul nunca tivesse existido. Ou então, era como se o ocorrido tivesse sido apagado da mente de cada habitante da cidade.
Para Hansol, era estranha a forma como cada dia acontecia. Era para uma cidade estar em luto pela morte de uma criança, e não fingir que estava tudo bem.
Em partes, Hansol até se sentia hipócrita por ter feito parte daqueles que não importavam.
Claro, até o carma bater em sua porta.
Naquela tarde ensolarada de sábado, Hansol e sua mãe cuidavam do jardim enquanto conversavam sobre qualquer coisa. Tudo o que Hansol mais apreciava em sua família, era a forma como eles se davam bem e deixavam as coisas fluírem com naturalidade.
Enquanto alguns filhos achavam a coisa mais terrível do mundo ter que conversar com os pais, Hansol não via a hora dos seus chegarem em casa para que ele passasse horas a fio conversando sobre o dia que cada um teve.
As únicas pessoas que ele confiava cegamente para contar todos os seus segredos, eram os seus país. Por isso que ele nunca viu problema em passar horas conversando com os seus pais.
A conversa que antes fluía muito bem enquanto ele e a mãe cuidavam do jardim, agora perdia totalmente o foco da parte de Hansol que só conseguia prestar a atenção em um caminhão de mudanças e um carro que estacionavam em frente a casa ao lado.
Ao perceber que o filho estava bem curioso e não sairia daquele momento de distração tão cedo, a mulher decidiu ignorar e voltar com o trabalho no jardim.
Hansol observou mais um pouco e viu que todas as pessoas desciam do carro, exceto por um menino que nem tinha se movido desde o momento em que tinha chegado.
— Sai logo daí e pare de frescura. — Uma jovem gritou para o menino que continuou imóvel.
— Seungkwan, as suas irmãs vão escolher os quartos maiores se você não sair logo daí. — Dessa vez, era o homem que tentava convencer o tal garoto a sair do carro.
O menino continuou imóvel.
Cerca de um minuto depois, uma mulher um pouco mais velha entrou no carro e sentou ao lado do menino. Ela passou cerca de dois minutos faando algumas coisas para ele. Após aquela conversa, não demorou muito para que o tal Seungkwan descesse e caminhasse lentamente até a casa.
Hansol não podia afirmar os motivos pelos quais aquele menino estava agindo daquela forma, porém, ele imaginava as razões. Quando Hansol teve que sair da cidade grande para se enfiar em uma ilha totalmente isolada do mundo, a reação dele foi basicamente a mesma que a de Seungkwan.
Imediatamente, o americano largou as coisas de jardinagem e correu para dentro de casa, porque no fim das contas, parecia que Seungkwan ficaria com o menor quarto, que coincidentemente, possuía uma sacada de frente para a sacada do quarto de Vernon.
O americano subiu as escadas apressadamente e, ao abrir a porta com brutalidade, ele percebeu que Seungkwan tinha chegado antes de si. O barulho da porta fez com que o menino do outro lado se assustasse, e antes que Hansol pudesse pensar em qualquer coisa, ele imediatamente teria sido hipnotizado pelo tal Seungkwan.
O motivo? Ele era a pessoa mais bonita que Vernon já tinha visto em toda a vida.
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HANEUL
FanficUma declaração mal sucedida causa um grande incidente em uma pequena cidadezinha do interior da Coreia. Enquanto a Polícia, o juiz e todos os outros habitantes da cidade acreditavam que suicídio era a única explicação plausível para a morte daquele...