Londres, Inglaterra. 21:00
Vermelho. Era a única coisa que conseguia enxergar por entre as lágrimas que não paravam de escorrer por sua face. Vermelho sangue e morte. Suas pernas doíam e seus pulmões queimavam ao respirar, mas não parou de correr até chegar na segurança de sua casa. O desespero era tamanho que nem a portaria havia usado, afinal não podia correr o risco de ser visto todo ensanguentado pelos vizinhos. Optou por entrar pelas escadas de emergência que ficavam nos fundos do prédio. Subiu as escadas enferrujadas de metal até o último andar e com destreza pulou para a sacada de seu apartamento, por pura sorte havia deixado a janela da varanda destrancada.
Seguiu pelo escuro de seu apartamento, derrubando alguns objetos no caminho, tropeçando nos calçados e roupas que deixara espalhados pelo chão. No escuro JongIn caminhou até o banheiro, acendeu a luz ao lado da porta assim que entrou e ousou se olhar no espelho.
Parecia que havia sido atropelado por um trator, tinha um corte no supercílio que sangrava bastante, seus lábios estavam também machucados, assim como tantos outros hematomas pela face. Tratou logo de tirar a roupa que vestia, tirou o jeans, em seguida o suéter, suas costelas doíam, mas não pareciam quebradas e mesmo que estivessem não procuraria cuidados médicos. Completamente nu, encarou mais uma vez seu reflexo no espelho e por mais que tentasse, não conseguia deixar de ver um assassino. O que faria agora? Era cúmplice de assassinato, sua vida estava acabada.
Ele precisava se esconder, sair da cidade, mudar de nome... E seu pai? Se fosse pego, a carreira política de seu pai estaria arruinada e apesar de não se darem bem JongIn jamais desejaria a ruína de seu progenitor.
Tantas coisas tinha que fazer, para pensar, mas não conseguia se concentrar sua mente apenas reprisava o momento em que a faca deslizara com destreza pelo pescoço alheio.
De onde havia saído todo aquele sangue? Como? JongIn se sentia sujo, porém mais do que sujo se sentia violado. Aquele homem, quem diabos era aquele filho da puta que se achou no direito de tirar uma vida? Quem era ele pra pensar que podia dar uma de Deus? Pois por mais que estivesse em perigo JongIn preferia morrer a tirar a vida de alguém.
Se colocou embaixo do chuveiro e chorou. Chorou até que o ar fosse escasso, chorou até doer a garganta e a cabeça. Chorou até a água que escorria por seu corpo deixasse de ser vermelha. Um monstro era como JongIn estava se sentindo, um completo monstro.
✤
Edimburgo, Escócia. 00:02
Não era muito fã de tecnologia, tanto que o celular que tinha em posse era algum modelo ultrapassado que só recebia ligações de seus pais quando estava desaparecido a mais de um dia. Por isso, naquele momento, estava na frente de um notebook levemente ultrapassado que pertencia a sua mãe. A falta de contato com aparelhos eletrônicos o fizera ter um problema ou outro na hora de procurar o que queria, mas acabou tendo êxito antes de jogar o notebook na parede tal era a sua vontade.
No Google digitou Zhang Yixing acompanhado de China. Aparentemente Zhang não era um sobrenome tão incomum, mas não tardou a achar a foto de quem procurava.
— Zhang Yixing. Segundo Tenente Médico da Infantaria do Exército Chinês — Leu mais para si mesmo, encostando-se na cadeira, ainda mais pensativo.

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Exate
Mystery / ThrillerOito pessoas diferentes, espalhadas em vários pontos do mundo são interligados mentalmente depois de um estranho pesadelo onde veem um desconhecido se jogado de um prédio. Agora, eles precisam correr contra o relógio para impedir uma catástrofe mund...