Aspartato

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Colorado, EUA. 04:15


— FOI VOCÊ! ISSO É TUDO CULPA SUA! MINHA VIDA ESTÁ ARRUINADA E A CULPA É TODA E EXCLUSIVAMENTE SUA!

Kyungsoo esperava muitas coisas em sua vida, principalmente em uma madrugada de segunda feira, mas não esperava que estaria dentro de seu apartamento, mais precisamente em seu banheiro com uma toalha pendurada no pescoço, vestindo apenas uma calça moletom e um garoto sentado no chão de azulejo perto da pia gritando horrores. O cozinheiro bufou incrédulo levando as mãos aos cabelos curtos, a situação era um tanto ridícula e por mais estranho que fosse não conseguia sentir um pingo de raiva do outro. Talvez fossem os olhos mansos e o rosto de menino chutado banhado em lágrimas.

— Hey, você precisa se acalmar — Ditou baixo sem se mexer de seu lugar encostado a porta, o garoto lhe encarou e Kyungsoo se conteve para não sorrir. Definitivamente eram os olhos mansos.

— ACALMAR?? EU ESTOU FODIDO! COMO POSSO ME ACALMAR?? EU MATEI UMA PESSOA! — O garoto continuou gritando, mas parou de repente como se tivesse acabado de se dar conta de algo — Eu matei uma pessoa.

Ele olhou para Kyungsoo totalmente devastado e o americano sentiu um aperto no coração. Observou-o levar as mãos a cabeça puxando os cabelos castanhos fortemente e Kyungsoo se viu ajoelhando de frente á ele segurando os braços para lhe impedir de continuar o ato.

— Você precisa se acalmar e parar de gritar. Está me dando dor de cabeça e me deixando irritado e não sou uma pessoa legal quando estou irritado — Olhou bem no fundo dos olhos castanhos até ter a certeza que o outro havia lhe entendido — Você não matou ninguém, tá legal? Eu que matei, coloque isso na sua cabeça. E por que acha que a polícia está atrás de você?

— Por que não estaria?

Era uma boa pergunta. Mas ainda assim Kyungsoo não conseguia ver a possibilidade, talvez por sempre ter sido bem sucedido em seus atos, nunca deixando rastro algum que lhe pudesse incriminar para trás.

— Onde está a faca?

Perguntou no lugar. Se havia evidências era melhor acabar com elas de uma vez. O garoto não o respondeu, apenas se levantou e saiu do banheiro. Kyungsoo o seguiu pelo pequeno apartamento e se assustou ao perceber que não se encontrava em sua casa e sim em outro ambiente, através das janelas de vidro sala conseguia ver as luzes de uma cidade que não era a sua. Seguiu o moreno com os olhos observando ele abrir uma gaveta de uma escrivaninha na sala e puxar a pequena faca de lá. O objeto se encontrava limpo, o que não significava que não houvesse ainda vestígios de um crime.

— Bom. Você tem que se livrar disso, enrole em um pano e saco plástico e jogue bem longe daqui. E as roupas que vestia na hora?

— No cesto de roupa.

— Vamos queimar tudo, agora — Ditou indo até a cozinha abrindo o armário e de lá tirando uma garrafa de álcool e fósforos, o moreno continuava parado no mesmo lugar, lhe encarando confuso — Onde podemos fazer isso?

— No telhado. Eu nem sei seu nome.

— Kyungsoo e o seu?

— JongIn.


Estava frio demais, ele e JongIn não estavam vestidos propriamente para isso. Diferente de Denver, que apesar dos prédios altos e ter um subúrbio, o ar não era tão denso, talvez fosse o fato de estarem praticamente no meio do deserto, mas ali não. O ar além de frio era rarefeito, quase pesado, carregado de poluição. O telhado era um grande espaço de concreto, em seu canto encostado a uma parede tinha um sofá velho, e ao seu lado um tonel de metal enferrujado e é onde Kyungsoo jogava as roupas as encharcando com o álcool para por fim derrubar um fósforo aceso dentro. Eles observam por um tempo em silêncio as chamadas consumirem os tecidos, em seu canto de olho Kyungsoo observou JongIn sentar no estofado velho abraçando os joelhos.

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