capítulo 3

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Esse é o início de uma nova era. Marcada por uma guerra que se aproxima junto a um grande espetáculo televisionado. Meus pensamentos chacoalhavam na minha mente o dia inteiro, era impossível parar de pensar nas várias ideias para solucionar tudo que estava acontecendo. Pensei em fugir, mas é muito provável que eu morresse na saída da cidade por falta de água e pelas altas temperaturas. Outra hipótese era tentar um acordo com os rebeldes. Mas infelizmente todas as opções me levam a um único destino: a morte.


Eu deveria aceitar esse destino. Seja lá qual for, não há o que eu possa fazer para me livrar dele. E assim, tentei confortar meu coração dizendo a mim mesma que estava tudo bem. Até ouvir meu nome na televisão. — Stella, você foi escolhida! — Gritaram da sala. Senti que meu coração acelerou e minha respiração ficou densa. Não consegui segurar um suspiro de tristeza.

Então, é assim que acaba toda minha sorte. Dentre tantas escolhidas, eu. A sortuda Stella foi uma das escolhidas, ótimo! Agora, um terço da minha ansiedade se afogará em vergonha. Senti alguém me abraçar e pular atrás de mim. Parece que todos da casa ficaram felizes com essa notícia, mas eu não.

— Vou para o meu quarto. — digo. Todos que comemoravam pararam de gritar e ficaram em silêncio. Subi as escadas para o meu quarto enquanto lamentava minha existência. Não, eu não era assim sempre tão triste, mas eu sentia que naquele momento minha vida iria acabar.
...


Aquela manhã estava reluzente. O sol se escondia entre a névoa da aurora. Aqui seria um lugar perfeito se tivesse um pouco mais de vida. Se ao menos as plantas pudessem viver... 

 — Stella, está na hora de partir. — disse meu tio se aproximando da sacada do meu quarto, onde eu admirava o nascer do sol. — Vai ficar tudo bem. — disse, beijando a minha testa.

 — O que quer que eu faça? Sabe que eu não quero ir.

— Não fazemos sempre o que queremos, infelizmente. Mas me prometa que tentará. A vida lá fora é muito diferente da que você viveu até agora. Há muito mais regras e perigos. A realeza não é um conto de fadas. Mas, se você for esperta, ninguém irá fazer você se curvar.

Saímos de casa em direção ao aeroporto, um carro preto nos aguardava logo na saída de casa. Tudo que eu levava em uma pequena mala de mão eram minhas roupas íntimas, uma regata branca, uma calça jeans, um par de sapatos velhos, um livro e um colar. Continuo impressionada de terem deixado levar algo.

O caminho era longo e cansativo, mas me esforcei para observar todo o trajeto. A vegetação era muito seca e rasteira, mas à medida que íamos nos afastando da cidade, a paisagem mudava de deserto para uma paisagem um pouco menos seca, mas ainda com cara de filme de faroeste. Meus olhos estavam pesados e cansados de olhar pela janela, e em algum momento eu adormeci.

Acordei quando uma forte luz estava na minha cara, o sol estava para se pôr. O céu estava avermelhado e lindo. Até vi alguns pássaros voando, coisa que era rara de se ver na minha cidade. Eu não fazia ideia de onde estávamos, mas não queria conversar com ninguém, por isso segurei minha curiosidade. O carro parou em um aeroporto cujo nome eu nem sabia pronunciar e nunca havia ouvido falar antes. Desci do carro e segui o segurança que me acompanhava a viagem toda, seguimos em direção ao avião. Isso também era novidade para mim, nunca sequer havia saído da cidade e agora estaria voando pela primeira vez.

Havia algumas meninas no avião, mas todas estavam com um semblante fechado. Acredito que nenhuma delas queria estar aqui também, tentei cumprimentá-las, mas ninguém me respondeu. Sentei-me no último banco do lado da janela e observei pela janela todos os seguranças como uma muralha ao redor do avião...

A filha da rainha (HIATOS)Onde histórias criam vida. Descubra agora