Capítulo 31

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Ate que cheguei à porta da casa de Liza e comecei a chorar, ela abriu a porta e como já sabia de tudo simplesmente me põe para dentro de casa e ajudou-me. Nesse dia eu dormi na casa dela, ela estava casada com Louis e estava grávida de mais um filho sendo que já tinha dois menores, um de quatro anos e outro de cinco. Ela disse toda sorridente que daríamos um jeito, e seu marido a apoiou em tudo. Isso sim era uma família de verdade, buscavam não só seus interesses, mas também a dos outros ao seu redor. Confesso que foi difícil deixar você ali. Longe de mim. Mas eu não podia te levar comigo, eu temia que algo de ruim pudesse te acontecer. No dia seguinte eu levantei cedo e vi você acordar na mesma hora de sempre, 4h e 45min. Peguei o cordão que seu pai me entregou com os dois pingentes fundidos como um só para representar você e seu irmão. A lua e a coruja. A lua representa o juramento da eternidade e a luz que nos guiava no meio da escuridão e a coruja representa a sabedoria de uma alma que se foi mesmo antes de chegar, que deixou um grande ensinamento para duas almas jovens que desejavam viver seu ardente e profundo amor em paz. Seu nome tem relação com as estrelas e a constelação que estava em cima de nós no dia de seu nascimento, constelação de Leão, por que você é forte e tem poder e o dom da liderança. Lunna Stella Gregory Fortune. O nome de seu irmão era Lorenzo Gregory Fortune. Que significa — de acordo com a índia mãe — que ele é um sábio das águas e dos ares, com suas grandes asas ele poderia sobrevoar longas alturas e mostrar o caminho nos dias difíceis e a constelação que apareceu no dia de seu sepultamento foi a de peixes, dizem que ele seria muito grandioso que seu nome seria ouvido durante muitas gerações, ele seria igual ao um grande arquiteto francês da época renascentista.

Eu peço desculpas minha filha por não ter te contado antes, mas eu precisava que te entregasse isso dias antes de seu aniversario de dezenove anos, você precisava saber de toda essa historia antes da celebração da coroa. Mas em breve tudo fará sentido.

Sinto muito por ser tão ausente na sua vida, com todo amor e carinho, sua mãe.

Meu corpo todo tremia, minhas mãos estavam suando e meus olhos inchados de tanto chorar. Agora tudo faz sentido! Os sonhos, o jeito que a rainha me olhava e como todos agiam comigo. Mas ainda parece mentira, olhei as ultimas cartas escritas por tia Lisa e...

Droga! Não era mentira, a rainha era mesmo minha... Minha mãe... Por todos esses anos eu achei que ela estava morta e ela sempre esteve a metros de mim. Tudo que eu conseguia fazer agora era chorar como uma criança. Chorar por saber meu passado tão sombrio e que eu fui separada da minha mãe e que ela não pode fazer nada.

Meu Deus! O que eu vou fazer agora? Esperar ela vir até mim e descobri que eu esse desastre humano? E se... Ela não gostar de mim? Nossa que ridículo. Ela passou por tudo isso e ainda é rainha e eu só consigo ser idiota e infantil. Se ela é mesmo minha mãe ela não vai se importar com o que eu fiz ou deixei de fazer, ela vai me amar do jeito que eu sou.

Deitei na cama com a cabeça quase explodindo por ter chorado tanto. Do lado da cama tinha alguns remédios e achei um para dor de cabeça, retirei um comprimido da embalagem e coloquei na boca e depois bebi água. Olhei para o teto com uma sensação de desconforto, uma raiva e tristeza, por que ela decidiu fazer aqueles testes se ela sabia que eu era sua filha? E por que ela não veio logo me contar pessoalmente? Será que ela estava esperando eu mesma ir até ela? Qual o objetivo desse jogo?

Virei para o outro lado da cama, senti a faca quando pus a mão debaixo do travesseiro, e de novo: que droga! Quando vou sair desse labirinto? Levantei da cama e arremessei a faca em direção a porta, mas alguém vai entrando e por pouco não o acerta. Era Ben.

— Por favor, diga que não queria me acertar. — disse brincando, mas o pior que era verdade. Não responde apenas o encaro chorando. — Vejo que precisa de mim...

Encaro o chão secando as lagrimas que escorreram para perto do meu nariz.

— Desculpe Ben. — digo já voltando a chorar.

Ele retirou a faca da porta que por pouco acertou sua orelha, e analisou bem faca enquanto se aproximava e parou diante de mim com uma das mãos verificando se havia acertado sua orelha, quando olhou seus dedos havia pequenas manchas de sangue. Ele repetiu o que dissera antes.

— Por favor, me diga que não queria acertá-la em mim.

Parece que ele sabia de alguma coisa e implorava para que fosse mentira.

— Você chegou na hora errada. — digo sem olhar para ele, não podia responder essa pergunta.

— Aconteceu algo com sua família? Desculpe ser indelicado, mas pode me contar seus problemas e prometo ajudá-la o máximo possível. — ele se ajoelhou em minha frente e passou a mão em meu rosto encharcado pelas lágrimas. Ele deve ter visto as setenta e duas cartas espalhadas na cama.

Olhei para ele e o abracei com tanta força que ele se desequilibrou e caímos ao chão, eu estava por cima dele e por um momento paralisamos ao notar isso. Ele olhava fixamente para minha boca e eu senti um enorme desejo de beijá-lo.

­— Stella faz um tempo que quero te dizer... Mas eu não agüento guarda mais isso só para mim. Desde que te vi pela primeira vez, eu sinto um enorme desejo de ter você comigo como amigo e ao logo do tempo eu percebi que não era só isso... Conhecer-te foi à melhor coisa que me aconteceu, não sei se é recíproco, mas que se dane! Eu estou apaixonado por você. — diante dessa declaração só consegui sorrir. Ele deu um sorriso de lado e eu o beijei.

Fiquei ali deitada ao seu lado por um bom tempo, depois desse beijo eu senti algo mudar em mim. Eu sentia um frio estranho percorrer meu corpo e uma tristeza bateu novamente em mim.

Ben tinha que escolher sua esposa por meio da seleção, eu sou uma selecionada, mas se a carta for verdade, eu terei que sair da seleção, pois serei princesa e pelo que sei princesas não participam da seleção. Então eu não posso me casar com Ben. Mas, pensando bem, eu cansei disso tudo. Desde o inicio eu venho me impedindo de sentir e de fazer as coisas que eu quero, eu tive a chance de demonstrar o que eu sentia por Josh, mas eu fui idiota e o perdi e nem tive tempo de dizer a ele o quanto eu sentia quando estávamos juntos, eu foi egoísta por não me permitir viver. E se eu não tiver outra chance de demonstrar o que eu sinto por Ben também? Eu não posso perder essa chance. Não de novo.

Decide aproveitar o máximo possível esse tempo com Ben.

— Ben... Saiba que é recíproco.

Seu sorriso cobriu o rosto revelando suas covinhas que eu só percebi que ele tinha depois de hoje. Ele me abraçou tão forte que achei que fosse me partir em dois.

Aquele momento foi tão fofo. Eu precisava demonstrar mais o que sinto, tenho que mostrar para as pessoas ao meu redor o quanto são importante para mim, independente de qualquer coisa. Nunca sabemos o que pode acontecer, pois o futuro é imprevisível, e é disso que tenho medo.

A filha da rainha (HIATOS)Onde histórias criam vida. Descubra agora