Capítulo 17

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Fernanda

As imagens voltaram a minha cabeça e senti tudo novamente, a dor das palavras, a dor física, era como se me rasgasse por dentro, o medo de perder minha mãe o desejo de morrer e viver ao mesmo tempo me invadia.

_PARA PAI. _Gritei quando ele se aproximou apontando a faca em minha direção.

_Fernanda, calma, eu estou aqui, fique calma. _Ouvi uma voz diferente e aos poucos me acalmei abrindo os olhos.

_Bruno. _Olhei seus olhos acima dos meus, ele me olhava preocupado enquanto eu tentava controlar minha respiração que estava ofegante.

_Está tudo bem, você está aqui, está comigo não vou deixar que nada de mal aconteça com você. _Ele falou me puxando pros seus braços e me encolhi em seu abraço quente.

_Por que mudou comigo? _Perguntei ainda em seus braços.

_Como assim?

_Desde de que eu vim pra cá não teve muitos dias que não estivessem-os em guerra, e agora estamos aqui no mesmo espaço e nada explodiu ainda. _Olhei em seu rosto e notei um sorriso em seus lábios, seu sorriso de lado o deixava mais lindo ainda.

_Você chegou aqui no meio da noite chorando litros e queria que eu fizesse o que? batesse a porta na sua cara? bem que eu poderia ter feito isso, já que você me acordou, e não sou uma pessoa muito amigável quando sou acordado mais não resisti a sua carinha de cachorrinho e tive que ser gentil, acredite não foi fácil pra mim.

_Você é um ridículo. _Falei lhe dando tapas e me levantando da cama, mais ele me puxou pela cintura me fazendo cair por cima dele, seu rosto ficou a centímetros do meu e senti minha respiração falhar. Ele focou seus olhos nos meus e sorriu.

_Calma Fernanda respira, não vou fazer nada com você. _Ele falou passando a ponta do seu nariz no meu.

_Você não presta. _Falei tentando me soltar dele mais seus braços continuavam me prendendo ao seu corpo.

_Você me intriga com esse seu jeito sabia?

_Que jeito?

_Uma hora você parece uma gata arisca, na outra e doce como mel o que acontece com você Fernanda?

_Você é o que acontece comigo, me irrita uma hora e outra me trata bem, olhando bem samos igual.

_Está nos comparando? logo você que diz que não tenho caráter? você está bem Fernanda? _Bruno colocou sua mão em meu pescoço e pude sentir um arrepio percorrer todo meu corpo, não era prudente pra mim está tão perto dele, sua beleza era capaz de conquistar e destruir qualquer uma e eu não queria ser uma dessas.

_Não devo ta bem mesmo pra nos comparar. _Falei me soltando dele e me levantando.

_Por que fica tão na defensiva quando está perto de mim Fernanda? _Ele falou se levantando e vindo até mim.

_Ha minha nossa você está só de cueca? sério que dormi com você desse jeito? _Falei colocando a mão em meus olhos e ouvi uma risada sua.

_Fernanda para de ser tão vergonhosa, eu durmo assim e não sábia que você ia bater na minha porta de madrugada.

_Mais você não pensou em por uma roupa?

_Eu estava mais preocupado com você, não pensei nisso. Tudo bem, agora abre os olhos e olha pra mim, pros meus olhos finge que to descente.

_É impossível. _Falei.

_Anda Fernanda deixa de bobeira e olha pra mim. _Abri meus olhos e olhei dentro dos seus olhos, seus braços me prendiam na parede e ele me encarava com seu olhar penetrante.

_O que você quer?

_Quero entender você, o que aconteceu com você.

_Eu não quero falar sobre isso. _Falei abaixando a cabeça mais ele segurou meu queixo me fazendo olhar pra ele novamente.

_Por favor Fernanda, eu te ajudei, acho que mereço saber o que aconteceu com você, o por que de tudo aquilo, eu quero te ajudar, você me pediu que te protegesse e é isso que estou fazendo. Quero entender por que seu pai agiu daquela forma com você.

_Tudo bem, meu pai e minha mãe se casaram jovens, eles sempre se amaram muito e desejaram muito ter um filho homem, então quando meu irmão nasceu foi uma felicidade pra vida deles, mais alguns anos depois por um descuido minha mãe acabou engravidando novamente, e meu pai não se conformou, quando o médico disse que seria uma menina, ele queria que minha mãe abortasse mais ela não quis, disse que me teria, depois que nasci e que fui crescendo comecei a perceber o desprezo dele, meu pai nunca me dava atenção e sempre brigava comigo, já com meu irmão ele parecia ser outro homem, meu irmão sempre me protegia dele e não o deixava tocar em mim, mais depois que ele se foi tudo piorou, ele me culpava da morte dele e passou a me bater, por qualquer coisa ele me batia, minha mãe nunca me defendeu, por medo que ele nos expulsasse de casa então sempre vivi assim até você me comprar e eu vim pra cá.

_E ele nunca lhe disse o por que tratava você assim?

_Não, mais um dia ouvi uma conversa dos meus pais, que ele dizia que me odiava por que eu não era filha dele, eu não sei por que ele pensava isso, minha mãe não teria sido capaz de trair ele, mais isso não importa, ele destruiu minha vida, o homem que deveria me proteger foi o mesmo que me humilhou, que me agrediu que me machucou, foi o mesmo que matou meus sonhos e quase me matou ontem, foi o mesmo que me vende pra você. _Falei sentindo as lágrimas novamente banharem meu rosto. Mas enxuguei antes que elas caíssem aquele homem não merecia minhas lágrimas.

_Eu não permitirei que ele a machuque novamente. _Bruno falou me abraçando, enquanto suas mãos deslizavam pelos meus cabelos.

_O que vai acontecer com ele?

_Você terá que prestar depoimento, e sua mãe também quando se recuperar, provavelmente ele ficará muitos anos na cadeia e farei de tudo pra que ele pague por tudo que fez a você.

_Por que ta fazendo tudo isso por mim?

_Por que não quero mais ser o mal caráter que teve a coragem de te comprar, eu sei que não adianta o que eu faça não conseguirei apagar o mal que fiz a você, mais tentarei me redimir com você Fernanda.

_Eu não sou ninguém para receber alguma atenção especial sua.

_Não acredite nas palavras que seu pai lhe disse, e não acredite também nas palavras que eu lhe disse a algum tempo atrás, eu fui um completo idiota com você, e não quero mais machuca-la como seu pai fez, eu prometi que ia cuidar de você e é o que vou fazer.

_Obrigado. _Falei beijando seu rosto.

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