Capítulo 6

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Por um breve espaço de tempo, os dois permanecem na mesma posição. Em silêncio, apenas sentem a respiração um do outro. Donnie passa sua mão suavemente pelos cabelos dela. Isabela esforçasse para abrir os olhos, porém, acha melhor permanecer do jeito que estava.

- ... desculpa... interromper, mas... o café vai esfriar... – Gisele afirma, pigarreando de propósito

- Tudo bem!!... peço desculpas também... – sem graça, Donnie olha de Isabela a Gisele

- Vamos!!!... – Isabela sorrir para o homem e entrelaça seus dedos entre os dedos dele

- Olha!!... Pode ser que... – Donnie olha para o chão, envergonhado e sente uma "pontada" de culpa - ... eu... eu... devo estar atrapalhando... vocês duas...

- Não!!!... – Isabela o olha, tentando convencê-lo - ... vem... – e o puxa devagar

O homem de olhos cor mel esverdeados acaba concordando. Isabela afasta a cadeira e se senta, apontando-o para a outra cadeira. Gisele retira os pães da maquina e os dispõe na mesa; sentando-se logo em seguida.

- ... café, leite, geléia, pães, torradas... – Gisele sai apontando para a mesa e encarando Donnie - ... e... se quiser suco... tem na geladeira...

- Obrigado!!... – Donnie agradece

- ... sempre quis conhecer vocês... você e os outros... – Gisele, puxando conversa, coloca café na xícara do homem

- ... humm ... quem sabe... no nosso... último show... eu te dê alguns ingressos... – ele afirmar

- Último?... – Isabela se engasga com o café

- É, que... estamos com alguns probleminhas... – sorrindo sem graça, Donnie revela - ... vamos entrar de férias depois... colocar a mente no lugar, sabe!!!... – e começa a se abrir

- ... era isso o que você devia fazer... – Gisele aponta para a irmã

- Entrar de férias?... – Isabela pergunta em tom irônico

- Não!... Colocar a cabeça no lugar... – Gisele a encara

Antes que elas possam continuar, o aparelho celular do cantor começa a tocar. Ele pega o celular e o observa, não reconhecendo o número, o homem franze a testa e fica na dúvida em atender.

- ... não vai atender? – Gisele, curiosa, pergunta

- Sim!!... Sim!!!... – Donnie sorrir e passa o dedo no visor – Alô?... – ele fala e espera. Do outro lado da linha, ele escuta a respiração da outra pessoa, mas, ninguém responde. – Alô???... – o homem volta a fala

- Meu amor... quanto tempo... estou com saudades suas... – finalmente uma voz feminina responde

- Quem fala? – sem entender o porque daquela saudação, Donnie franze a testa se esquecendo onde estava. Tendo as duas jovens como platéia

- ... meu bem... se esqueceu de mim, foi? – a voz feminina continua em tom tranqüilo

- Pérola?... – nervoso, o homem questiona - ... como conseguiu esse número?...

- Querido!!... Foi tão fácil... – a voz feminina rir do outro lado

- ... me deixa em paz!!! – ofegante, o homem de olhos cor mel esverdeados, passa a mão pelo cabelo

- ... estou ansiosa... para te ver pessoalmente – a voz feminina recomeça a fala

- NÃO!!!... – antes que a voz continuasse, ele, demonstrando muito nervosismo, interrompe a ligação e desliga o aparelho

- Tudo bem?... – Isabela coloca a mão no ombro dele e o sente tenso

- ... desculpa!!!... tenho que ir... – se levantando, ele começa a caminhar para a porta da cozinha

- Tem certeza que não quer uma água? – Gisele o intercepta na porta - ... você não parece bem...

- ... estou bem... – não a encarando, Donnie fala - ... obrigado... pelo café... – virando-se, ele olha para Isabela. A jovem se levanta e caminha na direção dele

- ... acho... que agora... é você quem precisa de um abraço... – na frente dele, Isabela o abraça forte

Sentindo o corpo dela encostado no dele, Donnie apenas suspira e fecha um pouco os olhos. Em sua mente começa a ser "povoada" por lembranças antigas, lembranças indesejadas. Antes que as imagens se formassem por completo, o homem abre os olhos.

- "Seja o que for... vou sempre estar aqui..." – Isabela sussurra no ouvido dele

- Obrigado!!.. – Donnie se afasta e sorrir forçado, pelo canto da boca

O cantor sai da cozinha e caminha como se soubesse o caminho. Isabela o segue. Ambos chegam à porta em silêncio. A jovem abre a porta e antes do homem sair, o abraça mais uma vez.

Rapidamente Donnie chega na porta de seu carro. Destravando o alarme, ele olha para todos os lados antes de entrar. Permanece um pouco estático. Seu aparelho celular começa a tocar. Ele olha no visor e não reconhece o número. O toque pára e logo em seguida volta a tocar. Sentindo uma raiva o envolver, o cantor pela o aparelho e o atende.

- ... ME DEIXA EM PAZ!!! – sem cerimônias, Donnie esbraveja

- Ei!! Cara... o que foi?... Sou eu... o Jonathan... – a voz o outro lado se assusta com o tom de voz do homem

- Jonathan?... Desculpa... pensei que fosse de novo a Pérola... – Donnie desabafa

- Como assim?... A Pérola ligou pra você?... – Jonathan fica curioso e preocupado

- Sim... ela ligou... e não faço idéia de como ela conseguiu meu número... – Donnie afirma

- Olha!!... Fica calmo... você... onde você está? – Jonathan pergunta – vamos resolver isso...

- Na rua... – Donnie responde - ... mas... vou pra casa ...

- Tudo bem... – Jonathan diz - ... não vai acontecer de novo...

- Não vai... porque eu não vou deixar!!!... – Donnie avisa com convicção e desliga o aparelho

Colocando a chave na ignição, o cantor dá partida no veículo, o colocando em movimento. Ele liga o rádio para espantar os pensamentos desnecessários, e começa a cantar qualquer música, mesmo sem estar muito prestando atenção a letra.

No apartamento, Isabela volta a se sentar e continua seu café em silêncio. Gisele, de costas para ela, lava a louça e vai colocando na máquina de enxugar. A jovem de cabelos castanhos, dá uma leve olhada para a irmã e pigarreia, a tirando de um visível transe.

- O que estava pensando?... – Gisele curiosa, questiona

- ... hummm... o jeito que o Donnie saiu daqui... – Isabela encara a irmã - ... ele estava transtornado...

- ... é... seja o que for... que a pessoa falou pra ele no telefone... acho que era bem grave... – Gisele dá sua opinião

- ... ele falou um nome... Pérola... – Isabela fala intrigada

- Bom!!!... Vamos deixar um pouco os problemas de lado... e vamos focar... nos nossos problemas... – enxugando as mãos, Gisele caminha em direção a Isabela - ... o que faremos agora?... – e questiona, encarando a irmã

- Vou... numa agência de empregos!!!... – Isabela responde, tomando o último gole de café e sorrir sem graça             

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