Capítulo 5

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 "Em uma pequena cidade da Carolina do Norte... "


         O sol estava alto no céu, embora o vento frio do outono fosse marcante a pele humana. Vamps também podiam sentir a brisa que tocava em sua face gélida, mas era uma sensação diferente. Prazerosa e livre. A estrada era extensa, sem movimento de carros ou perdestes. Foi então que a jovem Perguntou ao rapaz que seguia:

-Lucien, onde está o carro? -Perguntou ela intrigada naquela vista vazia da pista.
-Por aqui. Venha. - Ela Chamou a garota com um sorriso gentil.
-Você escondeu o carro? -Perguntou ela irritada sem entender o motivo dele esconder. Era um vamp. E era só um carro comum. Ou não?

-Claro que não?! -Disse ele sarcástico.
-Mas por quê? - Insistiu em saber.
-Sephts Drogados. Uma vez deixei meu carro na estrada com a divisa da Virginia. Não conseguiram roubar, então quebraram os faróis, vidros e furaram os pneus. Malditos viciados! -Disse ele com irá na voz.

-Ainda não entendi o Porquê eles fizeram isso. - Falou ela desconfiada do que ele lhe dissera.
-Digamos que, eu tenho uma grande probabilidade em provocar caos e desordem.
-Isso eu já sabia. -Disse ela grosseiramente.
- Prima, chegamos! Olha só essa beleza de carro.

        Lucien puxou um grande galho de árvore que escondia o carro próximo a estrada, mas dentro do bosque. Ele era um modelo antigo, muito bem preservado. Estava brilhando, a não ser pela sujeira causada pelos ramos e folhas. Bia não deu muita importância, ele era estranho. Até para uma criatura da noite. Não sabia se podia confiar nele até que esse provasse merecer sua confiança. Ela deu espaço para que ele entrasse no carro. O garoto abriu a porta descaradamente, tirou um molho de chaves do bolso, e colocou na ignição.

-Vai entrar ou vai esperar até criar raízes? - Falou ele rindo da prima que o olhava como se quisesse explodir sua cabeça.
- Engraçadinho. - Respondeu ela entrando no carro, revirando os olhos.

       Por dentro, ele era muito confortável. De couro, com muito espaço no banco de passageiro. Lucien colocou uma música para tocar no rádio, e consequentemente tocava uma música que fazia Bia viajar na letra. Era uma música que falava sobre amor, mas não era uma letra romântica. E isso fez la pensar que nunca amou ninguém que não fosse sua família ou seu gato.

" The Cranberries - Linger "

Se você
Se você pudesse voltar
Não deixar isso queimar
Não deixar isso desaparecer
Tenho certeza de que não estou sendo rude
Mas é apenas sua atitude
Está acabando comigo
Está arruinando tudo. "



           Enquanto dirigia, Lucien percebeu que Bia estava distraída com a canção e aumentou mais o volume. Correndo com o vento e o som alto, a música se marcava entre o silêncio de ambos. O jovem Vamp estava feliz, não esperava que sua prima estivesse viva, mas não iria lhe dizer esse lado da história. Não que ela fosse indefesa, mas aquilo era briga de Romerro, Bia merecia ser livre do título da Família Romullo's. Acreditava que era melhor para ela. Afinal, se ela está bem isso é o que importa.
( Ao menos ela está viva) Pensou ele admirando a beleza da prima e sua expressão pensativa.

        Chegando ao centro da cidade, os dois vamp's saíram do carro e caminharam sem pressa, pelas ruas movimentadas. Os sephts estavam sempre com pressa, andando para cá e para lá mexendo em smartphones, tirando selfs ou falando entre eles. Claro que Bia frequentava pouco a cidade, mas não era uma estranha em si. Alguns a encaravam, outros admiravam a beleza da garota e suas vestes nada tradicionais. Mas a jovem não se importava com isso, pois sempre que vai até a cidade de Kernersville para fazer compras ou ir à biblioteca, isso acontecia com frequência.

        Sephts não sabiam da existência de Vamps. Para eles era algo fictício. Um rapaz a encarava com desprezo, ela soube imediatamente quem era. O funcionário que fazia manutenção de ar-condicionado. Viu-o apenas uma vez na biblioteca, e o humano agiu do mesmo modo rude. Ao menos isso não acontecia com todos os Sephts, nem com aqueles que não trabalhavam nas lojas que a garota escolhera como as melhores.
Sentiu falta de seu amigo Frango, mas achava que era melhor tê-lo deixado em casa. Afinal, gatos não costumam entrar em estabelecimentos humanos. Lucien estava distribuindo charme por onde andavam, as garotas suspiravam quando ele piscava ou dava um olá, mesmo sem conhecê-las, Supostamente.

-Bem priminha, bem vinda ao que chamo de "Paraíso do café ". - Lucien abriu os braços se sentindo realizado por mostrar um pedaço do que gostava para a prima, algo que para ele era literalmente um pedaço do céu que mostrava a Bia.

        O lugar era pequeno, simples, com móveis de madeira bruta e rústica. Não era um Starbucks (café mundialmente conhecido entre os Sephts por ser o melhor café preparado de todas as formas possíveis) mas parecia ser agradável com um cheirinho maravilhoso de café fresquinho, recém passado.
       Eles estavam em Kernersville (uma cidade localizada no estado norte-americano da Carolina do Norte , no condado de Forsyth e Condado de Guilford) nos Estados Unidos da América. A cidade tinha pouco mais de 25.000 Sephts, mas quanto as criaturas místicas, Bia só contava com ela e o primo. A cidade era bonita, mas não era excepcional. Todos os humanos seguiam o lema de um por todos e todos por um. Cuidavam dos seus, propriamente falando.
Bia ficou maravilhada, pois quando prestou atenção nos detalhes, viu prateleiras com livros na ala leste, com bancos e puffs. Era um lugar para ler e tomar café. O que podia tornar melhor?

-Olá senhorita, o que vai ser para você? -Perguntou a atendente gentilmente.

         Bia podia sentir o cheiro dos Sephts. Suas pulsações, seu batimento cardíaco era variado. Alguns mais acelerados e outros lentos. Mas os aromas de perfume da pele, de colônias baratas e caras se misturavam ainda mais com o cheiro de pão fresco e café. Bia conteve-se. Ela sabia como se controlar, mas fazia algum tempo que não bebia sangue humano. E ali estava a oportunidade perfeita. Alguém lhe dissipou os pensamentos de sangue.

-Pode ser? -Lucien Passou o braço pelo ombro da prima e puxou forte uma mexa de seu cabelo longo e roxo. Doeu.
(Ai) Pensou ela.
- Sim, pode ser primo. - Falou distraída.

        A atendente nem notou o que aconteceu. Mas a sua colega ao lado mordiscava o lábio ao ouvir que Bia havia chamado Lucien de Primo. E esse não evitou uma piscadela para a atendente que lhe ignorava.

(Garotas fáceis me deprimem.) Pensou ele.

-Podem ficar onde quiserem. Fiquem com a ficha. Quando anotar a senha, vá até aquele balcão retirar. Obrigada, tenha um bom dia. - Sorriu sem exagerar a atendente lhes informando o procedimento.
-Eu já sabia como funciona senhorita. - Respondeu Lucien debochando sem querer do serviço automático da garota a frente.
-Ótimo. Bom para você. Próximo! - Chamou ela dando um corte no Vamp Atraente.
-Hum, que grosseira não acha? -Pergunta retórica em voz alta.

-Sim, eu concordo. Devia ter esperado que eu atendia você. - Respondeu a atendente que havia trocado olhares até poucos minutos atrás com ele.
-Acho que podíamos ver isso. O que diz? - Perguntou a funcionária de uniforme que dizia no bordado: " Bookafé ".

-Claro, por aqui. - Ela andou disfarçadamente até a porta dos fundos que dava ao banheiro.
-Eu já volto ok? -Avisou a prima.
-Tanto faz. -Respondeu Bia grosseira pelo primo ter flertando com uma garota com ela ao seu lado. No entanto, revirou os olhos e seguiu para a ala leste do café.

(Livros... ao menos vocês são como música para mim: sempre guardam a minha solidão e me divertem.) Pensava Bia.
Mas seus pensamentos foram abafados pelo som de um instrumento musical que se propagou pelo salão.

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