Duelo entre Irmãs

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       Finalizavam-se os preparativos para a festa de aniversário de Luísa (ou Lu). A jovem, conhecida por sua alegria e espontaneidade, queria comemorar o seu "um quarto de século" em grande estilo. A família não era grande, mas os numerosos amigos dariam conta de preencher o espaço reservado naquele clube, que apesar de simples quanto às instalações não deixava a desejar no tocante à quantidade de atividades: churrasqueira, campo de futebol, piscina, restaurante e quadra de tênis.

       Daniela, irmã da aniversariante, dois anos mais nova, havia se incumbido de organizar a lista de convidados. Movida por sua personalidade centrada e organizada, Dani (para os mais íntimos), tinha singular facilidade para organizar gastos e prever demandas. Simpática, porém de poucas piadas e mais calada que sua irmã, Daniela não era tão popular quanto Luísa, embora fosse primeiro o nome a ser pensado quando o assunto necessitava de uma resolução mais rápida, séria e objetiva.

       Os dias se aproximavam e Lu se convertia aos poucos em um poço de animação. Várias vezes arrastou a irmã e a mãe (Andréa) para lojas de roupas, a fim de escolher a melhor vestimenta para o dia tão especial, quase coagindo as acompanhantes para que compartilhassem da sua excitação e indecisão perante às inúmeras peças. Numa espécie retorno aos tempos da adolescência, imaginava incessantemente como seria o dia, a música, a comida, a roupa que estaria utilizando. Luísa dava extrema importância à comemorações de aniversário. Foi o jeito que ela encontrou para agradecer pela sua vida.

       Havia um ano que Luísa morava com o namorado. Por isso, nas saídas para resolver os assuntos da comemoração, era necessário marcar um ponto de encontro com sua mãe e irmã, mas Lu sempre se atrasava. Andréa conseguia se distrair pelo local, mas Daniela, por sua vez, de vinte em vinte segundos olhava o celular.

       Toda essa rotina de saídas e compras cansava Daniela. Ela queria ver a irmã feliz, mas começava a não conseguir mais disfarçar a impaciência com o passar das horas "batendo pernas" de loja em loja. Não é que Dani detestasse compras, mas por sua própria personalidade, costumava ser mais objetiva que Luísa, mesmo quando estava indecisa. Por essa razão, três horas andando em um centro comercial era um teste de resistência psicológica para aquela introvertida moça.

Numa sexta feira se deu a última saída antes do dia tão esperado:

— Oiiiii! Cheguei! — disse Luísa — Desculpem o atraso! Prometo que vai ser a última vez que "alugo" vocês! Falta só a decoração das mesas. Vamos?"

Dani não conseguia disfarçar a irritação pelo atraso.

— A gente já te conhece, Lu... (risos). Mas POR FAVOR, vamos rodar menos dessa vez, ok?

Andréa, mãe de ambas, como que pressentindo que algo desagradável estava prestes a acontecer, deu novo direcionamento a conversa:

— Meninas! Fiquei sabendo de um lugar ótimo que abriu aqui perto! Cafeteria do Tom, conhecem? Vocês sabem que eu adoro capuccino, vamos passar lá depois que terminarmos?

       Luísa e Daniela concordaram com o pedido da mãe, sem desconfiarem qual a real intenção da proposta lançada naquele instante do diálogo. Andréa permaneceu atenta às sutis reações das filhas. Luísa seguia cheia de empolgação em sua visita às lojas:

"Gosto muito de flores amarelas, mas essas brancas aqui são lindas! E as roxas? Maravilhosas!"

       Daniela pensou: "Já que gostou de todas, porque não leva as três de uma vez?". Porém, para não chatear a irmã, externamente não esboçou reação. Luísa reparou o silêncio de Daniela e se ressentiu com isso, mas, como a primeira, não reagiu..

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