Capítulo 2

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No reino de Modrieva os empregados estavam espalhados por toda parte. Tudo estava perfeitamente arranjado para a coroação de Henri. Em seu quarto, ele olhava pela janela a extensão daquele lugar. O vale seguia verde até perder de vista. Ele suspira sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros. Sentia que dali em diante sua vida não seria mais a mesma e sua fama de bom vivã estava com os dias contados. Voltando o olhar para seu aposento sentiu-se sufocado e decidiu caminhar um pouco.

Nos seus aposentos Virginie começava a colocar as roupas que a vestiriam na festa. Escolheu um vestido completamente preto e jóias escuras. Seus longos cabelos negros foram presos num belo adereço feminino digno apenas da realeza. As criadas apertam o espartilho cingindo os rins da moça até superficialmente prender o ar dos pulmões. Isto era um costume normal entre as mulheres nobres. Quanto mais apertado o espartilho mais acinturada e atraente era a donzela.

- Já chega. Estou me sentindo tonta! - Virginie reclama com a criada.

- Me perdoe majestade, mas achei que quisesse...

- Não quero ficar atraente, Carlota! Se pudesse estaria morta com meus pais a esta hora.

- Não diga isso majestade... - murmurou a criada - A senhora é tão bela e cheia de vida. Logo encontrará alguém que trará felicidade ao seu coração.

Virginie revira os olhos e com peso solta o ar dos pulmões.

- Quero ficar sozinha Carlota. Por favor. - ordenou.

- Sim majestade. - Carlota responde e sai dali com as outras empregadas.

A jovem princesa põe a mão no estômago sentindo o choro brotar. Novamente se encontra melancólica. Virginie entrou em estado depressivo desde a morte dos pais. Sua mãe era tudo pra ela. Seu porto seguro. O pai, mesmo sendo tão severo, lhe fazia falta. Perdê-los tão precocemente fez com ela desistisse de ser feliz. Olhando seu reflexo no espelho viu apenas um vulto sombrio da garota que um dia sorriu.

Com a baixa auto-estima e a fama do seu reino, as pessoas a apelidaram de princesa negra. Voltando-se para si Virginie se deu conta que o irmão a olhava a certa distância, quando se virou na direção da porta do quarto.

- Silencioso como uma raposa, meu irmaão... - Ela disse limpando as lágrimas do rosto.

- Preto novamente, Virginie? - ele balança a cabeça negativamente - Esqueceu que hoje serei nomeado rei?

- Não esqueci meu irmão, e estou feliz por você, mas não estou com animo de festa... - Murmurou.

Ele se aproxima ficando atrás dela. Os dois estão diante do espelho.

- Troque o vestido, nossos súditos não podem vê-la tão depressiva. - disse sério.

- Henri... Eu não preciso me trocar. Usarei o que está vendo. - ela rebate no mesmo tom.

- Virginie, não estou negociando com você... - Disse firme - Troque o vestido e quando descer quero ver um sorriso nesse rosto, entendeu?

Ela fecha a cara e respira fundo sem dizer uma palavra. Seu maxilar trava por ter que receber ordens tão inúteis.

- Ótimo! Estarei esperando por você no salão. Preciso fiscalizar os serviçais. Até breve, minha irmã. - ele repousa um beijo leve no rosto dela e sai do quarto.

Virginie chama alto por Carlota apenas para terminar de se arrumar. Nessa noite ela não ia obedecer ao irmão. Mesmo que depois tivesse que enfrenta-lo.

A Rainha Elizabeth Blanchard Bellemare terminava de se arrumar, olhando ao longe toda Modrieva. Havia viajado junto a seu marido e filhos para a coroação de Alexander Henri como novo Rei daquele país tão rico. Antes de dispensar sua serviçal, pediu para que chamasse Genevieve. Precisava convencer a filha a ir à festa antes que o assunto caísse nos ouvidos de seu marido. Minutos depois, Genevieve apareceu no quarto, fechando a porta atrás de si.

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