Observei a garota cujo havia esbarrado em minha ontem á tarde e derrubado seu celular caminhar apressadamente em direção a lojinha de conveniências que ficava em frente a minha universidade, e ergui uma sobrancelha.
A forma fria como ela havia me tratado na hora peguei seu celular e a entreguei... aquilo realmente havia me deixado confuso.
Então ela morava aqui perto?
– Vou indo na frente, está bem? – Taehyung avisou-me, logo após terminar de comer seu segundo miojo.
– De boas. Vejo você daqui há alguns minutos, vou só terminar isso daqui, caminhar um pouco e voltar para o dormitório. – Eu apontei para o miojo que estava ao meu lado do banco, e ele encarou-me de forma estranha.
– Se você continuar esperando ela responder ao invés de continuar a comer, provavelmente irá passar á noite inteira aqui.
– Como sabe que ela parou de responder?
– Não está óbvio? – Ele encarou meu celular. – Você não está digitando nada. Apenas encara fixamente a tela do celular, como um tolo.
– Você não estava indo para casa? – Eu o perguntei, percebendo um sorriso aparecer em seus lábios.
– Cara, você disse que não iria deixar se envolver.
– E não estou. – Tentei soar verdadeiro.
A verdade era que: como eu não poderia me deixar envolver, quando ela havia acabado de dizer que iria me escutar? Quando ela havia me salvado de surtar, ou de não conseguir deixar Taehyung longe de problemas do passado.
Longe das mágoas.
– Então por que continua esperando ela responder?
– Porque não tenho nada melhor para fazer.
– Você tem um miojo pra comer, e você também tem um dormitório para voltar antes de horário de recolher. – Ele bateu levemente em meu ombro. – Não se atrase, tá bom? Você se lembra da última vez que chegamos atrasados e Yoongi...
– Por Deus, nem me lembre disso. – Eu passei a mão por meu cabelo, tentando esquecer a cena horrível de Yoongi nos molhando com um balde de água logo no inverno.
– Ao menos não estamos mais no inverno. – Taehyung murmurou logo após soltar uma risada rápida. – Fui.
– Até. – Murmurei, voltando a encarar o celular.
Momentos antes de eu começar a me sentir triste e querer comentar sobre o acontecido para alguém, eu havia visto seu número e pensado: por que não?
Era obvio que era iria me ignorar. Era obvio que ela apenas iria me fazer sentir-me mais deprimente e fracassado mas no momento em que ela digitou aquelas palavras... um carinho repentino passou por mim, fazendo-me sorrir.
Talvez essa não fosse uma pessoa tão ruim assim, afinal.
Talvez, mesmo me odiando, ela tivesse a capacidade de ser legal com alguém que estava sofrendo, mesmo que essa pessoa fosse eu.
Peguei o celular novamente.