– Ah eu realmente odeio Isso. – Disse, apoiando minha cabeça no ombro de Hana, que apenas ignorou esse meu ato.
– Isso o quê? – Ela perguntou, oferecendo-me o salgadinho cujo estava comendo enquanto assistia o drama que passava em nosso quarto no dormitório.
– Isso. – Apontei ao redor. – Horário de recolher, estudos super cedo, pressão psicológica e física.
– Você sabia que as coisas seriam assim quando resolver cursar música, Liv. Apenas aceite as consequências disso.
– Não, eu sabia que iria cursar música, apenas. – Murmurei. – Mas eles me fazem ter aula de dança, teatro e várias outras coisas extras.
– Outra consequência de ser bolsista: você precisa aceitar as condições.
Respirei fundo e joguei-me na cama.
Eu sempre fui apaixonada por música. Sempre fui apaixonada pela forma como simples melodias, conseguiam nos acalmar ou nos irritar; nos deixar tristes ou animados. Música, para mim, sempre foi uma das melhores coisas que os humanos já inventaram, se não a única. Sempre foi o meu refúgio, para quando eu estava prestes a desabar e não possuía alguém para fazer isso.
– Mas é chato. Digo, ser obrigada a fazer outras coisas, mesmo tendo a certeza que isso não é o que você quer fazer.
– É a mesma coisa no colégio. – Hana murmurou. Seus olhos estavam prestando atenção no drama, no entanto, eu sabia perfeitamente que ele estava a me escutar. – E ainda assim, você conseguiu passar dessa faze, não conseguiu?
– Sim mas...
– Então apenas aguente um pouco mais! – Ela interrompeu-me. – Se não você realmente será expulsa deste dormitório e, embora eu saiba que é exatamente isso o que você quer, você também sabe que não tem pra onde ir não é mesmo?
É, pensei. Eu realmente não havia para onde ir, pois todas as pessoas cujo um dia eu pensei ser minha família, abandonara-me quando eu mais precisei.
– Tudo bem. – Eu levantei-me da cama de repente, logo após meu celular começar a vibrar.
Jeon Jungkook, pensei.
– Aonde você vai? – Ela perguntou, após perceber que eu estava caminhando em direção a porta.
– Comprar algo para comer. – Respondi.
– Sabe que os portões fecham meia noite, não sabe? – Ela ergueu uma sobrancelha.
– Sei.
– Sabe também que já são quase onze horas?
– É claro que sei. – Revirei meus olhos. Meu celular começou a vibrar novamente, e eu o coloquei no bolso. – Volto logo, ok? Não se preocupe.
– Foi isso o que você disse semana passada também. – Hana disse.
– Oh meu Deus, aquilo foi sem querer! – Disse, sem acreditar que ela estava voltando a falar sobre isso novamente.
Semana passada, quando resolvi sair para comprar comida, eu havia encontrado um antigo amigo meu, e nós havíamos conversado tanto, que acabei perdendo o horário. Por isso não ser a primeira vez, ela apenas pensou que foi algo proposital. Contudo, não foi.
Hana suspirou.
– Traga um refrigerante para mim, ok?
– Pode deixar.