– Você realmente está bem com isso? – Yoongi perguntou-me pela terceira vez.
– Não há nada que eu possa fazer para mudar, então é melhor apenas aceitar isso logo. – Respondi, olhando ao redor. – Você quer sentar ali?
Apontei para última mesa do café, fazendo Yoongi encarar o local e concordar logo em seguida.
– Mesmo que você não possa fazer nada, está simplesmente calma demais para alguém que está quase sendo expulsa de seu dormitório. – Ele disse, enquanto nós caminhávamos. – Suas notas são tão boas, e você tem talento. Talento com sua voz, com sua dança, com os instrumentos. Como diabos não podem deixar você continuar lá por mais tempo?
– Notas boas, talentos, mas nada de dinheiro. – Dei de ombros. – Dinheiro é o que me possibilita tudo.
– Dinheiro não possibilita seu talento. – Yoongi repreendeu-me. Ele sentou-se de frente para mim, e suspirou. – Se você quiser...
– Não, eu não quero.
– Eu sequer terminei de falar. – Ele ergueu uma sobrancelha, analisando-me.
– Você iria falar que se eu quisesse, iria me emprestar o dinheiro das taxas. – Comentei, o encarando.
–Liv... – Ele murmurou, sem saber o que dizer.
Yoongi não era do tipo que demonstrava seus sentimentos facilmente mas, nesse exato momento, eu sabia perfeitamente que estava preocupado comigo.
– Sei que quer ajudar, Yoongi. E agradeço. Realmente agradeço. No entanto, não posso aceitar seu dinheiro.
– Então você prefere ser expulsa de seu quarto ao invés de aceitar dinheiro de um amigo?
– Exatamente.
– E aonde diabos você vai morar, caso expulsem realmente você de lá?
– Eu sei me virar, fique tranquilo.
– Não, ai é que está: você não sabe.
Cruzei meus braços e o encarei. A atendente havia acabado de nos entregar o cardápio, mas eu sequer sentia disposição para pedir algo.
– Não me venha com essa de irmão mais velho, Yoongi. Hoje não.
– Eu só quero o melhor para você, Olívia.
– Eu sei disso.
– Sabe? Então por que diabos é tão teimosa?
– Não é teimosia, é a realidade.
– A realidade não é tão dura assim. – Ele comentou.
De alguma forma, isso soou engraçado para mim. Talvez porque ele estivesse dizendo isso para me animar, ou talvez por eu saber que não estava adiantando.
A realidade era dura sim. Principalmente a minha realidade.
Estava prestes a falar alguma coisa, quando escutei meu celular vibrar várias vezes seguidas.
Jeon Jungkook.
O nome do meu antigo colega de classe veio em minha mente, fazendo ficar ainda mais frustada.
Céus, aonde eu estava com a cabeça quando resolvi mandar mensagens para ele?
Quando resolvi responde-lo?
– Eu preciso ir. – Levantei-me da cadeira, caminhando em direção a saída.
Eu estava tão apressada, que sequer notei o momento em que esbarrei-me com alguém derrubei meu celular acidentalmente.
– Sinto muito. – Uma voz fraca murmurou, pegando meu celular do chão e devolvendo-me.
Passei alguns segundos encarando-o.
Não disse nada.
Não conseguia.
Jeon Jungkook estava em minha frente e, ao seu lado, um amigo encarava-me atenciosamente.
– Está tudo bem?– Jungkook perguntou.
– Está. Obrigada. – Peguei meu celular de sua mão e passei por ele.