22. Ólivia

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– Oh, sinto muito! – Abaixei-me logo após perceber que havia me esbarrado com alguém e derrubado suas partituras no chão. 

Eu estava tão atrasada para aula, que havia resolvido apenas correr pelo corredor da universidade. Bom, eu já deveria saber que isso nunca é  uma boa ideia. 

– Está tudo bem, não se preocupe. – Uma voz bastante conhecida por mim disse, surpreendeno-me. Eu o encarei, vendo seu lábios curvar-se para um sorriso simpático, logo após ele se lembrar de mim. – Oh, você não é a garota de ontem? 

– Sim, sou eu. – Disse, voltando a encarar o chão novamente. – Sinto muito por isso. 

– Já disse, não se preocupe. –Ele murmurou, enquanto nós ainda estávamos a recuperar todas as partituras, que espalharam-se pelo local. – De certa forma, foi culpa minha. Eu deveria ter os prendido com alguns grampos. 

Jungkook terminou de pegar as últimas folhas caídas nos chãos, e levantou-se logo após eu. 

Por que diabos estávamos começando a nos encontrar de forma totalmente inesperada ultimamente? 

– Sério, me desculpa mesmo. – Disse, soando educada. Não era a primeira vez que nós nos esbarrávamos e ele realmente deveria estar achando que isso deveria ser proposital. 

– Sem problemas. – Ele sorriu. – A propósito, não sabia que você cursava música também. Sei que cursa esta universidade, mas há tantas opções de carreiras aqui... nunca imaginei. 

Ele encarou o violino cujo estava em uma de minhas mãos, e voltou a encarar-me alguns segundos depois. Parecia... feliz? 

– Ah, sim. Eu curso. – Disse, entregando-o as folhas que estavam em minha mão, e desejando poder ir embora logo após isso. 

Não puxe assunto. Não puxe assunto. Não puxe assunto. 

Repeti essa frase em minha mente, no entanto, foi inútil. 

– Você conseguiu voltar para o seu dormitório ontem ser pega? – Jungkook perguntou. 

– O quê?

– Se você cursa música, é bem provável que durma em um desses dormitórios. Se não, por que diabos teria vindo comigo naquele momento? E por que estava tão desesperada por ter dado meia noite? – Ele ergueu uma sobrancelha. 

– Talvez por meia noite ser um horário que pessoas normais devessem estar em casa? 

Jungkook riu. 

– Bem, então nós somos "anormais?"

– Talvez. – Não consegui evitar o sorriso que saiu de meus lábios. – Na verdade, foi um pouco complicado conseguir sair do dormitório masculino ontem á noite. 

– Deixe-me adivinhar: Taeyang estava vigiando os corredores? – Acenei levemente com a cabeça. – Aquele cara é realmente um mestre no quesito flagar pessoas tentando entrar ou sair do dormitório após o toque de recolher. 

Jungkook pareceu um pouco pensativo, mas logo sua atenção foi depositada a mim novamente. 

Vá embora logo, disse a mim mesma, enquanto o encarava. Não se aproxime dele. 

– E então, como você fez para passar? – Ele perguntou. 

– Passei alguns minutos esperando ele ir para outros corredores, mas nada. – Disse, lembrando-me de ontem á noite. – Para ser sincera, eu já estava desistindo de tentar ir para o meu corredor quando um dos garotos tentou sair e foi pego por ele. 

Lembrei-me do garoto alto cujo tentou passar disfarçadamente pela catraca de ferro que abria com nossas digitais ou cartões. Ele havia me visto, eu tinha certeza disso. Ele havia passado por mim  e continuado a andar em direção a catraca então por que não me entregou?

Lembrei-me da forma como ele me encarou logo após ser pego por Taeyang, e a forma como ele sorriu. Quem era aquele maluco corajoso?

– Está dizendo que se não fosse por ele, você provavelmente iria passar á noite lá?

– É provável. 

– Por Deus... sinto muito, então. – Ele pediu desculpas. De inicio, não entendi o motivo daquelas palavras, no entanto, quando ele voltou a falar... – Eu deveria ter te ajudado. Realmente, eu sinto muito. 

– Não se preocupe. – Senti-me nervosa de repente. Por que ele estava pedindo desculpas por algo que sequer fez? – Você não teve nada haver com meu descuido, então está tudo bem. De verdade. 

– Ainda assim, me sinto culpado. – Ele sorriu meio sem  jeito.

O que diabos era esse sorriso meigo?

– Não se sinta. – Disse, observando as pessoas passarem por nós. No mesmo instante, lembrei-me sobre aula, e o quão atrasava eu estava. – Eu preciso ir. Não posso mais chegar atrasada.

– Se vale de consolo, a aula de violino foi adiada. Então tecnicamente você não está atrasada. – Ele informou. 

– Por que? O professor Jiwon não costuma se atrasar ou adiar aulas. 

– Pelo que escutei, houve um acidente de carro e ele ficou preso no trânsito. 

– Entendo. Que horas você acha que ele chega?

– Daqui há meia hora, mais ou menos. O diretor vem nos avisar quando ele chegar. 

– Outra coisa bastante surpreendente: o diretor nos avisando algo. – Disse, irônica. Nosso diretor raramente importava-se com aulas. Era exatamente por isso que ele possuía um vice-diretor. Para lidar com todos esses problemas. – A propósito, você também tem aula de violino? 

– Vou começar hoje. Como soube? 

– As partituras. – Eu apontei para elas. – Combinam perfeitamente com violino, então apenas chutei. 

– Foi um bom chute. 

– Eu sei. – Sorri. 

Estranhei um pouco a forma como ele parecia incrivelmente alegre e interessado em nossa conversa, porém apenas ignorei. 

– Já que temos alguns minutos livres, quer ir até a lanchonete comigo?

Não. 

Diga que não quer.  

Meu interior pedia-me desesperadamente para negar.

Por breves segundos, pensei realmente em apenas recusar. Entretanto, havia uma certa esperança em seus olhos. Esperança que de alguma forma, eu não conseguia me imaginar quebrando. 

– Claro. Não consegui comer nada por pensar estar atrasada, então... meio que estou com um pouco de fome.

Jungkook riu. 

– Acho que somos mais parecidos do que pensei. – Ele disse.

Hey, you! • Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora