A Resistência

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Seus olhos estavam vendados. O sabre de luz rubro chiava possante em uma das mãos, vibrando como uma extensão do próprio corpo. Seu coração pulsava veloz dentro do peito, jogando cargas de adrenalina para mantê-lo em posição de ataque. Pernas espaçadas, respiração controlada. A raiva era seu combustível, aguçando seus sentidos e o envolvendo em uma áurea poderosa da Força. Ele estava concentrado, os músculos tensos e o sangue fervilhando em ódio.

Em um movimento gracioso, girou nos calcanhares. Seus instintos o induziram a levantar o sabre ao mesmo tempo, na altura dos olhos, e assim pôde sentir o tiro de blaster sendo rebatido pela luz letal de sua arma. Depois veio outro, e mais outro – de todas as direções possíveis. Kylo rodopiava e agitava a espada rubra para todos os lados, bloqueando os lasers mortais. Seus braços eram precisos e as pernas muito ágeis conforme ele dançava no saguão imenso. Snoke estava sentado em seu trono de pedra, observando atentamente ao pupilo.

Após alguns minutos, os tiros cessaram. O aprendiz rebateu a todos com maestria, sua respiração levemente alterada com o esforço. Era sua deixa para atacar. Com um impulso dos pés, saltou sobre os droids guerrilheiros e os atravessou com seu sabre, certeiro. Aniquilou dezenas deles em uma questão de segundos, em uma impetuosidade marcante. Seus movimentos fluíam ferozes, transformando os robôs de artilharia pesada em cinzas aos seus pés. Assim que terminou com o último droid, desligou sua arma e recompôs a postura, arfante.

- Muito bem. – a voz fria de Snoke ecoou entre as paredes após alguns instantes. – Tire a venda.

Kylo obedeceu. Retirou o pano dos olhos, guardando-o entre as vestes negras. Pequenas gotículas de suor brotavam de sua testa, logo enxugadas pelas costas de sua mão enluvada. Sua respiração normalizava aos poucos, acompanhando as batidas rápidas do coração. Estava treinando á horas, e o corpo protestava pela exaustão.

O supremo líder se levantou, aproximando-se vagarosamente de seu aprendiz. O lado negro da Força vinha em rajadas cálidas até o cavaleiro, pesando em seu âmago. Parou á sua frente, perscrutando-o com muita atenção.

- Sinto que algo o está incomodando. Diga logo do que se trata.

- É sobre a conexão com Rey. – Kylo foi direto ao ponto, sem titubear. – Luke não deixará que ela venha até mim por vontade própria, e esperar pela próxima conexão acidental é perda de tempo.

- Rey... – ele repetiu a palavra devagar, estreitando os olhos astutos para o aprendiz. Era a primeira vez que o ouvia chama-la pelo nome. - E o que você sugere?

- Deixe-me ir atrás dela. – sua voz soou neutra, mas em seus olhos havia um brilho voraz. – Será mais fácil convencê-la se estiver sob nosso domínio.

Silêncio. Ren aguardou pacientemente pela resposta de seu tutor, mantendo-se inabalável sob o olhar penetrante de Snoke. Ele o fitava de maneira ardilosa, estudando-o como um manuscrito antigo. Por fim, sorriu de canto, mordaz, lhe dando ás costas para se sentar em seu trono.

- Terá permissão para captura-la assim que Hux retornar de sua missão.

Kylo assentiu, inclinando-se em uma tênue reverência e expirando o ar que não percebeu ter prendido. Ele sabia que não levaria mais de alguns dias para que o general terminasse sua tarefa, por isso logo teria o que desejava. Girou nos calcanhares, pronto para sair, mas interrompeu o movimento ao ouvir seu nome ser chamado novamente.

- Espere. Quero que fique ciente das condições. – as palavras soaram frígidas. – Ela não será seu foco principal. Continuará em suas atividades, auxiliando a Primeira Ordem na conquista de territórios. E, se conseguir raptá-la, ela será minha propriedade. Não sua. Você não terá qualquer poder sobre a garota, e terá de seguir á risca as minhas instruções. Fui claro?

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