Antéria,
3de Dezembro de 1546
Clarissa WalkerComo filha do rei de Antéria eu deveria ter um destino ilustre. Uma vida confortável com todas as regalias que uma Walker merecia por direito.
Eu não era uma bastarda para ser trada como tal. Minha mãe havia conquistado o coração do rei de forma honrosa. Não tinha se tornado uma mera amante como era comum acontecer em nações vizinhas.Eu tinha nascido para ser uma rainha e mesmo sabendo que seria a segunda na linha de sucessão e que só chegaria a herdar o trono após a morte ou a renuncia de meu meio irmão Algusth, eu nunca havia perdido a esperança, pois sabia que se ele fosse tão saldável quanto a mãe, eu não teria que esperar muito tempo.
Foram dias gloriosos. Muitas festas, banquetes e celebrações. Todos feitos por minha mãe para destacar a alegria que ela sentia com meu nascimento.
Infelizmente, ela talvez não tenha percebido a aproximação de sua prima, a condessa Emma Bowe. A mulher que minha mãe considerava como amiga e confidente, a tinha traído da pior maneira. Inventando para o rei que ela conspirava para que a Inglaterra pudesse tomar nosso país e transformá-lo em mais uma província.
Um julgamento a portas fechadas e com provas que nunca chegaram ao meu conhecimento fizeram o rei não confiar mais em minha mãe. Ouvi os servos cochicharem pelos corredores que ela iria morrer. Que pagaria por sua traição. Eu ainda não entendia tão bem o que essas palavras significavam, mas do fundo de meu coração, não queria perdê-la.
Corri até meu pai ainda com meus passos de criança e o encontrei na sala do trono, ele parecia aborrecido e ao mesmo tempo decepcionado.
- Papai não deixes que eu perca minha mãe - supliquei me jogando aos seus pés. - Não deixe que ela morra.
- Ela escolheu seu próprio destino - respondeu fazendo sinal para que um dos servos me retirasse do chão.
- Naaaaaão!! Papaaaaai, naaaaaaão - gritei enquanto era arrancada dele.
- Soltem-na - ordenou a duquesa de Noronha. Uma mulher bonita e com sorriso gentil. Lembrava-me dela sempre aos risos com minha mãe.
O servo me soltou e me agarrei a ela ainda com o corpo trêmulo.
- Não deverias se intrometer em assuntos que não lhe dizem respeito Helen - disse meu pai olhando para ela com uma carranca séria. - Charlotte traiu esse reino, traiu nosso povo, traiu a mim - ele gritou. - Não posso permitir que ela não seja punida, e ela o será, isso eu lhe garanto.
- Eu lhe imploro por minha vida para que permita que Charlotte possa pelo menos ser exilada em minhas terras, sem regalias, sem um titulo! Ela seria rebaixada a uma serva. Um castigo justo se as acusações contra ela forem verdadeiras, e se não forem pelo menos mostrarás que és um rei benevolente e que não pune com o coração, mas sim guiado pela a mais pura justiça.
- Não deverias se arriscar assim Helen! Posso pensar que pactuastes com ela nessa trama hostil! - disse chamando um de seus guardas. - Leve vossa alteza real para sua carruagem, creio que ela não gostará do que virá a seguir - disse ao guarda, mas ainda olhando para ela.
As portas se fecharam e me agarrei a ela enquanto éramos conduzidas pelos corredores do castelo. Senti seus braços em volta de mim, mas nada parecia capaz de me fazer sentir melhor.
Meu pai não tinha aceitado nem mesmo o pedido de clemencia vindo de sua própria filha ou da duquesa de Noronha. Uma mulher poderosa e de uma das famílias mais nobres de Antéria.
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A Herdeira
Historical FictionEnquanto a Inglaterra avançava para conquistar o mundo, deixando Roma para trás, Antéria, um pequeno país localizado estrategicamente entre a Inglaterra e a Escócia, tentava sobreviver a uma grande crise em seu governo. O rei Gregory Walker após a...