A menina com os suspiros profundos e a voz trêmula havia terminado o curso de Direito faziam dois anos, agora estava morando numa cidade pequena na costa do estado.
Ela se recordava dia após dia os reais "porquês" de tê-la chegado a este passo da vida (morando sozinha e com o coração amargo).
As lembranças de passos nervosos, correria, gritos, lágrimas e a voz de sua tia, ainda soavam em sua mente. A frase mais repetida em suas memórias era"volte Aurora!" e ela não olhou sequer para trás quando fugia - ainda tão nova.
Os castanhos dos seus olhos combinavam com o seu chaveiro de ursinho, os cabelos nem achegavam-se aos ombros, curtos e avermelhados combinando sempre com seu batom e esmalte.
Tinha no rosto dezenas de sardas, e as sobrancelhas sempre muito bem feitas.
Gostava de ficar deitada por alguns minutos logo depois que despertava do sono.
Sua mania era tomar o café da manhã na maior correria já vista: uma mordiscada no seu biscoito favorito, uma olhada ligeira no Facebook e passar a tranca na porta da frente.
Era uma sexta-feira chuvosa e suas botas velhas serviram-lhe como um escape para suportar o lamaçal das ruas.
Bem, chegou antes das nove horas naquele dia. Colocou o casaco em apoio aos ombros de sua cadeira, abriu a tela do notebook, revisou alguns relatórios, tomou um gole de café que a copeira havia deixado sob as mesas e enfim sentou-se, chacoalhando umas de suas pernas cruzadas.
O escritório parecia silencioso demais para uma sexta, mas era somente em face da tempestade que caia naquele dia, normalmente ninguém ouve ninguém em dias normais.
Um barulho entoou em sua sala junto com um suave cheiro de Chic For Men, próprio da coleção Carolina Herrera.
— Preciso que você termine esse relatório antes do almoço... — Era Gustavo, o chefe do departamento dos relatórios quem entrara depressa, tinha o prazer de ler tudo que Aurora escrevia, embora ela não acreditasse que fosse algo tão bom para ser lido. Ele colocou uma pilha de papéis sobre a mesa e continuou — ... Antes das dez horas, para ser mais exato.
— Antes das dez, tudo bem. — disse ela, balançando positivamente a cabeça e se ajeitando na cadeira para alcançar as folhas que ele despejou sob sua mesa. — O canil da cidade vai fechar?
— Querem fechar! — pontuou, erguendo o dedo ao alto — Mas não vão. O seu relatório vai impedir isso, e faça o impossível para escrever bem! —finalizou, apontando para ela e saindo apressado da sala.
— "Meu relatório vai impedir isso?" — resmungou a menina, bufando e descansando seu corpo para trás na poltrona.
Suas mãos foram até o rosto buscando por retirar o óculos com um dos dedos, deu-lhe um suspiro pesado e profundo, e então, iniciou algumas de suas pesquisas para saber mais sobre o canil.
A cidade era bem pequena e o canil era novo. Não haviam muitos clientes para levar seus bichinhos para tomar banho, receber uma tosa ou serem castrados, era este o motivo pelo qual pretendiam fechar o canil.
Aurora foi rápida, antes das dez da manhã já havia o terminado. Entregou o relatório ao chefe, pegou seu casaco e foi pessoalmente verificar a situação daquele canil.
A localização demonstrava alguns minutos de onde trabalhava o que não estragaria o período de trabalho, por seria apenas uma visita ligeira.
A frente do canil era pintada de azul com detalhes em amarelo e verde, uma placa pequena que dizia "Canil & Hotel Cão de Mel", alguns contatos bem minúsculos e seis filhotes de cães ilustravam a vitrine de vidro.
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Através do seu amor
FantasyUma mulher vive atormentada por lembranças de um passado cruel, sofrendo com diversos impulsos de sentimentos ao mesmo tempo. Fugiu da casa da tia com 17 anos de idade e tempos seguintes ela teria se reencontrado com o próprio agressor, razão de a t...