Capítulo QUATRO

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— Eu decidi não abortar.

Aurora ouvia aquela confissão da cozinha e sob a prateleira azul disparou um olhar confuso profundamente incluso aos olhos negros da amiga.

— Você iria abortar? — indagou, arqueando as sobrancelhas.

— Bom... eu

— Analice, você de fato iria abortar essa criança?

— Aurora.. — dizia em meio a choramingos enquanto pegava o pote de pipoca na bandeja que Aurora trazia — eu não preguei os olhos desde que descobri que estava grávida. E o Henrique...

—O que tem ele?

— Ele foi tão bom comigo nessa ultima semana, eu achei de verdade, que ele iria embora correndo quando ouvisse que ele fosse ser o pai do meu filho, mas não... ele foi o contrário!

— Você queria que ele incentivasse o aborto?

— Não! Claro que não. Eu só... sei lá.. nunca pensei que alguém fosse querer assumir um compromisso comigo. — respondeu, abaixando a cabeça e observando Aurora pro entre as sobrancelhas.

— Oi?

Analice estendeu a mão próximo ao rosto em meio a um sorriso maravilhosamente vasto fazendo com que Aurora notasse o brilhante do anel que ela trazia no dedo, abraçando a amiga logo em seguida.

— Você vai casar? — ela perguntou ainda em êxtase.

— Vou!

Analice gritava, gemia, pulava, fazia alguns passos engraçados enquanto que Aurora só sabia olhar a felicidade que traz a alguém, saber que uma nova estaria por vir.

— Isso é demais, Ana!!

— Eu quero que você seja minha madrinha...

Ela olhou para a amiga, juntando as mãos em formato de reza próximo ao queixo e implorava para que aceitasse seu pedido.

Aurora respondia positivamente com a cabeça e um sorriso puro e largo.

— Estou tão feliz por você, Ana. Tive um dia de cão hoje, mas essa bomba de notícia me animou muito. Grávida? Esposa? Uau.

— É sim... — respondia Analice com voz alegre e um carinho lento na barriga durinha. — vou torcer pra ser a melhor mãe do mundo e a melhor esposa pro Henrique... mesmo sem saber como...

— Comece parando de beber porque não é só teu corpo que sofrerá com o álcool não... mas o bebê também!

—Claro. Tem toda razão. E eu quero que participe de tudo amiga! Desde meu vestido até as roupas do bebê e o nome...

— Será um enorme prazer, Ana! —Aurora sorriu.

A pipoca estralava no microondas e o cheiro do bolo de chocolate consumia a cozinha, Analice iniciava outro assunto.

— E então, como anda o tal projeto no canil? — dizia ela,indo até a cozinha e tomando um copo cheio de suco consigo.

— Finalizei hoje o relatório... —respondia em suspiros fundos.

— Devia estar feliz por isso, não?

— Na verdade não. Já notou que só temos um único canil nessa cidade? E querem fecha-lo só por bel prazer...

— Ouvi comentários por aí que iam fechar lá porque era muito pequeno para atender um público tão grande, sem contar na baixa estrutura e etc..

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